Dia 26 de agosto, Dia Internacional da Igualdade Feminina, foi a data escolhida pela LBF (Liga de Basquete Feminino) e uma seleção de peso de atletas da modalidade para lançarem a campanha #LevanteABolaDelas. Unidas por uma causa, elas pedem mais apoio e visibilidade ao basquete feminino, “porque já está mais do que na hora”.
O movimento em prol da modalidade cresceu nos últimos meses desde que a pivô e multicampeã Erika se posicionou publicamente pedindo por mais igualdade no esporte. Agora, ela ganhou a companhia de nomes históricos como Hortência, Magic Paula e Janeth, além de Tainá Paixão, Raphaella Monteiro e tantas outras.
Confira o vídeo da campanha:
26 de agosto. Dia Internacional da Igualdade Feminina. Uma data icônica para iniciarmos um movimento pela igualdade no esporte, em especial no basquete.
— Liga de Basquete Feminino (@LBF_Oficial) August 26, 2020
Por mais apoio, patrocínio e representatividade.#LevanteABolaDelas, porque já está mais do que na hora. pic.twitter.com/Aq0s4WbkUR
“Por que meus títulos não têm o mesmo valor? Só porque sou mulher?” Um questionamento simples e direto, que talvez – e infelizmente – tenha a resposta que a gente não queria ouvir: sim. Afinal, qual explicação para que uma modalidade campeã mundial e finalista olímpica nos anos 90 ter que, hoje, precisar lançar uma campanha pedindo mais apoio? Ou por que Erika, campeã da WNBA e oito vezes campeã do Campeonato Espanhol de basquete, entre tantas outras, nunca teve patrocínio?
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#LevanteABolaDelas
A necessidade da campanha #LevanteABolaDelas, mesmo que sem explicação, vem de uma realidade que vai desde a seleção aos clubes. Desde 1991, a seleção brasileira de basquete feminino não levantava uma taça. O jejum foi encerrado, enfim, nos Jogos Pan-Americanos de Lima-2019, competição que o masculino sequer se classificou.
Mas foi uma exceção à regra. No Pré-Olímpico Mundial, a equipe terminou sem nenhuma vitória e sem a vaga para a Olimpíada pela primeira vez desde 1992, mostrando que ainda há muito trabalho a ser feito.
Da mesma forma, a LBF vive em um mundo completamente diferente do mundo do NBB. A começar pela base. Enquanto o torneio masculino tem a LDB (Liga de Desenvolvimento do Basquete), que já revelou nomes como Bruno Caboclo e Cristiano Felício, o feminino nem tem uma competição de base. O cenário se estende para o adulto também, que tem uma diferença escancarada de investimento e visibilidade. Mais uma vez: por quê?
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Movimento ganha força
A discussão, infelizmente, não é nova. Mas enquanto a realidade persistir, é preciso falar dela para fortalecer a causa, como faz a #LevanteABolaDelas. E é o que aconteceu há pouco mais de um mês, quando se percebeu que a falta de apoio ao basquete feminino não estava “somente” no âmbito das marcas e patrocinadoras.
No início de julho, a LBF contava com pouco mais de 5 mil seguidores no Twitter, número 28 vezes menor que os 138 mil do perfil do NBB. Um grupo de mulheres, então, puxou uma campanha que fez com que o perfil oficial da LBF dobrasse o seu número de seguidores em poucas horas. Hoje, no entanto, já são quase 14 mil. E ainda que uma diferença gritante, já é uma vitória.
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“São movimentos que cada vez mais se fortalecem e as mulheres estão sim buscando serem reconhecidas e valorizadas. A mulher pode sim praticar o esporte e tê-lo como profissão. Já caminhamos muito, mas ainda há um longo caminho a trilhar, e pode ser um start para as outras modalidades estarem juntas neste contexto. É nosso papel e é dessa forma que posso contribuir para que a modalidade se fortaleça cada vez mais”, exaltou Magic Paula.
“É muito bom ver o engajamento de todos em torno do basquete feminino. Isso mostra que estamos unidas defendendo aquilo que é direito nosso, que é a igualdade nos patrocínios, no apoio das marcas esportivas e visibilidade”, acrescentou Érika.
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A valorização e apoio ao basquete e ao esporte feminino em geral passa por uma série de aspectos, entre eles o patrocínio – ou a falta dele – como as atletas tanto falaram no vídeo da campanha. Mas talvez, se formos mais a fundo na questão, o aspecto principal seja cultural e estrutural. O esporte é “apenas” um reflexo daquilo que acontece na sociedade de maneira geral. Sociedade esta que também não proporciona igualdade para as mulheres. Mas não precisa ser um reflexo. Pode – e deve – ser um exemplo. Basta querer.