Cortes podem acabar com o Bolsa Atleta e atrapalhar planos das confederações.
Pouco mais de dois anos se passaram desde os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, e a situação do esporte brasileiro, que, na teoria, deveria estar em pleno crescimento, só decai, em termos de investimento e apoio. O governo federal enviou à Câmara dos Deputados uma proposta que prevê uma redução de 87% da verba disponível ao Ministério do Esporte para 2018. Vale lembrar que, em 2017, o montante já havia sofrido baixas consideráveis. A informação é do blog Olhar Olímpico, do UOL.
O programa “Bolsa Atleta”, principal incentivador aos atletas das modalidades olímpicas também pode estar chegando ao seu final. Antes ele recebia 143 milhões, em 2016, e para o ano que vem, o valor que o governo destinou, na proposta, é de apenas 70 milhões. Tendo em vista que só o Bolsa Pódio, de maio a junho de 2018, deva custar mais de 30 milhões, fica claro que a conta não fecha. Resumindo, uma grande parcela dos atletas, que precisa desse dinheiro para se manter, deverá ficar de mãos atadas.
Abaixo, veja como foi a diminuição do incentivo ao esporte nos últimos anos:
Montante destinado ao esporte, segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA) do governo:
2016 – 1,307 bilhões de reais
2017 – 1,245 bilhões de reais (queda de 4,8%) – No entanto, o montante sofreu vários cortes ao longo do ano.
2018 – 220 milhões de reais (queda de 87%)
No entanto, o Bolsa Atleta, na verdade, é o menos prejudicado nessa história. A rubrica “preparação de atletas e capacitação de recursos humanos para o esporte de alto rendimento”, por exemplo, sofrerá uma queda drástica. Em 2016 eram 134 milhões, em 2017 foram 56,6 milhões e em 2018 serão apenas 7,2 milhões na LOA. Isso acarretará em uma baixa absurda nos recursos para confederações, entre outros problemas.
“Implantação de estrutura esportiva de alto rendimento”: Se já não bastasse o desmontamento de boa parte do que foi construído para a Olimpíada do Rio, também haverá uma diminuição de 60 para 13 milhões na previsão de gastos com as instalações. A Confederação Brasileira de Basquete, que vive uma das piores crises das últimas décadas e pretendia construir centros de treinamento, vê seus planos irem por água abaixo. E para a manutenção da “Rede Nacional de Treinamento” serão 20 milhões contra 100 de 2017. O controle anti-doping, que já não era uma maravilha com 8,7 milhões receberá apenas 2,7 milhões.
O pior impacto
No entanto, nada sofrerá tanto impacto quanto a “Implantação e Modernização de infraestrutura para esporte educacional, recreativo e de lazer”. Em 2017, foram disponibilizados 462 milhões e esse dinheiro era usado para pequenas reformas em equipamentos públicos espalhados por todas as regiões do Brasil. Em 2018, serão apenas 7 milhões. Uma queda de 98,5%.
Isso sem falar no “esquecimento” da “implantação de Centros de Iniciação ao Esporte”, que estava previsto em 2017 com 200 milhões de reais. E também na “preparação de seleções principais para representação do Brasil em competições internacionais”, que foi de 40 milhões este ano e será de 4,8 ano que vem.
Nota do Ministério do Esporte
Em nota, o Ministério do Esporte minimizou a Lei Orçamentária Anual e diz tratar-se apenas de uma previsão:
“Esses valores constam na previsão inicial da LOA. O Ministério do Esporte tem trabalhado junto ao Congresso Nacional para elevar o orçamento da pasta prevista para o próximo ano.”