Itália: a nova potência do atletismo?
O dia começou cedo em Sapporo às 5:30 da manhã para a largada da extenuante prova da Marcha de 50km masculina, que faz sua despedida olímpica. O polonês Dawid Tomala conseguiu seu grande resultado da vida. Ele era especializado nos 20km, mas subiu para os 50km e levou o ouro com 3:50:08. O alemão Jonathan Hilbert é outro nome desconhecido que sobe ao pódio com a prata com 3:50:44. Bronze no último Mundial, o canadense Evan Dunfee completou o pódio com 3:50:59.
Ainda em Sapporo, à tarde, a Marcha de 20km feminina viu mais uma vitória italiana, assim como no masculino no dia anterior. Antonella Palmisano desgarrou das líderes com 3km pro fim para vencer com 1:29:12, debaixo de muito calor. A disputa da prata estava, no quilometro final, entre a colombiana Sandra Arenas e a brasileira Érica de Sena, mas a brasileira tomou sua 3ª advertência e precisou fazer uma parada de 2min como punição. Mas o frustrante é que ela teve que parar 50m antes da linha de chegada, logo após ultrapassar a colombiana, que acabou com a prata com 1:29:37. O bronze foi pra chinesa recordista mundial Liu Hong com 1:28:57, enquanto Érica acabou na 11ª posição. Uma das medalhas perdidas mais sofridas do Brasil.
Voltando ao estádio, a única prova de campo desta sexta-feira foi o lançamento de dardo feminino. Sem nenhuma grande favorita, o ouro foi pra chinesa vice-campeã mundial Liu Shiying, que venceu com 66,34m, marca da sua 1ª tentativa. A polonesa Maria Andrejczyk ficou com a prata com 64,61m e a australiana Kelsey-Lee Barber bronze com 64,56m.
Na pista, Joshua Cheptegei, de Uganda, foi pra frente nos 300m finais para levar o ouro nos 5.000m com 12:58.15. Os concorrentes também apertaram o passo, mas não foi o suficiente. O canadense Mohammed Ahmed ficou com a prata com 12:58.61 e o americano Paul Chelimo completou o pódio com 12:59.05. Ahmed nasceu na Somália e Chelimo no Quênia.
A holandesa Sifan Hassan não conseguiu cumprir a sua meta ambiciosa de três ouros nas provas de fundo. Após vencer os 5.000m, ela voltou pra final dos 1.500m, prova que venceu no Mundial de 2019. Ela foi pra frente do pelotão, mas na volta final não aguentou o ritmo e foi ultrapassada. A queniana Faith Kipyegon venceu com 3:53.11, novo recorde olímpico, a britânica Laura Muir ultrapassou Hassan faltando 50m pro fim e foi prata com 3:54.50, enquanto a holandesa levou o bronze com 3:55.86.
Shaunae Miller-Uibo sobrou pra faturar o bicampeonato olímpico dos 400m. No Rio-2016, ela precisou se jogar na linha de chegada para levar o ouro sobre a americana Allyson Felix. Dessa vez, correu demais e venceu com folga com 48.36, 10º melhor tempo da história. A dominicana Marileidy Paulino ficou com a prata com 49.20 e Felix, aos 35 anos depois de ser mãe, conquistou o bronze com 49.46, sua 10ª medalha olímpica. Ela agora tem 6 ouros, 3 pratas e levou seu 1º bronze.
Apesar de péssimas trovas de bastão, principalmente na 1ª passagem, a Jamaica venceu o revezamento 4x100m feminino com 41.02, o 3º melhor tempo da história, dando a Elaine Thompson-Herah seu 5º ouro olímpico. Se acertassem as trocas, iria bater tranquilamente o recorde mundial de 40.82. Também sem trocas limpas, os Estados Unidos foi prata com 41.45 e a Grã-Bretanha levou o bronze com 41.88.
Na final do 4x100m masculino, as coisas estavam mais abertas. Os americanos foram muito mal nas eliminatórias e nem pegaram final. Aproveitando isso, a Itália, que tinha na sua equipe o campeão dos 100m Marcell Jacobs, venceu com 37.50. Na última troca, eles estavam um pouco atrás da equipe britânica, mas Filippo Tortu voou para passar Nethaneel Mitchell-Blake e levar o ouro. Os britânicos foram prata com 37.51 e o Canadá bronze com 37.70. Com este 3º lugar, André De Grasse chegou a sua 6ª medalha olímpica. Ele esteve no pódio dos 100m, 200m e do 4x100m no Rio e agora em Tóquio.
