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Os Olímpicos

Prévias Pequim-2022 – Esqui Alpino Masculino

Com um mês para o início dos Jogos, começo hoje a série de prévias de cada uma das 109 provas a serem disputadas nos Jogos de inverno, falando como cada uma funciona e quem são os favoritos.

Começando com o esqui alpino, um dos carros chefes dos Jogos de Inverno e um dois esportes mais esperados, com grandes nomes das modalidades de inverno. Apesar da sua importância, ele só entrou no programa olímpico na sua 4ª edição, em Garmisch-Partenkirchen-1936, na Alemanha.

Serão 11 provas disputadas, repetindo o programa de PyeongChang-2018, quando entrou a prova por equipes.

A Áustria é a grande campeã da modalidade, já tendo conquistado 37 ouros e 121 medalhas no total em 153 provas disputadas, seguida da Suíça, com 22 ouros e 66 medalhas.

Como funciona

As provas do esqui alpino consistem basicamente em descer uma montanha no menor tempo possível, mas as provas tem tamanhos, dificuldades e técnicas diferentes. O downhill e o Super-G são consideradas provas de velocidade e são as mais longas, com apenas uma descida por atleta. Já o slalom e o slalom gigante são provas técnicas, mais curtas, onde cada atleta desce duas vezes e os tempos são somados. Ainda existe a prova combinada, onde cada esquiador faz um downhill e um slalom, somando-se os tempos, e a prova por equipes, onde explicarei mais pra frente.

Downhill masculino

Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Aksel Lund Svindal (NOR); Prata – Kjetil Jansrud (NOR); Bronze – Beat Feuz (SUI)

Pódio último mundial (2021): Ouro – Vincent Krischmayr (AUT); Prata – Andreas Sander (GER); Bronze – Beat Feuz (SUI)

Prova mais rápida do esqui, o downhill masculino vai abrir a competição da modalidade no 1º domingo dos Jogos. As pistas de downhill costumam ser bem longas, com mais de 3.000m e com uma queda vertical de quase 1.000m e os atletas atingem velocidades de mais de 120km/h. Cada atleta faz uma descida por vez e o melhor tempo vence. Os 30 melhores do ranking largam na frente e pegam uma pista menos mexida e normalmente mais rápida. A prova é disputada nos Jogos desde St. Moritz-1948 e já teve 19 disputas, sendo a Áustria a maior campeã, com 7 ouros e 18 medalhas ao todo. Não há nenhum bicampeão olímpico na história.

O downhill tem sido dominado recentemente por austríacos e suíços, com alguns poucos entrando no meio. O suíço Beat Feuz foi bronze nesta prova em 2018 e campeão mundial em 2017. Foi campeão da Copa do Mundo no downhill por 4 temporadas seguidas de 2018 a 2021 e conta com 12 vitórias em etapas do circuito até hoje, com 42 pódios apenas no downhill. Os dois principais austríacos são Matthias Mayer e Vincent Kriechmayr. Mayer foi campeão olímpico em 2014 no downhill e em 2018 no Super-G, mas curiosamente nunca venceu uma medalha em Mundiais e tem apenas 11 vitórias em Copas do Mundo, 7 no downhill. Já Kriechmayr brilhou no Mundial de 2021 em Cortina D’Ampezzo vencendo dois ouros, no downhill e no Super-G. 7º em PyeongChang, tem 9 vitórias em Copas do Mundo, sendo apenas 3 no downhill.

O italiano Dominik Paris tem boas chances aqui. 4º no último Mundial e na última Olimpíada, ele foi ouro no Super-G no Mundial de 2019 e já venceu 16 vezes esta prova na Copa do Mundo. Já o norueguês Aleksander Aamodt Kilde tem tudo pra fazer jus ao seu país, que conseguiu uma dobradinha em PyeongChang. Kilde foi campeão geral da Copa do Mundo em 2019-20, temporada interrompida pelo início da pandemia, mas ficou de fora de quase toda a temporada de 2020-21 por conta de uma lesão, não competindo no último Mundial. Ele tem batido na trave nos últimos mundiais.

Minha aposta: Ouro – Beat Feuz (SUI); Prata – Dominik Paris (ITA); Bronze – Vincent Kriechmayr (AUT)

Super-G masculino

Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Matthias Mayer (AUT); Prata – Beat Feuz (SUI); Bronze – Kjetil Jansrud (NOR)

Pódio último mundial (2021): Ouro – Vincent Kriechmayr (AUT); Prata – Romed Baumann (GER); Bronze – Alexis Pinturault (FRA)

Também conhecido como slalom super-gigante, o Super-G foi a última prova individual a ser incluída no programa dos Jogos, em Calgary-1988. Ela inclui a velocidade do downhill, com um pouco mais de curvas, mas não chega a ser tão técnico quanto o slalom gigante. Os percursos tem por volta de 2km com uma queda vertical menor que o downhill, em torno dos 600m. Cada atleta faz apenas uma descida e o melhor tempo vence.

