Foram 10 finais nesta terça-feira, o máximo nesses Jogos para um dia e em metade dessas provas o campeão foi o mesmo que em PyeongChang-2018, sendo que uma vencedora se tornou tricampeã.
Começou a redenção de Johannes Klaebo no cross-country e a campanha da chinesa Eileen Gu, cotadíssima para três ouros. Além disso, destaques para a campanha invicta da dupla italiana no curling, o domínio alemão no luge e a estreia de Yuzuru Hanyu.
Klaebo se redime no sprint
Após ir muito mal no skiathlon no domingo, o norueguês Johannes Hoesflot Klaebo voltou às graças com o ouro no sprint, conquistando o bicampeonato e seu 4º ouro olímpico. Ele foi 3º colocado na qualificação, venceu sua bateria de quartas de final, ficou em segundo na sua semifinal apenas 0.06 atrás do italiano Federico Pellegrino e disparou na metade da final para vencer com 2:58.06. Pellegrino, prata em 2018, repetiu a medalha em Pequim. Ele tentou atacar Klaebo na reta de chegada, mas não conseguiu e ficou 0.26 atrás. O bronze foi pro russo Alexander Terentev.
No sprint feminino, domínio sueco. Jonna Sundling fez o melhor tempo na qualificação com mais de cinco segundos sobre a segunda melhor e seguiu perfeita, vencendo nas quartas, na semi e arrancando muito na final, abrindo uma enorme vantagem para levar o oro com 3:09.68. Sua compatriota Maja Dahlqvist, que venceu todos os sprints que disputou na temporada, chegou em segundo com 3:12.56 e a americana Jessie Diggins ficou com o bronze com 3:12.84.
Vale destacar a boa participação do brasileiro Manex Silva, que terminou na 71ª posição na qualificação com 3:08.64. No feminino, Jaqueline Mourão fez sua estreia em sua 8ª Olimpíada e ficou na 84ª posição enquanto Eduarda Ribera, que foi chamada às pressas após o acidente de Bruna Moura, foi 88ª.
Os italianos perfeitos
Ninguém poderia imaginar a campanha dos sonhos dos italianos Stefania Constantini e Amos Mosaner nas duplas mistas do curling. Eles venceram os nove jogos da 1ª fase e a semifinal de maneira dominante para chegar à final inédita pro seu país no curling. Eles enfrentaram o casal norueguês Kristin Skaslien e Magnus Nedregotten, bronze em 2018.
Mas parecia que teriam trabalho. Os italianos lançariam a última pedra no 1º end, mas viram os noruegueses abrirem 2-0. Mas só parecia. Voltaram ao jogo e pontuaram por três ends seguidos, virando para 6-2, até a vitória em 8-5 num torneio simplesmente espetacular de Constantini. Confesso que não via alguém jogar tão bem um torneio há um bom tempo. Eles roubaram o martelo 23 vezes durante o torneio, fizeram 95 pontos e levaram apenas 54. Competição simplesmente perfeita.
Eileen Gu vence a primeira
Talvez o principal nome da China nos Jogos, Eileen Gu venceu a incrível final do Big Air em esquis no feminino, prova que estreou no programa olímpico. Foi uma final extremamente disputada entre Gu, a francesa Tess Ledeux e a suíça Mathilde Gremaud. No primeiro salto, a francesa fez um 1620º (4 voltas e meia) e tirou 94,50, a chinesa 93,75 e a suíça 89,25. No segundo, Ledeux marcou um 93,00 e a sua soma estava bem a frente com certa folga para Gu: 187,50 contra 182,50 da suíça e 182,25 da chinesa.
Só que na 3ª e última passagem Gu fez o mesmo 1620º de Ledeux e tirou a mesma nota 94,50, só que sua soma agora ia para 188,25 e ela levou o ouro, apenas 0,75 atrás da francesa. Eileen Gu ainda terá pela frente o halfpipe e o slopestyle e busca se tornar a 1ª mulher da história com dois ouros olímpico no esqui freestyle. Ou quem sabe até três…
Austríaco bicampeão
O austríaco Matthias Mayer se sagrou bicampeão olímpico da prova do Super-G masculino no esqui alpino. 13º a descer, ele completou o percurso em 1:19.94, melhorando a marca do norueguês Aleksander Aamodt Kilde de 1:20.36. Logo na sequência de Mayer veio o americano Ryan Cochran-Siegle que fez a descida da vida e não bateu o tempo de Mayer por apenas 0.04!