Laura Kenny maior britânica da história
Na estreia da prova de Madison feminina no ciclismo de pista, a dupla britânica Laura Kenny e Katie Archibald dominou por completo para levar o ouro. Elas venceram 10 dos 12 sprints, incluindo o último que vale o dobro de pontos, e ainda deram uma volta no pelotão, somando 78 pontos para levar o ouro. Quem acompanhou as britânicas na volta extra foram a Dinamarca e a equipe russa que, com esses 20 pontos a mais, tiraram do pódio as favoritas Holanda e França. As dinamarquesa Amalie Dideriksen e Julie Leth foram prata com 35 pontos e as russas Gulnaz Khatuntseva e Maria Novolodskaya bronze com 26. Com esta vitória, Kenny chegou ao seu 5º ouro olímpico e 6ª medalha, se igualando no total à Charlotte Dujardin, do hipismo adestramento. Mas está isolada com 5 ouros e tem tudo para mais uma medalha neste sábado.
Os holandeses Harrie Lavreysen e Jeffrey Hoogland confirmaram o favoritismo e fizeram a final do sprint individual masculino. Bicampeão mundial, Lavreysen perdeu o 1º combate na final para Hoogland, mas virou nos 2 seguintes para levar o ouro. O britânico Jack Carlin ficou com o bronze ao vencer o russo Denis Dmitriev.
E deu Canadá nos pênaltis
A final do futebol feminino terminou empatada entre Suécia e Canadá em 1-1 e foi para a disputa dos pênaltis. Suécia começou errando, depois foram 3 erros seguidos das cobradoras canadenses. Se fizesse, o ouro sueco estaria muito perto, mas Anna Anvegaard perdeu. Na 5ª cobrança, um gol sueco daria novamente o ouro, mas Caroline Seger perdeu também. Nas alternadas, Julia Grosso marcou pro Canadá e foi a vez da Suécia perder a 3ª seguida com Jonna Andersson e dar o ouro de bandeja pro Canadá. Curiosamente, o Canadá só fez gols de pênaltis na fase final. Venceu o Brasil nos pênaltis após um 0-0, derrotou os Estados Unidos na semifinal por 1-0 com gol de pênalti e, na final, empatou em 1-1 com gol de pênalti e venceu a disputa dos pênaltis. Na disputa do bronze, realizada na quinta-feira, vitória dos Estados Unidos por 4-3 na Austrália com direito a gol olímpico de escanteio de Megan Rapinoe.
3º ouro cubano
Julio la Cruz dominou a final do boxe na categoria pesado e levou seu 2º ouro olímpico. Contra o russo Muslim Gadzhimagomedov, ele mandou na luta com seu jeito meio marrento e trabalhando muito bem nas esquivas. O cubano chegou a se desequilibrar duas vezes, mas nada foi computado, e ele venceu por unanimidade o ouro. Os bronzes ficaram com o brasileiro Abner Teixeira, que perdeu na semifinal pro cubano, e pro neozelandês David Nyika.
Holanda vence no hóquei
Favorita na final do hóquei na grama sobre a Argentina, a Holanda comandou o jogo e venceu as Leonas por 3-1 para conquistar a 4ª medalha da história, se tornando a maior vencedora do hóquei feminino. Não foi dessa vez que a Argentina venceu no hóquei feminino. Na disputa do bronze, em jogo de duas viradas, a Grã-Bretanha venceu por 4-3 a Índia, que buscava uma medalha inédita.
Definição no pentatlo feminino
A alemã Annika Schleu estava com tudo no pentatlo após ser a melhor na esgrima e um bom resultado na natação. Líder, ela acabou sendo eliminada na prova de hipismo e zerou os pontos, assim como a brasileira Ieda Guimarães, acabando com suas chances de medalha. Quem aproveitou foi a britânica Kate French. Ela largou para a prova combinada de corrida com tiro 15s atrás da russa Uliana Batashova, mas, com ótimas passagens no tiro e uma boa corrida, French cruzou em 1º lugar com 1370 pontos. Grande corredora, a lituana campeã olímpica em 2012 Laura Asadauskaite largou em 13º 37s atrás de French, mas ultrapassou 12 atletas e pegou a prata com 1370 pontos, enquanto a húngara Sarolta Kovács foi bronze com 1368, 2s atrás da lituana.
