A patinação de velocidade em pista curta apareceu nos Jogos de Inverno pela 1ª vez em Calgary-1988, ainda como esporte de demonstração, entrando oficialmente para o programa na edição seguinte em Albertville-1992, com as provas de 1.000m e revezamento 5.000m masculinas e 500m e revezamento 3.000m femininas. Com novas adições nos Jogos seguinte, chegou a ter oito provas ao todo e, com a inclusão do revezamento misto agora em Pequim, chegou a nove.
Amplamente dominada pela Coreia do Sul, a patinação de pista curta é um dos esportes mais emocionantes e muitas vezes imprevisíveis dos Jogos. Em 56 disputas olímpicas, os sul-coreanos levaram 24 ouros e 48 medalhas no total. China com 10 vitórias e 33 pódios e Canadá com 9 ouros e também 33 pódios vem na sequência. O maior medalhista da história é o sul-coreano Ahn Hyun-Soo, que em Sochi-2014 competiu pela Rússia com o nome de Viktor Ahn, chegando a 6 ouros e 2 bronzes. O americano Apolo Anton Ohno (2-2-4) e a italiana Arianna Fontana (1-2-5) também tem 8 medalhas olímpicas.
Como funciona
Diferente da patinação de velocidade convencional onde as provas são em geral no formato tomada de tempo, a modalidade em pista curta é disputada em baterias, com os melhores de cada avançando de fase até a final. Nos Jogos Olímpicos, há disputas individuais de 500m, 1.000m e 1.500m e três revezamentos. A pista de 111,12m e normalmente é no mesmo local de disputas da patinação artística.
Os atletas ficam muito próximos e em curvas muito fechadas, e as quedas são muito comuns. Mas muito comuns mesmo. Se os árbitros perceberam que houve uma tentativa de derrubar ou que um erro de um atleta ocasionou a queda de outro, este é desclassificado e o atleta derrubado avança automaticamente. Nos revezamentos, cada equipe conta com 4 atletas, que vão se alternando na pista. Para realizar a troca, basta que os atletas se toquem, de qualquer maneira. A mais comum é o atleta que está competindo dar um empurrão no outro pelas costas.
Há sempre duas finais, a A, onde são disputadas as medalhas, e a B, que define as posições seguintes. Como desclassificações são comuns, uma medalha pode sair da Final B, como aconteceu em PyeongChang-2018. No revezamento 3.000m feminino, a Holanda venceu a Final B batendo o recorde mundial e acabou herdando o bronze após as desclassificações de China e Canadá.
500m masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Wu Dajing (CHN); Prata – Hwang Dae-heon (KOR); Bronze – Lim Hyo-jun (KOR)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Shaoang Liu (HUN); Prata – Semion Elistratov (RUS); Bronze – Pietro Sighel (ITA)
O Canadá tem uma leve vantagem histórica nesta prova, como o único país com dois ouros em 2002 e 2010, em casa. Campeão em 2018, o chinês Wu Dajing também foi prata em 2014 e venceu os Mundiais de 2014 e 2015. Nome fortísismo da prova, já venceu 16 vezes na Copa do Mundo e subui 30 vezes ao pódio. Ele venceu inclusive na última etapa, no fim de dezembro.
Mas os nomes destes Jogos no masculino devem ser os irmãos húngaros Shaolin Sandor Liu e Shaoang Liu. Apesar do nome, os dois nasceram em Budapeste filhos de pai chinês. Shaolin foi campeão mundial em 2016, europeu em 2020 e já venceu 10 vezes em Copas do Mundo, enquanto Shaoang faturou o último Mundial em 2021 e o europeu de 2019. De olho no italiano Pietro Sighel, no americano naturalizado húngaro John-Henry Krueger, no chinês Ren Ziwei e no cazaque Denis Nikisha
Minha aposta: Ouro – Shaolin Sandor Liu (HUN); Prata – Wu Dajing (CHN); Bronze – Ren Ziwei (CHN)
1.000m masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Samuel Girard (CAN); Prata – John-Hnery Krueger (USA); Bronze – Seo Yi-ra (KOR)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Shaolin Sándor Liu (HUN); Prata – Shaoang Liu (HUN); Bronze – Pietro Sighel (ITA)
Em oito disputas olímpicas, são cinco ouros sul-coreanos. Mas o ouro mais lendário de todos foi o do australiano Steven Bradbury em Salt Lake City-2002. Numa das cenas mais inacreditáveis da história olímpica, Bradbury tinha ficado pra trás na disputa enquanto os outros quatro atletas disputavam as medalhas. Na última curva, o chinês Li Jiajun caiu e levou todo mundo pro chão. O australiano não estava no bolo, passou todo mundo e ficou com o ouro, o primeiro da história da Austrália em jogos de inverno.