Mayer tem agora três ouros olímpicos em três Olimpíadas diferentes. Ele foi ouro no downhill em Sochi-2014, ouro no Super-G em PyeongChang-2018 e agora em Pequim foi bronze no downhill no dia anterior e agora ouro no Super-G. O mais curioso é que ele nunca ganhou uma medalha sequer em Mundiais.
Cinco ouros para Geisenberger
Talvez a maior atleta do luge feminino da história, a alemã Natalie Geisenberger venceu pela terceira vez a prova nos Jogos com 3:53.454 em campanha praticamente perfeita. Na terceira descida da prova, a primeira desta terça, ela bateu o recorde da pista com 58.226. Na quarta descida, ela foi a última competir e e entrou com vantagem de 0.330 sobre sua compatriota Anna Berreiter, que foi ampliada para 0.493. Quarta no último Mundial e bicampeã mundial Sub23, Berreiter ficou com a prata e a russa Tatyana Ivanova foi bronze a 1.053 da campeã.
Outra alemã era a favorita da prova, Julia Taubitz, mas ela virou o trenó no finalzinho da segunda descida e, mesmo com o melhor tempo da última descida acabou na 7ª posição. Um pódio todo alemão era muito esperado. Com a vitória, Geisenberger vai fazer parte da super seleção alemã na prova de revezamento na quinta-feira e com tudo para conquistar o título desta prova pela terceira vez e chegar a seis ouros olímpicos na carreira.
Vitória francesa no biatlo
Os ventos malucos do sábado não deram as caras no biatlo nesta terça-feira para a prova individual 20km masculino. O primeiro a larga foi o russo Maxim Tsvetkov que também foi o primeiro a completar com o ótimo tempo de 49:22.3 com apenas um tiro errado. Nesta prova, cada erro aumenta em 1min o tempo do atleta. O segundo foi o favorito Johannes Thingnes Boe, que tinha sido ouro nesta prova em 2018. Boe errou um tiro na 1ª passagem e vinha para o ouro, quando errou mais um na última. Mesmo com 2min de punição, fez 49:18.5 e ficou a frente do russo.
Cinco minutos depois, foi a vez do francês Quentin Fillon Maillet cruzar a linha e, mesmo com dois tiros errados, completou em 48:47.4 para assumir a liderança e não perder mais. Ele foi o único da prova com parcial de esqui abaixo dos 47min em uma prova impecável. Ninguém chegava muito perto, até que o bielorruso Anton Smolski, que vinha em boa temporada com três pódios individuais na Copa do Mundo, zerou a prova e por pouco não tira a vitória do francês. Ele fez 49:02.2 e jogou pro bronze o norueguês, que chegou a sua 5ª medalha olímpica. Destaque negativo da prova o francês Émilien Jacquelin, que errou 7 tiros e terminou em 72º.
Só dá Holanda
Ou praticamente. Na final dos 1.500m masculino na patinação de velocidade o duelo ficou entre dois holandeses. Thomas Krol correu na 10ª bateria e bateu o recorde olímpico com 1:43.55. Só que a marca nem durou cinco minutos, pois na corrida seguinte Kjeld Nuis melhorou para 1:43.21 e conquistou o bicampeonato olímpico da prova, mesmo não vindo de uma boa temporada.
O bronze ficou com o sul-coreano Kim Min-seok com 1:44.24, repetindo a posição no pódio de 2018. Esperava-se um pouco mais do americano Joey Mantia, mas ele acabou em 6º com 1:45.26. Foi o 3º ouro e 6ª medalha da Holanda na patinação de velocidade em quatro finais disputadas até aqui.
Ledecka ataca novamente
Depois de brilhar em PyeongChang-2018 com dois ouros em dois esportes diferentes, a checa Ester Ledecka dominou completamente a prova do slalom paralelo gigante no snowboard, conquistando o bicampeonato na prova. Na qualificação ela obteve a melhor soma de tempos com 1:23.63, quase três segundos a frente da segunda colocada. No chaveamento, venceu seus quatro confrontos com tranquilidade, sendo que todas as adversárias não conseguiram terminar, inclusive a austríaca Daniela Ulbing na grande final. O bronze ficou com a eslovena Gloria Kotnik.
