A patinação de velocidade está presente no programa olímpico desde o seu início, em Chamonix-1924, quando contou com as provas masculinas de 500m, 1.500m, 5.000m, 10.000m e o All-round, que depois foi descartado. Em Squaw Valley-1960, as mulheres passaram a competir em quatro provas (500m, 1.000m, 1.500m e 3.000m). Os 1.000m masculinos foram incluídos em Innsbruck-1976 e os 5.000m femininos em Calgary-1988. Para Turim-2006, foi adicionada a prova de perseguição por equipes e em PyeongChang-2018 as provas de saída em massa foram incluídas, chegando ao atual programa de 14 provas.
A maior campeã é a Holanda, que já venceu 42 ouros e 121 medalhas em toda a história olímpica. O país sempre foi uma força na modalidade, mas isso tem se tornado cada vez mais forte. Em Sochi-2014, a Holanda venceu 8 das 12 provas e saiu com 23 medalhas, quase uma média de 2 por prova. Na ocasião, quatro pódios foram formados apenas por holandeses. Em PyeongChang-2018, foram 7 ouros em 14 provas e 16 medalhas. Mas os números de medalhas seguem altíssimos em Mundiais e Europeus, com mais de 200 medalhas na história.
Em Jogos Olímpicos, a disputa é basicamente nas distâncias específicas, equivalente ao atletismo, mas a prova mais nobre da patinação é o All round, que só esteve presente na edição de 1924. Nesta prova, os atletas competem em 4 provas diferentes e os seus tempos são convertidos em pontos. Vence quem tiver a menor pontuação. Homens patinam nos 500m, 5.000m, 1.500m e 10.000m (nesta ordem) e mulheres nos 500m, 3.000m, 1.500m e 5.000m. Esta prova coroa o melhor patinador generalista.
A holandesa Ireen Wüst, indo para sua provável última Olimpíada, é a atleta mais condecorada do esporte nos Jogos Olímpicos, com 11 medalhas, sendo 5 ouros, 5 pratas e 1 bronze. Em Pequim ela disputará 3 provas. A alemã Claudia Pechstein é uma lenda do esporte e, aos 49 anos (ela fará 50 dois dias após os Jogos), vai para sua 8ª Olimpíada e soma 9 medalhas (5-2-2). A sua primeira foi conquistada ainda em Albertville-1992. Entre os homens, o holandês Sven Kramer segue para sua última participação olímpica. Ele tem 9 medalhas olímpicas (4-2-3) e busca um inédito tetracampeonato
Como funciona
Nesta modalidade da patinação de velocidade, a maioria das provas é no formato tomada de tempo. Os atletas são colocados em pares e disputam cada distância uma única vez e vence quem tiver o menor tempo. A pista é oval com 400m, semelhante à do atletismo e contém apenas 2 raias. Um atleta começa na raia de dentro e outro na de fora. Para compensar a curva, eles trocam de raia na reta oposta a cada volta.
Na prova de perseguição por equipes, cada equipe larga de uma reta oposta. Os homens percorrem 8 voltas e as mulheres 6. Nos Jogos Olímpicos, há uma qualificação, quartas de final, semifinais e finais, diferente de mundiais ou Copas do Mundo, onde existe apenas uma tomada de tempo.
Já na prova de saída em massa, os atletas disputam semifinais e uma final, que contam com sprints intermediários a cada 4 voltas, dando 3, 2 ou 1 ponto para os três primeiros. Na chegada, os 6 primeiros pontuam desta maneira: 60, 40, 20, 10, 6 e 3. Os pontos são apenas para definir as posições de 4º em diante, já que os três primeiros que cruzarem a linha de chegada não podem ser alcançados por ninguém. É uma prova de muita estratégia, parecida com a Scratch ou a Corrida por Pontos do ciclismo de pista.
500m masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Havard Holmefjord Lorentzen (NOR); Prata – Cha Min-kyu (KOR); Bronze – Gao Tingyu (CHN)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Laurent Dubreuil (CAN); Prata – Pavel Kulizhnikov (RUS); Bronze – Dai Dai Ntab (NED)
Disputada desde a primeira edição de inverno, os 500m masculinos tem como maior vencedor histórico os Estados Unidos, com 7 ouros e 15 medalhas em 23 disputas. Apesar do domínio holandês no esporte, o primeiro e único ouro deles nesta prova veio apenas em Sochi-2014, com Michel Mulder. Na ocasião, a Holanda dominou o pódio levando as três medalhas. A prova consistia em duas corridas de 500m, cujos tempos eram somados, mas desde 2018 virou apenas uma única bateria.
