Foi talvez a madrugada mais emocionante dos Jogos. Foram 9 disputas de medalha, mas três erros em três provas diferentes, praticamente na sequência, deram o tom desta terça-feira, com três ouros para a Noruega, que chega a 12 e está a apenas dois de igualar o recorde de vitórias em uma edição de inverno.
O desastre russo
O revezamento masculino 4×7,5km do biatlo foi simplesmente emocionante. Primeiro norueguês na prova, Sturla Holm Laegreid vinha bem, mas no tiro em pé precisou das três balas extras e ainda levou uma volta de 150m de penalidade, jogando a Noruega lá pra trás, 40s atrás do Comitê Russo, que liderou praticamente toda a prova. Quando entrou o 2º homem na prova, a equipe russa seguiu abrindo com Alexander Loginov, enquanto o francês Émilien Jacquelin terminou 35s atrás e Tarjei Boe fazia uma perna muito ruim, entregando pro seu irmão Johannes em 6º, quase 1min50s atrás.
Johannes Thingnes Boe foi tentando tirar a diferença no esqui, mas precisou de dois tiros extras na sessão deitada. Ainda assim, conseguiu assumir o 3º lugar colado com a França, enquanto o Comitê Russo seguia brilhante e perfeito, mais de 40s a frente. Eduard Latypov fechou pros russos e na sesão deitada acertou rapidamente os cinco tiros. Vetle Christiansen também zerou e colocou a Noruega em 2º lugar, enquanto Quentin Fillon Maillet não vinha tão perfeito, mas se firmava na 3ª posição. Aí veio o o tiro em pé e foi um absoluto desastre para Latypov, que começou errando quatro seguidos. Ele precisou dos três tiros extras e ainda tomou duas voltas de penalidade. Christiansen novamente foi perfeito e saiu do stand em 1º lugar, enquanto Fillon Maillet precisou dar dois tiros extras, saindo 26s atrás. Restando apenas 2,5km pro fim, nem o rápido francês conseguiria tirar a diferença e a Noruega levou o ouro com 1:19:50.2. Prata pra França a 27.4 e bronze pro Comitê Russo a 45.3, numa final emocionante.
Erro de Riiber dá o bi para Graabak
Campeão de tudo que disputou na temporada, o norueguês Jarl Magnus Riiber chegou em Pequim como favorito pros três ouros do combina nórdico, mas um diagnóstico positivo de Covid o tirou da 1ª prova na semana passada. De volta, ele mostrou nos saltos da pista maior que seria campeão. Fez o voo mais longo de 142,0m totalizando 139,8 pontos, 11,1 a mais que o estoniano Kristjan Ilves e o japonês Ryota Yamamoto, empatados em 2º. Isso significava uma diferença de 44s no cross-country. Riiber é um excelente esquiador e uma vantagem dessas significaria um ouro.
Só que ninguém poderia imaginar o erro de Riiber. No fim da 1ª volta de 2,5km, ele foi pro lado errado na bifurcação. Ao invés de seguir no caminho para a próxima volta, ele foi pra chegada e, quando viu que estava errado, teve que voltar tudo. Esse erro custou uns 30s e os concorrentes foram se aproximando e o alcançaram ainda na 2ª volta. E ele ficou dentro do pelotão da frente com mais três atletas. Enquanto isso, os noruegueses Joergen Graabak e Jean Luraas Oftebro buscavam uma diferença de 2min, esquiando muito forte. Faltando pouco mais de 1km pro fim, eles alcançaram os líderes, quebrando as chances de Riiber, que terminou apenas em 8º. No sprint final, Graabak completou em 27:13.3 para repetir o ouro de 2018, 0.4 a frente de Oftebro e 0.6 sobre o japonês Akito Watabe. Riiber agora tem apenas a prova por equipe para não sair zerado.
Queda de japonesa premia Canadá
Dia de disputas da perseguição por equipes na patinação de velocidade, mostrando que não basta ter nomes incríveis para vencer, mas sim uma equipe entrosada. Isso foi uma lição á Holanda, que saiu com o bronze no feminino e apenas o 4º lugar no masculino. Vale destacar que a equipe feminina tinha Ireen Wüst, que conquistou sua 13ª medalha olímpica e tem agora 6 ouros, 5 pratas e 2 bronzes. Com essa, Wüst está entre os 9 maiores da história em número de medalhas, empatada em 13 com mais quatro.