Garnbret é ouro na escalada
Maior nome da escalada feminina da história, a eslovena Janja Garmbret brilhou na final. Na prova de velocidade, ela foi 5ª enquanto a polonesa Aleksandra Miroslaw venceu com recorde mundial de 6.84. Na prova do boulder, Garnbret foi a única que conseguiu chegar ao topo nas difíceis e desafiantes paredes. Eram 3 paredes e ela chegou ao topo em 2 delas. Já na prova final do Lead, a grande parede e sua maior especialidade, ela foi a que chegou mais alto, na 37ª agarra e, com esses resultados, venceu a prova com 5 pontos. Dobradinha japonesa no pódio com a prata para Miho Nonaka e bronze para Akiyo Noguchi.
Só dá China no tênis de mesa
Novamente surpreendendo zero pessoas, a China levou o ouro na disputa por equipes masculina do tênis de mesa, com um 3-0 sobre a fortíssima equipe alemã. Nas duplas Xu Xin/Ma Long fizeram 3-0 em Patrick Franziska/Timo Boll, depois Fan Zhendong sofreu com 3-2 sobre Dimitrij Ovtcharov e Ma Long selou a vitória com 3-1 sobre Timo Boll. 5º ouro de Ma Long e a 6ª medalha de Ovtcharov, o maior não-chinês da história olímpica.
Ross finalmente leva seu ouro
Na decisão da medalha de ouro de vôlei de praia feminino, vitória tranquila das americanas April Ross e Alix Klineman 21-15 21-16 sobre as australianas Clancy/Artacho del Solar. Ross tinha sido prata em Londres e bronze no Rio, e agora chega a uma medalha de cada cor. Na disputa do bronze, as suíças Heidrich/Vergé-Dépré venceram 21-19 21-15 as letãs Kravcenoka/Graudina.
Virada no último segundo!
Mais um ouro russo na luta livre, com o bicampeão mundial Zaurbek Sidakov nos 74kg. Ele venceu o bielorrusso Mahamedkhabib Kadzimahamedau por 7-0 para ficar com o título. Bronzes para o americano Kyle Dake, que venceu o italiano bicampeão mundial Frank Chamizo, e para o usbeque Bekzod Abdurakhmonov.
Mas a luta do dia foi a final dos 125kg. O georgiano Geno Petriashvili liderava sobre o americano Gable Steveson com 8-7 e, faltando 5s pro fim, Steveson foi pro desespero para tentar pegar o georgiano pelas costas e conseguiu fa;tando menos de 1 segundo! Ele virou a luta para vencer por 10-8 numa vitória histórica. Bronzes para o iraniano Amir Hossein Zare e para o turco Taha Akgül.
Na última final, a japonesa Mayu Mukaida venceu a chinesa Pang Qianyu por 5-4, após abrir 5-0. Foi o 3º ouro japonês na luta feminina em Tóquio, modalidade esta que elas são as melhores do mundo. A bielorrussa Vanesa Kaladzinskaya e a mongol Bat-Ochiryn Boloruyaa ficaram com os bronzes.
Mais três finais no karatê
Favorito ao ouro, o japonês Ryo Kiyuna venceu a disputa do kata masculino sobre o espanhol Damian Quintero. Na final, Kiyuna tirou 28,72 contra 27,66 do espanhol, repetindo os resultados dos dois últimos mundiais. O americano Ariel Torres e o turco Ali Sofuoglu ficaram com os bronzes.
Na disputa dos 61kg feminino, a sérvia Jovana Prekovic e a chinesa Yin Xiaoyan fizeram a final, mas ninguém pontuou e a decisão coube aos árbitros, na bandeirada. Por 4-1, a escolha deles foi pela sérvia, atual campeã mundial. Bronzes para a turca Merve Çoban e para a egípcia Giana Farouk.
Nos 75kg masculino, o ouro foi pro italiano Luigi Busà que venceu o forte azeri Rafael Aghayev por 1-0, marcados com 20s pro fim da luta. As medalhas de bronze foram para o húngaro Gábor Hárspataki e para o ucraniano Stanislav Horuna.