Após 22 anos como presidente do Comitê Olímpico do Brasil, Carlos Arthur Nuzman renunciou ao cargo nesta quarta-feira (11). Ele enviou uma carta aos Membros da Assembleia do COB, que por sua vez fizeram o anúncio. Segundo Nuzman, ele agora irá se dedicar ao processo de defesa contra as acusações de compra de votos para a eleição do Rio de Janeiro como cidade-sede da Olimpíada de 2016. Paulo Wanderley, vice-presidente até então, assume o cargo.
Atualmente preso em Benfica, zona norte do Rio de Janeiro, Nuzman enviou uma carta com os seguintes dizeres, endereçada aos Membros da Assembleia do COB:
“Venho, pela presente, reiterar os termos de minha correspondência, datada de 6 de outubro de 2017, em especial a minha completa exoneração de qualquer responsabilidade pelos atos a mim injustamente imputados, os quais serão devidamente combatidos pelos meios legais adequados.
Considerando-se, todavia, a necessidade de dedicar-me, integralmente, ao pleno exercício do meu direito de defesa, renuncio de modo irrefutável e irretratável ao cargo de Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, bem como ao de membro honorário de sua Assembleia Geral.”
Confira abaixo o documento:
Curiosamente, o anúncio foi feito minutos depois da TV Globo dar a notícia de que a Procuradoria Federal Pública da Suíça confirmou que apreendeu barras de ouro de Carlos Arthur Nuzman – preso na quinta-feira (5) na operação Unfair play, no Rio. Segundo a emissora, as autoridades suíças não disseram quantas barras foram encontradas nem onde elas foram apreendidas.
Um dos motivos da prisão temporária, desde a última quinta-feira (5) – decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal – efetuada pela Polícia Federal nesta manhã, segundo o Ministério Público Federal (MPF), foi a tentativa de ocultação de bens. Entre eles, 16 quilos de ouro e valores em espécie.
Na última sexta-feira (6), diante das acusações e da prisão temporária de Carlos Arthur Nuzman, o Conselho Executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu suspender provisoriamente o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) de todos os direitos, prerrogativas e funções decorrentes da sua nominação como membro honorário do COI. Além disso, Nuzman foi retirado da Comissão de Coordenação dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.
Os advogados de Nuzman então entraram com um novo pedido de habeas corpus, em caráter liminar, na madrugada desta terça-feira. No documento, eles pediram a liberdade imediata do dirigente, negando a participação dele em esquemas ilícitos ligados à Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, como uma suposta compra de votos para a realização da edição na cidade. No entanto, o desembargador federal Abel Gomes pediu esclarecimentos às partes antes de tomar uma decisão.
O novo presidente – Paulo Wanderley Teixeira
Segundo a agência Spotlight, a gestão e as práticas da CBJ, comandada por Paulo Wanderley Teixeira desde 2001, são tidas como exemplares entre dirigentes do esporte brasileiro. Tamanho conceito levou Carlos Arthur Nuzman a convidá-lo para ser seu vice, em 2016.
No entanto, a agência afirma também que ele já esteve envolvido várias vezes, quando presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), em uso de dinheiro público para outros fins que não o esporte, como por exemplo projetos pessoais do diretor de marketing Maurício Costa do Santos, desvio para uma empresa que nunca existiu e compra de placas de tatame de um doador da sua campanha.