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Tênis de Mesa

A união acima da rivalidade e a importância da sororidade

A sororidade é o único caminho até mesmo no esporte de alto rendimento e Bruna Takahashi me trouxe uma grande lição

Bruna e Giulia Takahashi - tênis de mesa - A união acima da rivalidade
Bruna e Giulia Takahashi a união das irmãs do tênis de mesa (Reprodução / Instagram)

A sociedade nos ensina a rivalizar cedo – seja a comparação por ser a menina mais bonita na escola, enquanto os meninos são os mais inteligentes. O machismo desde cedo coloca as nóias que nos cercam quando crescemos. Todos os dias a comparação com a perfeição enche a tela das redes sociais. Seja em busca do peso ou da imagem ideal de nós mesmas. Felizmente, a nossa consciência que unidas somos mais fortes passou a mexer com o mundo em que vivemos. União acima da rivalidade!

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Como diz Manuela d’Ávila no livro Por que lutamos?: “na vida real, ‘mulheres são como águas, crescem quando se encontram”. E é exatamente essa a reflexão que quero trazer nesse texto. Em março, entrevistei Bruna Takahashi em uma live ao lado da irmã Giulia. Com apenas 19 anos, a mesatenista me deu uma aula sobre sororidade – união e aliança entre mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum.

Bruna e a amizade com a porto-riquenha Adriana Diaz

Saber ganhar e perder desde cedo é uma premissa do esporte. Bruna Takahashi logo começou a disputar campeonatos internacionais. A partir daí, vieram as rivais estrangeiras, como Adriana Diaz, atual número 30 do mundo. A porto-riquenha e a brasileira se enfrentam com frequência, mas o que permanece é a amizade.

“Todo mundo pergunta sobre isso. Desde pequena, a gente se conhece vai fazer 10 anos, que a gente se conhece. E a gente joga desde pequena. E eu acho que a gente sempre levou muito pelo lado profissional. Quando a gente está na mesa, a gente quer ganhar. Não importa a pessoa que está do outro lado, você quer ganhar. Independente, se é sua irmã, sua amiga ou uma rival. Você tem que jogar de igual pra igual, independente da pessoa que você está jogando contra,” contou Bruna.

“Fora da mesa é você ser você mesma. Ser educada, não tem motivo você estar brava, a pessoa não te fez nada, ela está apenas jogando, fazendo o que ela gosta, igual a você. E eu acho que eu e a Adriana conseguimos fazer muito bem essa parte. A gente joga muito uma contra a outra. E fora mesmo a gente se da super bem, a gente está sempre juntas. Ela é minha melhor amiga. Então a gente não tem nenhum problema com isso,” completou Takahashi.

Bruna e Giulia e a missão de tornar o Takahashi histórico no tênis de mesa

Cinco anos de diferença separam as irmãs do tênis de mesa. A modalidade permite que elas joguem e dividam experiências muito próximas. O que você acha que as pessoas mais cobram delas? Rivalidade. Sobre se enfrentarem.

“Eu acho que a gente tem que olhar pelo lado profissional. A gente é irmã, a gente tá jogando uma contra a outra, a gente já jogou em uma seletiva aqui no Brasil. Jogamos como se fosse contra qualquer jogadora. Acho que independente do resultado a gente ficaria feliz. É pra isso que serve irmã, né? Pra sempre apoiar”, comenta Bruna.

Giulia completa: “Concordo. Quando a gente jogou a seletiva, eu tinha perdido, aí quando acabou o jogo ela veio falar comigo, me acalmar. Aí eu entendi, mas todo mundo espera que a gente jogue no futuro.”

Bruna e Giulia Takahashi a união das irmãs do tênis de mesa (Reprodução / Instagram) - acima da rivalidade
Bruna e Giulia Takahashi a união das irmãs do tênis de mesa (Reprodução / Instagram)

“O pessoal tem que torcer mais pra gente estar fazendo equipe uma com a outra, não jogando contra a outra”, desabafa a mais velha Bruna. “Nossa, quando a gente jogou uma contra a outra a torcida toda foi a loucura. Nossa”, complementa Giulia.

Bruna: “Sim, muita gente ficou muito louca. Muita gente ficou em cima da gente, vendo como ser o jogo. Tem que torcer pra gente fazer equipe juntas do que querer colocar uma contra a outra. Apoiando aí pra que no futuro a gente possa estar jogando uma juntas. Gerando rivalidade. Jogar juntas.”

Giulia: “É um dos meus maiores objetivos fazer equipe com a Bruna. Qualquer campeonato ou até dupla jogar com ela.”

“Eu espero que a gente jogue por muito e muito tempo. E, lógico, eu quero jogar o máximo de Olimpíadas possível e ter a Giulia do lado e tentar trazer mais histórias pro tênis de mesa e mais orgulho pra nossa família. Tentar fazer o nome Takahashi virar histórico,” finalizou Bruna. “Eu digo a mesma coisa que ela. Ela falou tudo”, completa Giulia.

No esporte de alto rendimento, frequentemente, as mulheres são cada vez mais rivalizadas. Basta ver qualquer polêmica sobre bastidores de times coletivos ou esportes individuais. No entanto, saber separar o jogo da vida real pode ser sim um trunfo e tanto.

Cabe a nós colocar um pouco a mão na consciência. Faço nova citação a leitura de quarentena para finalizar com a frase de Manuela d’Ávila: (tudo isso) significa que é preciso acolher, reunir, dar as mãos. União!

Jornalista formada pela Cásper Líbero. Apaixonada por esportes e boas histórias.

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