O sul-coreano Hwang Dae-heon tem apenas uma prata nesta prova em Mundiais, mas mostrou um bom desempenho nesta temporada com duas vitórias na distância chegando a oito ouros na carreira. Novamente aqui os irmãos Shaolin Sandor Liu, campeão mundial em 2021, e Shaoang Liu devem brigar por medalha, assim como o russo Semion Elistratov, 4 vitórias e 14 pódios em Copas do Mundo.
Minha aposta: Ouro – Hwang Dae-heon (KOR); Prata – Shaolin Sandor Liu (HUN); Bronze – Semion Elistratov (RUS)
1.500m masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Lim Hyo-jun (KOR); Prata – Sjinkie Knegt (NED); Bronze – Semion Elistratov (RUS)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Charles Hamelin (CAN); Prata – Itzhak de Laat (NED); Bronze – Semion Elistratov (RUS)
Em cinco pódios olímpicos, ainda não tivemos um bicampeão olímpico na distância. O veterano e supercampeão canadense Charles Hamelin é o único que pode conseguir o feito. Ele venceu em Sochi-2014 e possui um currículo simplesmente espetacular com 3 ouros e 5 medalhas olímpicas, 13 ouros e nada menos que 37 medalhas em Mundiais, além de dezenas de vitórias e pódios em Copas do Mundo. Ele foi campeão mundial em 2021 pela 3ª vez e segue para sua 5ª e provável última Olimpíada.
O russo Semion Elistratov foi campeão mundial em 2015 e já venceu o Europeu quatro vezes nesta distância, incluindo o de 2021. Boas chances também pro holandês Sjinkie Knegt, pro sul-coreano Park Jang-hyuk e pro chinês Ren Ziwei. Já os irmãos húngaros não tem tantos bons resultados aqui.
Minha aposta: Ouro – Semion Elistratov (RUS); Prata – Charles Hamelin (CAN); Bronze – Ren Ziwei (CHN)
Revezamento 5.000m masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Hungria; Prata – China; Bronze – Canadá
Pódio último mundial (2021): Ouro – Holanda; Prata – Hungria; Bronze – Itália
Apesar da força sul-coreana no esporte, eles só venceram o revezamento masculino duas vezes nos Jogos e é o Canadá que manda aqui com três vitórias e seis pódios em oito Olimpíadas.
A Hungria chega fortíssima para defender o título conquistado em PyeongChang-2018 de maneira brilhante, com os irmãos Liu e John-Henry Krueger, prata nos 1.000m quando defendia os Estados Unidos. O Canadá segue forte com duas vitórias nesta temporada liderados pelo Charles Hamelin. Coreia do Sul é sempre uma boa pedida aqui e Holanda e Rússia correm por fora.
Minha aposta: Ouro – Hungria; Prata – Canadá; Bronze – Coreia do Sul
500m feminino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Arianna Fontana (ITA); Prata – Yara van Kerkhof (NED); Bronze – Kim Boutin (CAN)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Suzanne Schulting (NED); Prata – Arianna Fontana (ITA); Bronze – Selma Poutsma (NED)
A China é a maior força na prova mais rápida. Em 8 disputas olímpicas, são 4 ouros seguidos entre 2002 e 2014, três pratas e um bronze. O único pódio da história sem chinesas foi em 2018.
A holandesa Suzanne Schulting pode ser o grande nome desses Jogos. No Mundial de 2021, ela simplesmente levou todos os ouros possíveis, nas três provas individuais, no revezamento e no overall. Embora seja mais especializada nas provas mais longas, já venceu um título mundial e dois europeus nos 500m. A sul-coreana Choi Minjeong foi campeã mundial em 2018 nesta prova, mas suas melhores provas são as mais longas. Já a canadense Kim Boutin, bronze em 2018, nunca medalhou nesta prova em Mundiais, mas dominou a Copa do Mundo na temporada 2019-20, vencendo 5 das 8 disputas dos 500m na ocasião. Ela tem na carreira oito vitórias em Copas do Mundo nesta distância.
Em sua 3ª Olimpíada, a chinesa Fan Kexin é um dos maiores nomes dos 500m, já tendo conquista o título mundial cinco vezes, o último em 2017. São 15 vitórias individuais em Copas do Mundo na carreira, todas nos 500m, mas nesta temporada pegou apenas um bronze. A italiana Arianna Fontana, a mulher com mais medalhas olímpicas na pista curta, foi campeã olímpica em 2018, tem cinco medalhas em Mundiais nos 500m, cinco títulos europeus e nove vitórias em Copas do Mundo. Também estão na briga por medalha a polonesa Natalia Maliszewska, campeã europeia em 2019, a italiana Martina Valcepina, bicampeã europeia, e a russa Elena Seregina.