Campeão mundial em 2021, o canadense Laurent Dubreuil lidera a Copa do Mundo na distância. Em oito provas disputadas, ele esteve em todos os pódios e venceu duas delas, sendo que e casa, em Calgary, fez o melhor tempo do ano de 33.77, recorde nacional, em dezembro. O chinês Gao Tingyu foi bronze na última Olimpíada e soma uma vitória e dois pódios na temporada, mas tem o 2º e o 3º melhores tempos da temporada nos 500m.
O Japão vem muito forte na velocidade com quatro atletas que tem ao todo 9 pódios na temporada, mas só três podem ir para os Jogos. Wataru Morishige, Tatsuya Shinhama e Yuma Murakami estão em ótima fase e devem fazer frente aos adversários. Shinhama foi campeão mundial de Sprint em 2020, que é uma prova como o All round, mas apenas com as provas de 500m e 1.000m. Vale ficar de olho nos russos, principalmente em Artem Arefyev e Viktor Maushtakov. Pavel Kulizhnikov foi tricampeão mundial de Sprint e soma 5 títulos mundiais, sendo três nos 500m, mas sofreu algumas lesões sérias nas últimas temporadas e não vem em grande fase. O polonês Piotr Michalski, que acabou de vencer o título europeu, e os holandeses Kai Verbij, Thomas Krol e Merijn Scheperkamp também estão na briga.
Minha aposta: Ouro – Laurent Dubreuil (CAN); Prata – Gao Tingyu (CHN); Bronze – Tatsuya Shinhama (JPN)
1.000m masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Kjeld Nuis (NED); Prata – Havard Holmefjord Lorentzen (NOR); Bronze – Kim Tae-yun (KOR)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Kai Verbij (NED); Prata – Pavel Kulizhnikov (RUS); Bronze – Laurent Dubreuil (CAN)
A prova de 1.000m masculina só entrou para o programa olímpico em Innsbruck-1976 e tem os Estados Unidos como maior vencedor, com 5 ouros contra 4 da Holanda. Destaque para o grande patinador Shani Davis, que é o único bicampeão da prova, em 2006 e 2010.
Diferente dos 500m, aqui os holandeses já despontam como favoritos. Thomas Krol venceu 2 das 4 provas disputadas na Copa do Mundo na temporada, levou o título europeu num pódio todo holandês e ainda tem o melhor tempo da temporada, de 1:06.44. No último mundial, ele era o grande favorito em casa, mas ele foi desclassificado por duas largadas falsas. Seu compatriota Kai Verbij aproveitou a desclassificação do companheiro e faturou o bicampeonato mundial (2019 e 2021) da prova. Verbij tem ainda 18 pódios em Copas do Mundo apenas nos 1.000m.
A China vem forte nesta prova com Ning Zhongyuan, que venceu na última etapa da Copa do Mundo em dezembro em Calgary, batendo o recorde nacional com 1:06.65. Prata em PyeongChang, o norueguês Havard Holmefjord Lorentzen e o canadense Laurent Dubreuil são outros fortes nomes na distância.
Minha aposta: Ouro – Thomas Krol (NED); Prata – Kjeld Nuis (NED); Bronze – Ning Zhongyuan (CHN)
1.500m masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Kjeld Nuis (NED); Prata – Patrick Roest (NED); Bronze – Kim Min-seok (KOR)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Thomas Krol (NED); Prata – Kjeld Nuis (NED); Bronze – Patrick Roest (NED)
Também presente desde a primeira edição de inverno em Chamonix-1924, a prova de 1.500m tem como principal força histórica a Noruega, com 8 ouros em 23 disputas olímpicas. A Holanda venceu todos os ouros masculinos em sochi-2014, com exceção desta prova, que ficou com o polonês Zbigniew Bródka.
Oriundo da patinação inline, o americano Joey Mantia se destacou muito na prova de saída em massa, na qual é tricampeão mundial, mas tem feito uma excelente temporada nos 1.500m, com duas vitórias na Copa do Mundo e pódio em todas as etapas. O chinês Ning Zhongyan também é destaque nesta prova e a grande esperança da casa para levar medalha tanto aqui como nos 1.000m.