Em 9 disputas olímpicas, a Noruega venceu 5 delas, sendo 4 seguidas entre Salt Lake City-2002 e Sochi-2014. Kjetil André Aamodt foi tricampeão da prova, em 1992, 2002 e 2006. Já em Mundiais, a última vitória norueguesa foi apenas em 1999. Italianos, austríacos e americanos se destacaram nos últimos pódios.

Aleksander Aamodt Kilde tem se mostrado como o principal nome da prova e tem boas chances de colocar a Noruega de novo no topo. Ele venceu 3 provas seguidas em dezembro. Campeão geral da copa do Mundo em 2020, Kilde tem 6 vitórias em Copas do Mundo e 14 pódio apenas no Super-G. Uma lesão o tirou do Mundial de 2021. O suíço Marco Odermatt vez fazendo uma espetacular temporada liderando a Copa do Mundo geral com boa vantagem. Aos 24 anos chegará em Pequim com uma grande bagagem e como um dos favoritos para múltiplas medalhas. No Mundial Júnior de 2018, Odermatt brilhou ao vencer nada menos que 5 ouros (Downhill, Super-G, slalom gigante, combinada e equipe). Já soma 8 vitórias em Copas do Mundo na carreira e 20 pódios.

O austríaco Vincent Kriechmayr é o atual campeão mundial da prova e conta com 6 vitórias e 15 pódios no Super-G na carreira. Seu compatriota Matthias Mayer é o atual campeão olímpico e já foi outras três vezes top-6 nesta prova em Mundiais.

Minha aposta: Ouro – Aleksander Aamodt Kilde (NOR); Prata – Matthias Mayer (AUT); Bronze – Vincent Kriechmayr (AUT)

Slalom gigante masculino

Alexis Pinturault (FRA)

Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Marcel Hirscher (AUT); Prata – Henrik Kristoffersen (NOR); Bronze – Alexis Pinturault (FRA)

Pódio último mundial (2021): Ouro – Mathieu Faivre (FRA); Prata – Luca De Aliprandini (ITA); Bronze – Marco Schwarz (AUT)

Disputada desde Oslo-1952, o slalom gigante é a prova que mais atrai atletas no mundo. Cada um faz duas descidas diferentes e os tempos são somados. Em Copas do Mundo, normalmente apenas os 30 melhores passam para a 2ª descida, mas em Mundiais e Jogos Olímpicos todos descem duas vezes., mas os 30 melhores da 1ª descida competem antes, em ordem invertida, pegando uma pista melhor. Em 18 disputas olímpicas, a Áustria tem 5 ouros e 19 medalhas, seguida da Suíça com 4 títulos e 11 pódios. Maior nome da modalidade e campeão em 2018, o austríaco Marcel Hirscher se aposentou após uma carreira absurdamente vitoriosa.

Não faltam favoritos aqui. O suíço Marco Odermatt faz uma grande temporada e, em 4 provas disputadas até auqi, venceu 3 e foi 2º na outra. Na temporada anterior já tinha se mostrado competitivo, ficando em 2º lugar no geral. Já foi bicampeão mundial júnior desta prova. Mas o grande nome é o do francês Alexis Pinturault. Campeão geral da Copa do Mundo de 2020-21, ele foi bronze nas duas últimas Olimpíadas e tem mais dois bronzes em mundiais. Soma 18 vitórias em Copas do Mundo e 37 pódios apenas no slalom gigante. Apesar de não fazer uma grande temporada, é um nome muito experiente e um dos favoritos.

O norueguês Henrik Kristoffersen foi campeão mundial em 2019 e prata em PyeongChang-2018, além de ter sido tricampeão mundial júnior. Apesar de somar apenas 4 vitórias nesta prova em Copas do Mundo, ele já esteve em 21 pódios e venceu o título da Copa do Mundo em 2020. O francês Mathieu Faivre brilhou no último Mundial ao vencer esta prova e a paralela, que não é olímpica. Sétimo na última Olimpíada, ele tem apenas 2 vitórias na carreira. Outros nomes fortes são os do italiano Luca De Aliprandini, prata no último Mundial, do esloveno Zan Kranjec, 4º em 2018, do croata Filip Zubcic, 4º no último Mundial, do suíço Loïc Meillard, 5º no último Mundial, e do austríaco Manuel Feller.