Minha aposta: Ouro – Kim Boutin (CAN); Prata – Suzanne Schulting (NED); Bronze – Fan Kexin (CHN)
1.000m feminino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Suzanne Schulting (NED); Prata – Kim Boutin (CAN); Bronze – Arianna Fontana (ITA)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Suzanne Schulting (NED); Prata – Hanne Desmet (BEL); Bronze – Courtney Sarault (CAN)
Até 2014, apenas Coreia do Sul (4) e China (2) tinham subido ao topo do pódio olímpico, mas a holandesa Suzanne Schulting quebrou a sequência ao vencer em 2018. Ela ainda repetiu o feito nos Mundiais de 2019 e 2021, nos Europeus de 2020 e 2021 e já venceu 12 vezes esta prova na Copa do Mundo, sendo duas nesta temporada. Fase espetacular da holandesa.
A sul-coreana Choi Min-jeong é bicampeã mundial da prova e é um nome muito forte, assim como suas compatriotas Lee Yu-bin e Kim Ji-yoo. As canadenses Kim Boutin e Courtney Sarault, a estadunidense Kristen Santos e a holandesa Xandra Velzeboer podem pegar medalha.
Minha aposta: Ouro – Suzanne Schulting (NED); Prata – Choi Min-jeong (KOR); Bronze – Kim Boutin (CAN)
1.500m feminino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Choi Min-jeong (KOR); Prata – Li Jinyu (CHN); Bronze – Kim Boutin (CAN)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Suzanne Schulting (NED); Prata – Courtney Sarault (CAN); Bronze – Xandra Velzeboer (NED)
Domínio total asiático na prova individual mais longa do programa. Em cinco disputas olímpicas, são três ouros, quatro prata e um bronze pra Coreia do Sul e 2-1-1 para a China. E a sul-coreana Choi Min-jeong é o grande nome da distância, com o título olímpico em 2018, os mundiais em 2018 e 2019 e nada menos que 18 vitórias e 23 pódios em Copas do Mundo na carreira. E uma dobradinha do país é algo bem provável, com Lee Yu-bin, que venceu duas das quatro etapas da Copa do Mundo nesta temporada.
Mais uma vez a holandesa Suzanne Schulting não pode ser esquecida. Ela é a atual campeã mundial e tricampeã europeia da prova. Sua compatriota Xandra Velzeboer, a canadense Courtney Sarault, a italiana Arianna Fontana e a russa Elena Seregina também estão na briga.
Minha aposta: Ouro – Choi Min-jeong (KOR); Prata – Suzanne Schulting (NED); Bronze – Lee Yu-bin (KOR)
Revezamento 3.000m feminino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Coreia do Sul; Prata – Itália; Bronze – Holanda
Pódio último mundial (2021): Ouro – Holanda; Prata – França; Bronze – Itália
Disputado desde a inclusão da velocidade em pista curta nos Jogos em Albertville-1992, o revezamento feminino é amplamente dominado pela Coreia do Sul, que venceu em seis das oito disputas. Em 2010 só não levou porque acabou sendo desclassificado na final.
A Holanda, com Suzanne Schulting, dominou a temporada da Copa do Mundo, vencendo três vezes o revezamento feminino em quatro etapas e foi prata na outra. Também foram campeãs mundiais em 2021 com folga. Só que a Coreia do Sul não esteve neste Mundial e é sempre uma adversária extremamente perigosa e multicampeã. Canadá, China, Itália e Rússia devem brigar pelo bronze. Só que vale lembrar que o revezamento é imprevisível e quedas e desclassificações são extremamente comuns.
Minha aposta: Ouro – Holanda; Prata – Coreia do Sul; Bronze – Itália
Revezamento 2.000m misto
Pódio PyeongChang-2018: não foi disputada
Pódio último mundial (2021): não foi disputada
Esta novíssima prova faz sua estreia olímpica. Ela sequer foi disputada em Mundiais, mas esteve nas duas últimas temporadas da Copa do Mundo. Esta será a primeira final da modalidade, já neste sábado de manhã..
E aqui fica difícil fugir das potências do esporte. Coreia do Sul, Holanda, China e Rússia devem ser as equipes finalistas, com a Hungria correndo por fora com os irmãos Liu. Nesta temporada a China se destacou bem com 2 vitórias e 4 pódios em 4 provas na Copa do Mundo.
Minha aposta: Ouro – China; Prata – Coreia do Sul; Bronze – Rússia