O sul-coreano Kim Min-seok, bronze nesta prova quatro anos atrás, também é uma ótima opção de pódio. Ele foi ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2016 nos 1.500m e na saída em massa. Dois ouros em PyeongChang e atual campeão olímpica, o holandês Kjeld Nuis acabou de vencer o campeonato europeu e tem dois títulos mundiais aqui no seu currículo. Esta será a única prova dele em Pequim. Seu compatriota Thomas Krol é o atual campeão mundial, mas assim como Nuis, obteve apenas resultados intermediários nas etapas da Copa do Mundo. Em compensação, a performance holandesa no Europeu na semana passada só mostrou que a equipe está em enorme ascensão e preparada para dominar a patinação de velocidade em Pequim. O canadense Connor Howe e o norueguês Allan Dahl Johansson também brigam por pódio.
Minha aposta: Ouro – Thomas Krol (NED); Prata – Joey Mantia (USA); Bronze – Kjeld Nuis (NED)
5.000m masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Sven Kramer (NED); Prata – Ted-Jan Bloemen (CAN); Bronze – Sverre Lunde Pedersen (NOR)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Nils van der Poel (SWE); Prata – Patrick Roest (NED); Bronze – Sergey Trofimov (RUS)
Outra prova presente nos Jogos de Inverno desde o seu início, a Noruega é a maior vencedora dos 5.000m com 9 ouros e 22 medalhas, seguida de perto pela Holanda, com 6 vitórias e 21 pódios. Mas nas últimas 6 Olimpíadas, os holandeses subiram ao topop do pódio cinco vezes, só sendo atrapalhados pelo americano Chad Hedrick em Turim-2006.
E não dá para falar dos 5.000m sem mencionar Sven Kramer, talvez o maior vencedor da patinação de velocidade da história. Ele é o atual tricampeão olímpico da prova e soma 9 medalhas olímpicas na carreira. Venceu o Mundial de All round nada menos que 9 vezes e tem 21 títulos mundiais em distâncias, sendo 8 nos 5.000m. Em compensação, Kramer vai para sua última participação olímpica e não está em grande fase. Seu último título mundial foi em 2017 e é apenas o 15º patinador mais rápido da temporada. Provável que fique sem medalha.
O grande favorito aqui é o sueco Nils van der Poel, que surgiu como um furacão nos últimos anos. Em 2021 venceu os 5.000m e os 10.000m no Mundial, batendo o recorde mundial na prova mais longa. Em 3 disputas de Copa do Mundo dos 5.000m nesta temporada, van der Poel levou as 3, com vantagens bem significativas sobre os concorrentes. Na etapa de Salt Lake City, em 3 de dezembro, ele bateu o recorde mundial com 6:01.56. Tem tudo para se tonar o 1º da história a baixar dos 6min na prova.
O canadense Ted-Jan Bloemen foi campeão mundial em 2020 e prata em PyeongChang nesta prova e entra na briga pelas outras medalhas com os holandeses Patrick Roest, tricampeão mundial de All round e campeão europeu semana passada, e Jorrit Bergsma, quatro vezes vice mundial. O italiano Davide Ghiotto, o russo Ruslan Zakharov e o belga Bart Swings também brigam por pódio.
Minha aposta: Ouro – Nils van der Poel (SWE); Prata – Ted-Jan Bloemen (CAN); Bronze – Patrick Roest (NED)
10.000m masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Ted-Jan Bloemen (CAN); Prata – Jorrit Bergsma (NED); Bronze – Nicola Tumolero (ITA)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Nils van der Poel (SWE); Prata – Jorrit Bergsma (NED); Bronze – Aleksandr Rumyantsev (RUS)
Mais uma prova que está desde o início dos Jogos e aqui a Holanda lidera com 7 ouros em 22 disputas (em 1928 a prova foi cancelada por conta das más condições do gelo). Em Mundiais, a Holanda venceu todos os títulos desde 1996 até 2019, mas acabou perdendo nos mundiais de 2020 e de 2021.
Neste último, a vitória foi do sueco Nils van der Poel, que brilhou, batendo o recorde mundial com 12:32.95. Na etapa norueguesa da Copa do Mundo, ele chegou perto deste tempo ao vencer com 12:38.92. O canadense Ted-Jan Bloemen venceu esta prova em 2018 e chega com o 3º melhor tempo do ano e tem boas chances, assim como seu compatriota Graeme Fish.