Minha aposta: Ouro – Marco Odermatt (AUT); Prata – Alexis Pinturault (FRA); Bronze – Henrik Kristoffersen (NOR)

Slalom masculino

Pódio PyeongChang-2018: Ouro – André Myhrer (SWE); Prata – Ramon Zenhäusern (AUT); Bronze – Michael Matt (AUT)

Pódio último mundial (2021): Ouro – Sebastian Foss-Solevaag (NOR); Prata – Adrian Pertl (AUT); Bronze – Henrik Kristoffersen (NOR)

Talvez a prova mais tradicional do esqui alpino, o slalom é absurdamente técnico, com muitas curvas rápidas. Para um leigo, aparenta ser quase impossível entender o caminho que o atleta deve fazer, já que tudo aparenta ser um bosque de balizas aleatórias. O percurso costuma ser bem mais curto, com descidas que duram uns 50s. Cada atleta faz duas e os tempos são somados. Na 2ª descida, os 30 melhores iniciam de forma invertida. Em 19 disputas olímpicas, a Áustria tem 7 ouros, mas curiosamente o seu maior esquiador Marcel Hirscher, especialista nesta prova, nunca venceu, tendo conquistado apenas uma prata. Já aposentado, ele somou na carreira 3 títulos mundiais, 32 vitórias em Copas do Mundo e 65 pódios apenas no slalom, além de 6 títulos da Copa do Mundo na disciplina.

Após a aposentadoria de Hirscher, talvez o maior nome da prova seja o do norueguês Henrik Kristoffersen, bronze em Sochi-2014 e também no último Mundial. São 19 vitórias em Copas do Mundo na disciplina e 42 pódios, além de 2 títulos de temporada. Campeão da prova na temporada passada, o austríaco Marco Schwarz foi bronze no Mundial de 2019, mas tem tido problemas no slalom nesta temporada e ainda não conseguiu completar uma prova. O atual campeão mundial é outro norueguês: Sebastian Foss-Solevaag, que foi uma enorme zebra, já que tinha até então apenas 1 vitória em Copas do Mundo. O francês Clément Noël foi campeão mundial júnior em 2018 e ficou muito perto do pódio olímpico em 2018, com o 4º lugar a apenas 0.04 do pódio. Ele disputa praticamente apenas o slalom e, em 4 temporadas, já venceu 9 etapas e subiu 16 vezes ao pódio. Outros para ficar de olho são o austríaco Manuel Feller, prata no Mundial em 2017, o suíço Daniel Yule, o alemão Linus Strasser, o francês Victor Muffat-Jeandet e o suíço Ramon Zenhäusern, prata em PyeongChang-2018.

Minha aposta: Ouro – Clément Noël (FRA); Prata – Marco Schwarz (AUT); Bronze – Henrik Kristoffersen (NOR)

Combinada masculina

Pódio PyeongChang-2018: Ouro – Marcel Hirscher (AUT); Prata – Alexis Pinturault (FRA); Bronze – Victor Mufat-Jeandet (FRA)

Pódio último mundial (2021): Ouro – Marco Schwarz (AUT); Prata – Alexis Pinturault (FRA); Bronze – Loïc Meillard (SUI)

Como o próprio nome diz, esta prova combina uma de velocidade com um técnica. Os esquiadores fazem primeiro uma prova de downhill e depois uma de slalom, para coroar o atleta mais completo. Curiosamente, esta foi a 1ª prova olímpica do esqui alpino, que estreou em Garmisch-Partenkirchen-1936. Ela voltou em St. Moritz-1948 após a 2ª Guerra, mas foi retirada do programa, voltando apenas em Calgary-1988. Em 11 disputas olímpicas, foram 3 ouros austríacos. Até Turim-2006,  os atletas faziam duas descidas de slalom, o que dava uma enorme vantagem para os especialistas nessa modalidade. Como a prova mistura duas descidas muito diferentes, ela pode ser uma grande surpresa, já que um grande atleta de downhill pode ter enormes dificuldades no slalom e vice-versa.

Apesar de ser antiga, histórica e interessante, ela é muito pouco disputada no circuito da Copa do Mundo e sua disputa tem se resumido mais a Mundiais e Jogos Olímpicos.

O francês Alexis Pinturault talvez seja o maior nome da combinada na atualidade. Ele já venceu 10 vezes esta prova no circuito, levando 4 títulos de temporada, foi campeão mundial em 2019 e prata em 2021 e prata nos Jogos Olímpicos de 2018. Apesar de quase não competir no downhill, Pinturault tem um ótimo Super-G e ainda consegue fazer uma prova de slalom decente, o colocando como grande favorito. Seu compatriota Victor Muffat-Jeandet tem 5 pódios em Copas do Mundo e foi bronze em PyeongChang. O austríaco Marco Schawrz é o atual campeão mundial e foi 4º na última Olimpíada. Também podem beliscar um pódio os suíços Loïc Meillard, bronze no último Mundial, Luca Aerni, campeão mundial em 2017, e Marco Odermatt, atual líder da Copa do Mundo.

Minha aposta: Ouro – Alexis Pinturault (FRA); Prata – Marco Odermatt (SUI); Bronze – Marco Schwarz (AUT)

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