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Emily Lima vê Brasil entre melhores ligas do mundo no futuro

Ex-técnica da seleção Emily Lima reconhece evolução do futebol feminino e destaca ponto chave para modalidade seguir crescendo

Emily Lima - Futebol Feminino
Emily Lima foi a primeira mulher a comandar a seleção brasileira feminina (Divulgação/CBF)

“O futebol feminino é um caminho sem volta”. A fala é da treinadora Emily Lima, testemunha e personagem direta na evolução e desenvolvimento da modalidade no Brasil e no mundo. Hoje, ela comanda a seleção do Equador, mas sem abandonar as raízes brasileiras. E por isso, reconhece que ainda há muito a se fazer, apesar dos avanços inquestionáveis nos últimos anos. 

“Nos últimos dois anos, o futebol feminino deu um salto muito grande. A Copa do Mundo (de 2019) deu um impulso não só no Brasil, mas no mundo. Acho que é um processo, uma evolução. E o bom é que foi evoluindo, mesmo com todas as dificuldades, lentamente… Claro que a gente poderia estar muito além do que estamos, mas o importante é entender que está acontecendo. E acredito que a cada ano que passe, esse desenvolvimento vai acontecer com mais força e mais frequência por parte de federações e clubes”, pontuou Emily em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia

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Com esse crescimento recente, Emily Lima projeta um futuro promissor para o futebol brasileiro e acredita que o campeonato nacional deverá estar entre as melhores ligas do mundo daqui alguns anos.   

“Já passei por momentos de auge da modalidade, aí acabava, ficava apagado por dois, três anos, depois voltava… Mas hoje, o futebol feminino é o esporte que mais cresce no mundo. A tendência é essa. Então acredito que daqui cinco, seis anos a gente tenha um campeonato muito competitivo, que vai estar entre os cinco melhores do mundo. E a gente precisa estar preparado, porque as coisas vão melhorar com certeza e eu sou muito otimista em relação a isso”.

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Impacto da pandemia

O desenvolvimento do futebol feminino no Brasil e no mundo acabou sendo freado pelo surgimento da pandemia de coronavírus, assim como a maioria das coisas ao redor do globo. Para Emily, no entanto, isso foi apenas uma pausa e não terá necessariamente grande impacto no futuro.

“Acredito sim que a pandemia possa atrasar esse processo, mas não acho que vai atrapalhar futuramente. Claro que para esse ano vai atrapalhar, tanto o feminino, quanto o masculino, mas não vai atrapalhar futuramente devido ao apoio que a FIFA vem dando ao futebol feminino no mundo”.

Nem todos, entretanto, se encaixam nessa previsão de Emily. Ela mesma pondera que a pandemia terá um impacto negativo muito grande em clubes menores.

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“Acredito que os menores clubes vão sofrer e muito. Muito mesmo, principalmente por causa de pessoas despreparadas em cargos no futebol feminino. A gente vê que a CBF passa um dinheiro para os clubes da Série A1 e A2 e os dirigentes não repassam o dinheiro para onde ele de fato foi direcionado. Já é difícil sobreviver, com trabalho mal feito então… Piora ainda mais a situação”.

O que precisa melhorar?

Emily Lima - Futebol Feminino
Emily estreou no comando da seleção em 2016 Fernanda Coimbra/CBF)

Apesar do inegável desenvolvimento do futebol feminino, ainda há espaço e potencial para o crescimento da modalidade. E para Emily Lima, esse processo passa por um ponto chave: a criação de departamentos específicos.

“Tem um ponto chave que falta e que para mim é o mais importante, porque sem isso a gente não tem a devida importância e reconhecimento: departamentos de futebol feminino. Tanto na CBF, quanto nas federações e nos clubes. Como que a CBF se comunica com as federações? Ela fala com o departamento de futebol masculino. Então a partir do momento que a Confederação, as federações e os clubes têm esse departamento de futebol feminino, a comunicação fica muito mais fácil”, explicou. 

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“Além disso, o departamento vai criar estratégias para o futebol feminino, porque o departamento de futebol na seleção, federações e clubes é totalmente voltado para o masculino. Assim a gente começa a mudar a cabeça, a filosofia e a cultura brasileira. Você pode ver que todos os clubes e federações que têm um departamento feminino estão à frente dos outros em termos de estrutura, visibilidade, patrocínio… Então para mim, o ponto chave hoje é criar departamentos femininos com parte financeira, transferência, competições, jurídico, marketing, comunicação, igual tem no masculino. Na minha visão, é preciso fazer isso para que o futebol feminino possa andar com as próprias pernas”. 

Momento de escalada 

Emily Lima - Futebol Feminino
Hoje, Emily é treinadora da seleção feminina do Equador (Instagram/emilylima_oficial)

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Podemos dizer que o futebol feminino passou por um processo de “montanha-russa” no passado, com períodos de ascensão e queda, não conseguindo se estabilizar de fato. Mas se hoje o futebol feminino é o esporte que mais cresce no mundo, a tendência – e o desejo – é que o processo deixe de ter altos e baixos e se torne uma escalada, com esse momento de ascensão não parando por aqui. 

“Falta muita coisa, mas a cada ano a gente diminui essa quantidade. Torço muito para que o futebol feminino não estacione novamente, mas não acredito que isso vá acontecer. Hoje, o futebol feminino é um caminho sem volta”, concluiu Emily Lima.

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