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Olimpíada

Com o alerta ligado, Brasil se prepara para a Olimpíada

Campeão olímpico Thiago Braz compete em Karlsruhe, na Alemanha
Divulgação

Com federações de diferentes modalidades sofrendo com problemas de gestão, Brasil liga o alerta na preparação para a Olimpíada de Tóquio de 2020

Por Cláudio Nogueira

A crise econômica enfrentada pelo país e as dificuldades de gestão e transparência com as quais as confederações e entidades esportivas brasileiras vêm tendo que lidar poderão ter um peso na preparação e nos resultados da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio, cuja abertura está prevista para acontecer a 24 de julho de 2020. Nas entrelinhas, é o que se pode perceber da apresentação feita pelo Comitê Olímpico do Brasil nesta segunda-feira, para marcar os dois anos para o megaevento japonês. De acordo com o diretor executivo de esportes, Jorge Bichara, o momento é de alerta e de uma atenção toda especial a algumas confederações que vêm encontrando dificuldades em relação ao recebimento de recursos da Lei Agnelo/Piva (que destina ao esporte 2% da arrecadação das loterias mas exige o cumprimento de normas de gestão e transparência).

“O alerta amarelo está ligado para todos. Algumas confederações, por problemas de gestão, causam, sim, preocupações, para que esses problemas não tenham influência nos resultados esportivos”, afirmou Bichara. “O COB vem trabalhando bem de perto junto às confederações de basquete, esportes aquáticos e taekwondo, por suas dificuldades junto à Lei Agnelo/Piva. Elas conduzem bem as suas questões internas. Mas trabalhamos junto a elas, no que diz respeito a suas representações internacionais.”

De acordo com Bichara, a delegação brasileira em Tóquio, no Japão, deverá ter 250 atletas, um numero bem inferior aos 465 desportistas brasileiros nos Jogos do Rio, em 2016, em que a equipe brasileira era bem maior por se tratar do país-sede. Para a aclimatação, o Brasil terá oito cidades-base em território japonês: Chuo, bem próxima da Vila de Atletas, onde os desportistas brasileiros poderão ter comida brasileira, e serviços específicos, como lounge para a família, performance, sala de força e fisioterapia; Koto, Ota, Hamamatsu, Saitama, Enoshima, Chiba e Sagamihara. Tudo isso resultado numa permuta de informações e de infra-estrutura iniciada em 2013 com os japoneses, que receberam do COB orientações sobre onde poderiam fazer sua aclimatação nos Jogos do Rio. Levar comida brasileira para os atletas é considerado um ponto importante pelo COB, para que os competidores se sintam em casa. Os atletas poderão caminhar da Vila Olímpica até Chuo, para almoçar, por exemplo. Será a primeira vez que o COB vai montar uma cozinha brasileira em Jogos no exterior.

A partir desta segunda-feira, faltam 732 dias para a abertura dos Jogos. Até o momento, de acordo com Bichara, em 2018, o COB investiu R$ 153,060 milhões no atual ciclo olímpico, a ser encerrado em 2020. Nos Jogos Rio-2016, o Brasil obteve seu recorde de medalhas, com 19, e de ouros, com 7. Além disso, foram 6 pratas e 6 bronzes.   Metas para 2020? Número de medalhas? Por enquanto, para os dirigentes da entidade, não é hora de se falar nisso.

“Somente após a temporada de 2019 é que o COB irá se pronunciar sobre números e metas de medalhas. Mas, sim, buscamos a melhor participação brasileira nos Jogos de 2020. Embora seja difícil obter uma campanha melhor do que a edição anterior, em casa. É algo tão difícil que somente o Reino Unido conseguiu ser melhor em 2016 do que na sua Olimpíada em casa, a de 2012”, comentou Bichara.

De qualquer forma, ainda que sem estabelecer metas, o COB quer continuar a obter medalhas em pelo menos dez modalidades, estando atento ao fato de que o programa olímpico de 2020 terá novos esportes: skate, surfe, caratê, escalada e beisebol/softbol. Dados levantados pelo comitê dão conta de que até o último domingo, o Brasil tinha 30 atletas/equipes em top 3 mundial; 25 atletas/equipes de quarto a décimo; e 38 atletas/equipes entre as posições 11 e 20 do mundo. O fuso  de 12 horas em relação a Brasília, e as altas temperaturas, acima dos 30 graus com altas taxas de umidade, serão preocupantes para todos. Bichara destacou a importância do trabalho de técnicos estrangeiros, no ciclo anterior, como o espanhol Jesus Morlán, da canoagem; o cuidado na compra dos melhores equipamentos, como um barco para o 49er medalha de ouro olímpico, de Martine Grael e Kahena Kunze (a embarcação está na Nova Zelândia); e o trabalho do Laboratório do CT Time Brasil, no Parque Olímpico da Barra.

“Não existe medalha fácil. Não existe medalha ganha”, ressaltou Bichara, observando que, em relação aos novos esportes olímpicos, como o surfe, o modelo de torneio olímpico é diferente daquele a que os atletas estão acostumados nos circuitos WCT ou WQS, e que esses atletas terão uma experiência nova, a de conviverem numa Vila Olímpica.

Ainda este ano, em Buenos Aires, na Argentina, o Brasil vai participar dos Jogos Olímpicos da Juventude. Ano que vem, o maior evento poliesportivo serão os Jogos Pan-Americanos, em Lima, no Peru.

“Os Jogos da Juventude serão um cenário interessante para a observação de novos atletas. Deles, saíram nomes como Thiago Braz (atletismo), Flávia Saraiva (ginástica), Isaquias Queiroz (canoagem), Hugo Calderano (tênis de mesa), Felipe Wu (tiro esportivo). Para o Pa-2019, a pricipal meta é a de classificar modalidades para Tóquio. No Pan-2015, em Toronto, tomamos a decisão de levar  Martine e Kahena, para dar a elas experiência poliesportiva, tendo em vista a Rio-2016”, afirmou Bichara, acrescentando que no fim deste ano deverão ser anunciadas as metas para o Pan de Lima.

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