A equipe do Japão tinha vencido com muita propriedade o Comitê Russo na semifinal e mostravam uma sincronia incrível na patinação. Elas vinham muito bem na final contra o Canadá, numa disputa volta a volta que pendia para uma vitória japonesa. Só que na última curva, a atleta que estava no fundo, Nana Takagi, escorregou e caiu. Como o que vale é quando a 3ª atleta cruza a linha, o Canadá viu o ouro cair no colo e vencer com novo recorde olímpico de 2:53.44. Takagi se levantou e completou mais de 11s depois para o seu desespero.
Na decisão masculina, a equipe da Noruega não tomou conhecimento do trio russo e levou o bicampeonato da prova pro país com 3:38.08 contra 3:40.46 dos russos. Apenas Sverre Lunde Pedersen estava na vitória de 2018 no time norueguês. Na disputa do bronze, os Estados Unidos derrotaram a Holanda por 3:38.81 contra 3:41.62, mesmo com Sven Kramer na equipe, que agora só tem a prova de saída em massa para não sair zerado de Pequim em sua 5ª e última Olimpíada.
Snowboard encerrado
A austríaca Anna Gasser brilhou na final do Big Air feminino para snowboard, conquistando o bicampeonato olímpico da prova. Ela acertou seus três saltos com notas de 90,00, 86,75 e um espetacular 95,50 num 1260º para vencer com 185,50, deixando a neozelandesa Zoi Sadowski-Synnott, ouro no slopestyle, na 2ª posição com a prata com 177,00. A japonesa Kokomo Murase completou o pódio com 171,50.
Na prova masculina, que encerrou o programa do snowboard em Pequim, show do jovem chinês Su Yiing, de 17 anos. Ele fez 89,50 no 1º salto e 93,00 no 2º, ambos saltos de 1800º, 5 voltas. Ele não teve adversários e foi pro último salto já com o ouro garantido. A prata ficou com o norueguês Mons Roisland com 171,75 e o bronze pro canadense Max Parrot, campeão do slopestyle, com 170,25. Pela primeira vez na história, os Estados Unidos saíram sem nenhuma medalha no snowboard masculino.
Suter desbanca italianas
Na final feminina do downhill no esqui alpino, a suíça Corinne Suter ficou com a medalha de ouro ao completar o percurso de 2,7km em 1:31.87, melhorando em apenas 0.16 o tempo da italiana Sofia Goggia. Com a vitória, a Suíça passou a Áustria e agora é o país com mais medalhas de ouro na prova nobre do esqui alpino, com seis.
Goggia defendia o ouro de PyeongChang e conseguiu chegar a tempo de disputar a sua principal prova, após ficar fora do Super-G por conta de uma lesão no joelho sofrida na última etapa da Copa do Mundo antes dos Jogos. Quando ela completou em 1:32.03, o pódio era todo italiano com Nadia Delago em 2º e Elena Curtoni em 3º, mas Suter passou e ainda teve a alemã Kira Weidle pegando o 4º lugar, jogando Curtoni para 5º. Mikaela Shiffrin competiu novamente e conseguiu terminar após os desastres no slalom e slalom gigante, ficando na 18ª poisação.
Pódio alemão no bobsled
Que o ouro nas duplas masculinas do bobsled ficaria com Francesco Friedrich era mais que certo, mas a fortíssima equipe alemã fez ainda melhor e levou as três medalhas em jogo na prova. Friedrich, que domina a disputa de duplas há quase 10 anos, bateu o recorde da pista na 3ª descida com 58.99 e foi novamente o melhor na última com 59.52 para fechar com 3:56.89, 0.49 a frente de Johannes Lochner.
Com um excelente dia, Christoph Hafer subiu da 4ª pra 3ª posição contando também com duas descidas ruins do russo Rostislav Gaitiukevich e a Alemanha fechou o pódio. Primeira vez na história que isso acontece no bobsled. Vale destacar o ótimo 6º lugar do trenó de Mônaco pilotado por Rudy Rinaldi, que ficou a 0.56 do pódio, no que seria a 1ª medalha olímpica da história pro principado, seja de verão ou de inverno.
Gremaud vence Eileen Gu no slopestyle
Campeã mundial do ski slopetyle, a chinesa Eileen Gu não conseguiu seu segundo ouro em Pequim, pois a suíça Mathilde Gremaud estragou a festa chinesa. Após cair logo no 1º exercício na 1ª passagem, Gremaus foi impecável na 2ª, conseguindo um 1080º em um dos saltos e tirou 86,56 para assumir a liderançca.
Eileen Gu não vinha bem, mas na 3ª e última passagem cravou tudo, mas ficou levemente atrás com 86,23, para levar a prata. Nome fortíssimo da prova, a estoniana Kelly Sildaru acabou com o bronze com 82,06, conquistando a 1ª medalha de seu país em Pequim.
