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Olimpíada

Consciência Negra: pódio, orgulho e representatividade

Reprodução/Instagram

A judoca Rafaela Silva, medalhista olímpica, e o nadador João Gomes Jr, vice campeão mundial, conversaram com o Olimpíada Todo Dia sobre Consciência Negra.

por Gessyca Rocha

Quando buscamos alcançar um sonho, muitas vezes, nos espelhamos em conquistas e referências de outras pessoas. Isso é bem comum no esporte. É um jeito de se identificar, se sentir representado e capaz de chegar lá. Chegar no pódio.

Hoje, Dia da Consciência Negra, nada mais justo que refletirmos o quanto é importante discutirmos sobre orgulho e representatividade. Dia 20 de Novembro é aniversário da morte do Zumbi dos Palmares, considerado símbolo da resistência contra a escravidão. Ele foi uma referência.

O nadador João Gomes Júnior, vice campeão Mundial, quando criança se espelhava em Edvaldo Valério, bronze no revezamento 4×100 nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000.

“O Edvaldo era o único negro que tinha sido medalhista na época em que eu comecei a nadar. É bom sentir a representação. Hoje, eu percebo que o posto de inspirar outras gerações passou pra mim. Eu acho muito gratificante saber que o nosso trabalho está dando certo. O que eu tento aconselhar pra todo mundo, que já sofreu algum preconceito descarado é: dar a outra face, pois essas pessoas são irrelevantes”.

Antes de disputar uma Olimpíada, a judoca Rafaela Silva, que ganhou o primeiro ouro do Brasil na Rio 2016, se inspirava no judoca Flávio Canto. Hoje, ela quem inspira muita gente. Após a eliminação nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, quase desistiu do esporte que ama por causa de comentários racistas nas redes sociais.  

“Essa foi a primeira vez que passei por isso. Eu nunca tinha passado por nada parecido em minha vida. Foi o primeiro preconceito que sofri em competição. Para me recuperar e não desistir do esporte, eu passei por trabalho com psicólogo, fiquei com minha família e meus amigos”.

Raquel, a irmã de Rafaela Silva, também é judoca e acompanhou de perto todos os momentos: “Minha irmã me ajudou bastante na minha carreira, no meu início. Ela já competia pelo Instituto Reação, foi a primeira campeão pan-americana e comemora mais que eu as minhas conquistas”.

Manter os pés nos chão e responder aos críticos através de resultados é uma das saídas. Após esse episódio, Rafaela está mais forte e acredita que as pessoas se deram conta do que ela passou para superar. “Evoluindo um pouco mais, mas eu espero que daqui pra frente as pessoas ajam naturalmente sobre o assunto. Temos que ser nós mesmos. Independente de cor, somos humanos e não importa o que as pessoas falam. Eu tento viver a minha vida”.

Atletas diferentes, mas com o mesmo propósito: representar uma nação, buscar o melhor convívio. E pensando na reflexão da Consciência Negra, João Gomes Júnior sabe da sua missão no esporte: “Quero poder trazer mais pessoas […] dar a oportunidade a todos, mostrar as pessoas que elas são capazez de chegar onde elas quiserem chegar. Eu conseguindo deixar esse legado, eu já fico mais feliz”.

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