Já os holandeses querem trazer o ouro de volta e tem dois excelentes nomes: Jorrit Bergsma e Patrick Roest. Bergsma faz 36 anos às vésperas da cerimônia de abertura e também segue para sua última Olimpíada. Ele foi campeão em Sochi-2014 e já venceu esta prova três vezes em Mundiais. Este ano fez 12:39.67, ficando muito próximo do melhor tempo da temporada de van der Poel. A briga promete.
Minha aposta: Ouro – Nils van der Poel (SWE); Prata – Jorrit Bergsma (NED); Bronze – Ted-Jan Bloemen (CAN)
Saída em massa masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Lee Seung-hoon (KOR); Prata – Bart Swings (BEL); Bronze – Koen Verweij (NED)
Pódio último mundial (2021): Ouro – Joey Mantia (USA); Prata – Arjan Stroetinga (NED); Bronze – Bart Swings (BEL)
Prova mais nova do programa olímpico, fez sua estreia apenas em PyeongChang-2018, com vitória do sul-coreano Lee Seung-hoon, que faz uma temporada média, mas sem pódios em Copas do Mundo. Ele começou sua carreira na patinação de velocidade em pista curta, tem dois títulos mundiais, mas migrou pra longa e também tem o ouro olímpico nos 10.000m em Vancouver-2010, além do título mundial na saída em massa em 2016.
O principal nome da prova é o do americano Joey Mantia, que já venceu três títulos mundiais em apenas 6 disputados na história. Ele já era o favorito em 2018, mas não consegui medalha. Na sua semifinal, pegou a última vaga para a decisão e, na final, cruzou a linha em 4º lugar, sem medalha, mas como a prova é por pontos, terminou em 9º.
Assim como Mantia, o belga Bart Swings teve uma carreira espetacular na patinação inline, com 4 ouros nos Jogos Mundiais (as Olimpíadas dos esportes não olímpicos), 11 títulos mundiais e dezenas de medalhas em europeus, tanto na pista como na rua. Agora totalmente focado no gelo, Swings foi prata em PyeongChang e bronze no último Mundial, além de ter dois títulos europeus, um inclusive este ano. Jorrit Bergsma e Sven Kramer serão os representantes holandeses na prova. Bergsma foi campeão mundial em 2020, mas Kramer raramente a disputa e pode ser atrapalhado pela falta de experiência nesta prova muito técnica e muito estratégica. De olho no russo Ruslan Zakharov, que foi campeão olímpico no revezamento na pista curta em Sochi-2014 e pode ser mais um dos poucos a vencer medalha em esportes olímpicos diferentes. O suíço Livio Wenger, o dinamarquês Viktor Hald Thorup e o italiano Andrea Giovannini são outros bons nomes.
Minha aposta: Ouro – Bart Swings (BEL); Prata – Ruslan Zakharov (RUS); Bronze – Joey Mantia (USA)
Perseguição por equipes masculino
Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Noruega; Prata – Coreia do Sul; Bronze – Holanda
Pódio último mundial (2021): Ouro – Holanda; Prata – Canadá; Bronze – Rússia
A prova de perseguição por equipes estreou nos Jogos em Turim-2006, quando os donos da casa fizeram a festa ao vencê-la. Nas três Olimpíadas seguintes, três vencedores diferentes: Canadá, Holanda e Noruega. Os noruegueses são os únicos que estiveram em todos os pódios e também dominam por absoluto esta prova em Mundiais, com 12 vitórias em 13 disputas. Lembrando que em Mundiais, esta prova é apenas uma tomada de tempo, enquanto nos Jogos há quartas de final, semifinais e finais.
Mais uma vez, Holanda é a grande favorita e terá a mesma equipe que acabou de vencer o Europeu: Marcel Bosker, o espetacular Sven Kramer e Patrick Roest. Mas quem lidera a Copa do Mundo e pegou a 1ª vaga na classificação olímpica é os Estados Unidos, que surpreenderam vencendo duas etapas na temporada. A Noruega é outra força, vem do ouro em 2018 e de pódios recentes em Mundiais. Estão sem o aposentado Havard Bokko, mas contam com Sverre Lunde Pedersen na equipe. O Canadá tem Ted-Jan Bloemen e Connor Howe na equipe e pode pegar uma medalha, assim como a sempre forte e perigosa Rússia.
Minha aposta: Ouro – Noruega; Prata – Holanda; Bronze – Rússia