Na disputa masculina, o ouro foi para o veterano austríaco Benjamin Karl, que agora tem uma medalha olímpica de cada cor. Na quali ele fez o segundo tempo atrás do sul-coreano Lee Sangho e foi seguindo até a final, onde derrotou o esloveno Tim Mastnak. O bronze foi pro russo Vic Wild ao vencer o italiano Roland Fischnaller. Wild brilhou em Sochi-2014 quando ficou com o ouro tanto no slalom gigante paralelo como no slalom paralelo, que não faz mais parte do programa olímpico.
Yuzuru falha em retorno, mas segue na briga
A grande expectativa pelo programa curto masculino na patinação artística era pela apresentação do bicampeão olímpico Yuzuru Hanyu. Ele não disputou nenhuma prova internacional na temporada, mas venceu o campeonato nacional com uma nota impressionante, onde tentou o inédito quádruplo Axel. Mas em Pequim, Hanyu não fez o primeiro salto do seu programa, que seria um quádruplo Salchow. Só que esse erro não o desanimou e ele fez uma apresentação excelente na sequência. Só que esse elemento a menos o deixou na 8ª posição com 95,15 pontos, bem abaixo da sua melhor marca de 111,82. Ainda assim está na briga por medalha.
Em primeiro lugar ficou o favorito ao ouro, o americano Nathan Chen, com 113,97, batendo a melhor marca mundial. Ele chegou a tirar seis notas 10,0 no componentes do programa. Em segundo ficou o japonês Yuma Kagiyama com 108,12 e em terceiro o também japonês Shoma Uno com 105,90.
Hóquei define as quartas
Na última rodada da primeira fase, o jogo mais esperado e a prévia da final entre Estados Unidos e Canadá. E foi melhor para as canadenses, que venceram por 4-2, ficando em primeiro lugar no Grupo A. Tanto em 2014 como em 2018 o Canadá venceu as americanas na 1ª fase. Mas na final venceu em 2014 e perdeu em 2018. No outro jogo do Grupo A, a Finlândia venceu o Comitê Russo por 5-0 e ficou em 3º lugar no grupo.
Pelo Grupo B, a Suécia conseguiu vencer a Dinamarca por 3-1 e pegou a última vaga para as quartas, eliminando as dinamarquesas e as chinesas. Com vitória nas cobranças e penalidade, o Japão venceu a Tchéquia por 3-2 e ficou em primeiro lugar no grupo.
As quartas de final ficaram assim: Canadá x Suécia, Comitê Russo x Suíça, Estados Unidos x Tchéquia e Finlândia x Japão
Medalhistas do dia
Ouro | Prata | Bronze | |
Esqui alpino Super-G masculino | Matthias Mayer (AUT) | Ryan Cochran-Siegle (USA) | Aleksandr Aamodt Kilde (NOR) |
Biatlo individual 20km masculino | Quentin Fillon Maillet (FRA) | Anton Smolski (BLR) | Johannes Thingnes Boe (NOR) |
Cross-country Sprint masculino | Johannes Hoesflto Klaebo (NOR) | Federico Pellegrino (ITA) | Alexander Terentyev (ROC) |
Cross-country Sprint feminino | Jonna Sundling (SWE) | Maja Dahlqvist (SWE) | Jessie Diggins (USA) |
Esqui freestyle Big Air feminino | Eileen Gu (CHN) | Tess Ledeux (FRA) | Mathilde Gremaud (SUI) |
Snowboard slalom paralelo gigante masculino | Benjamin Karl (AUT) | Tim Mastnak (SLO) | Vic Wild (ROC) |
Snowboard slalom paralelo gigante feminino | Ester Ledecka (CZE) | Daniela Ulbing (AUT) | Gloria Kotnik (SLO) |
Luge individual feminino | Natalie Geisenberger (GER) | Anna Berreiter (GER) | Tatiana Ivanova (ROC) |
Velocidade 1.500m masculino | Kjeld Nuis (NED) | Thomas Krol (NED) | Kim Min-seok (KOR) |
Curling Duplas mistas | Itália | Noruega | Suécia |
Após quatro dias, acertei 14 dos 31 campeões (45,2%), coloquei 21 deles no pódio (67,7%) e coloquei 45 dos 93 medalhistas no pódio (48,4%).
Com mais um ouro, a Suécia é que lidera o quadro de medalhas com 4 ouros, 1 prata e 1 bronze, seguida da Holanda (3-3-1), China e Alemanha (3-2-0) e Noruega (3-1-4). Estados Unidos seguem sem ouro e estão em 17º no quadro com 4 pratas e 1 bronze. 22 países já medalharam.