Já na qualificação masculina do slopestyle em esqui, a melhor nota foi do suíço Andri Ragettli com 85,08, seguido do campeão do Big Air, o norueguês Birk Ruud com 83,96, e do americano Nick Goepper com 82,51.
Também rolou nesta terça a quali do Aerials masculino. O chinês Qi Guangpu foi o melhor no 1º salto com 127,88 num mortal quádruplo e liderou os primeiros seis classificados pra final. Na 2ª rodada da quali, o ucraniano Oleksandr Okipniuk foi o melhor com 125,00 e pegou uma das vagas restantes, com a 2ª melhor nota de todo o dia.
Valieva lidera programa curto
Depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias com Kamila Valieva e todo o imbróglio do doping, ela foi liberada e competiu na disputa feminina. Visivelmente nervosa, acabou errando o seu triplo Axel, o primeiro elemento de seu programa curto, mas na sequência foi perfeita em tudo e fechou a rodada em 1º lugar com 82,16 pontos, abaixo dos 90,18 que ela havia feito na disputa por equipes.
A também russa Anna Shcherbakova ficou na 2ª colocação com 80,20, seguida da japonesa Kaori Sakamoto com 79,84 e da russa Alexandra Trusova com 74,60. Por conta dessa situação toda, 25 patinadoras avançaram pro programa livre, ao invés das 24 vagas habituais. Se Valieva medalhar, o COI já disse que não fará uma cerimônia de entrega até que tudo esteja definido pela Corte Arbitral.
Edin perde a primeira
Encerrada a invencibilidade de Niklas Edin no torneio masculino de curling. O capitão sueco pentacampeão mundial começou o dia vencendo a Dinamarca por 8-3, mas foi derrotado na sessão noturno para a Grã-Bretanha de Bruce Mouat por 7-6. Com a vitória, o time britânico chegou a seis triunfos e também se garantiu nas semifinais. O Canadá com 5 vitórias está perto da vaga, enquanto Comitê Russo e Estados Unidos com 4 devem brigar pela última vaga.
Já no feminino, ninguém ainda está automaticamente classificado para as semifinais, mas a Suíça de Silvana Tirinzoni segue na liderança com 6 vitórias, incluindo uma de 9-6 sobre os Estados Unidos nesta terça-feira. A Suécia de Anna Hasselborg tem 5 vitórias e aparece na 2ª colocação.
Quartas de final definidas
Quatro jogos dos playoffs do hóquei masculino definiram os classificados para as quartas de final. A Eslováquia derrotou por 4-0 a Alemanha, que havia ficado com a prata em 2018, e vai enfrentar nas quartas os Estados Unidos. Já a Dinamarca venceu por 3-2 a Letônia e pega agora o Comitê Russo.
Do outro lado da chave, a Suíça fez 4-2 na Tchéquia e pega a Finlândia e o Canadá arrasou a China por 7-2 e joga contra a Suécia, no que deve ser o jogo mais disputado da próxima fase.
Medalhistas do dia
Ouro | Prata | Bronze | |
Esqui Alpino Downhill feminino | Corinne Suter (SUI) | Sofia Goggia (ITA) | Nadia Delago (ITA) |
Biatlo Revezamento 4×7,5km masculino | Noruega | França | Comitê Russo |
Bobsled Duplas masculinas | Francesco Friedrich/Thorsten Margis (GER) | Johannes Lochner/Florian Bauer (GER) | Christoph Hafer/Matthias Sommer (GER) |
Esqui Freestyle Slopestyle feminino | Mathilde Gremaud (SUI) | Eileen Gu (CHN) | Kelly Sildaru (EST) |
Combinado Nórdico Large Hill/10km masculino | Joergen Graabak (NOR) | Jens Luraas Oftebro (NOR) | Akito Watabe (JPN) |
Snowboard Big Air masculino | Su Yiming (CHN) | Mons Roisland (NOR) | Max Parrot (CAN) |
Snowboard Big Air feminino | Anna Gasser (AUT) | Zoi Sadowski-Synnott (NZL) | Kokomo Murase (JPN) |
Patinação de Velocidade Perseguição por Equipes masculina | Noruega | Comitê Russo | Estados Unidos |
Patinação de Velocidade Perseguição por Equipes feminina | Canadá | Japão | Holanda |
Após onze dias, acertei 35 dos 78 campeões (44,9%), coloquei 54 deles no pódio (69,2%) e coloquei 122 dos 234 medalhistas no pódio (52,1%).