A pandemia do novo coronavírus mudou drasticamente as nossas rotinas. Para evitar a propagação do vírus e ajudar no isolamento social, criamos, em março, o OTD Cultural, com indicações de livros, documentários e filmes esportivos para você aproveitar nessa quarentena.
O quadro virou semanal e agora está em vídeo. Na semana passada, aproveitamos o domingo das eleições municipais para listar atletas olímpicos que entraram para o mundo da política.
Hoje, um dia após o Dia da Consciência Negra, listamos cinco filmes e documentários esportivos que falam do esporte como forma de protesto contra o racismo
Clique no vídeo acima e assista em primeira mão o programa!
Os cinco filmes e documentários que entraram para a política são:
- Longo Caminho Até a Liberdade
- Invictus
- Salute
- With Drawn Arms
LONGO CAMINHO ATÉ A LIBERDADE
O livro indicado de hoje é uma autobiografia de uma pessoa que não foi atleta e nem teve sua fama atrelada ao esporte, mas que, mesmo assim, influenciou muito mundo esportivo. Trata-se de “Longo Caminho Até a Liberdade”, escrito pelo sul-africano Nelson Mandela, uma das figuras mais importantes do Século XX e que completaria 102 anos de idade se estivesse vivo nesse sábado (18).
Em muitos momentos de sua vida, Mandela mostrou afinidade com os esportes. O mais famoso deles ocorreu na Copa do Mundo de Rúgbi de 1995 e que vamos abordar em breve. Em “Longo caminho até a liberdade”, entretanto, Mandela revela sua paixão por outros esportes, em especial pela corrida e pelo boxe. Sobre o último esporte, inclusive, o ex-presidente da África do Sul e ganhador do Prêmio Nobel da Paz descreve:
“Eu não gosto da violência do boxe como a ciência por trás dele. Eu ficava intrigado como uma pessoa pode mover seu corpo para se proteger, atacar e recuar, o ritmo do lutador quando está em uma luta… O boxe é igualitário. No ringue, idade, cor e fortuna são irrelevantes… Eu nunca lutei depois que entrei para a política. Meu maior interesse era o treinamento. Eu acho o treinamento rigoroso uma excelente forma de aliviar o stress. Depois de um treino extenuante, eu me sentia mentalmente e fisicamente mais leve.”
A autobiografia, como era de se esperar, faz alusão ao famoso episódio da Copa do Mundo de Rúgbi de 1995, que Mandela usou como estratégia para unificar um país dominado pelo caos, racismo e violência e que é retratado no filme “Invictus”.
Evidente que nesse livro escrito em 1994, o foco não é o esporte, e sim a fascinante trajetória de um homem que ficou quase três décadas preso por lutar por direitos iguais entre negros e brancos. Mandela relata a evolução de sua consciência política e o quarto de século repleto de acontecimentos que viveu atrás das grades.
INVICTUS
Uma das mais bonitas histórias de luta contra o racismo de todos os tempos. Invictus retrata a conquista da Copa do Mundo de Rúgbi de 1995 pela África do Sul, organizada no país, em cacos após anos de regime de segregação racial.
+ SIGA O OTD NO FACEBOOK, INSTAGRAM, TWITTER E YOUTUBE
1995 marcou o primeiro ano do mandato presidencial de Nelson Mandela, preso por 27 anos por lutar contra o regime de segregação racial do país. Tendo de enfrentar problemas como crime, pobreza e a divisão entre negros e brancos, Mandela tem uma ideia para tentar unir a África do Sul: um título da seleção no Mundial daquele ano. Seu principal aliado nessa missão é o capitão da equipe Francois Pienaar e o fullback Chester Williams, único do negro do elenco.
À medida em que o campeonato avança, o rúgbi, esporte mais popular entre os brancos, começa a ser apreciado também pelos negros e o país passa a torcer junto.
Dirigido por Clint Eastwood, um dos maiores diretores da história de Hollywood, e interpretado pelos consagrados atores Morgan Freeman (Nelson Mandela) e Matt Damon (Francois Pienaar), Invictius é um filme rico em detalhes, além de ser um relato fiel ao título dos Springboks, apelido da seleção sul-africana de rúgbi.
Recebeu boas avaliações da crítica e teve indicações de Damon e Freeman ao Oscar de 2009 nas categorias de melhor ator e melhor ator coadjuvante, respectivamente. Nenhum dos dois saiu com a estatueta, entretanto.
SALUTE
Salute é um documentário australiano escrito e dirigdo por Matt Norman. Aborda a vida de seu tio, Peter Norman, um nome pouco conhecido, mas de uma pessoa que teve a carreira marcada por uma foto.
O filme se refere ao incidente ocorrido nos Jogos Olímpicos de 1968 na Cidade do México e que se tornou um dos momentos mais marcantes da história olímpica.
Durante a cerimônia do pódio dos 200m rasos, os americanos Tommie Smith e John Carlos ergueram os punhos direitos fechados, uma saudação do Black Power. O ato causou controvérsias pelo uso político dos Jogos Olímpicos – gesto entretanto que tornou-se um marco na história das lutas dos afro-americanos pelos direitos civis.
Segundo colocado entre os dois americanos, Peter Norman saiu na histórica foto, mas não foi um mero coadjuvante. Norman ficou ao lado dos dois e os apoiou, também sofrendo consequências pelos seus atos. O documentário retrata exatamente essa história, de um homem que foi boicotado por ajudar na luta contra o racismo.
WITH DRAWN ARMS
Relacionado ao mesmo momento, With Drawn Armns é um documentário recente do diretor Glenn Kaino que tem o medalhista de ouro Tommie Smith refletindo sobre seus atos e contando como aquilo mudou sua vida para sempre.
Produzido pelo músico John Legend, vem sendo muito elogiado pela crítica.
ESTRADA PARA A GLÓRIA
Se fomos listar os melhores jogadores da história do basquete, grande parte dos citados serão negros. É praticamente impossível pensar um time do esporte sem um atleta negro nos dias de hoje.
Mas, nos Estados Unidos de 1966, isso era proibido. Estrada Para a Glória conta justamente uma história que parece inacreditável mas é verdade.
Em um momento de grande discriminação racial, o treinador Don Hanskins os avalia apenas por suas habilidades, e luta para o fim do preconceito racial, levando o time à vitória.