Uma série de protestos vem ocorrendo nos Estados Unidos desde que o ex-segurança negro George Floyd foi a morto por um policial branco em Minesotta. Nessa terça-feira (2), foi organizado pela indústria da música o Blackout Tuesday, protesto antirracista com a intenção de não fazer lançamentos musicais, nem vender ou comprar. A iniciativa tomou escala global e teve a adesão de de diversas entidades esportivas e atletas brasileiros.
É possível ver nas redes sociais inúmeras publicações de quadrados pretos com a hastag #BlackoutTuesday (“Terça-Feira do Apagão”, em português) em apoio ao movimento. O Comitê Olímpico Brasileiro (COB), por exemplo, foi uma das primeiras entidades a se manifestar.
Outros atletas brasileiros como o levantador Bruninho e a oposto Rosamaria, do vôlei, o canoísta Pepê Gonçalves, a surfista Maya Gabeira, o skatista Bob Burnquist, o ala Bruno Caboclo, a tenista Luisa Stefani, os taekwondistas Netinho Marques, a ex-líbero Fabi Alvim e muitos outros também aderiram ao protesto antirracista.
Conforme o dia foi passando, mais e mais personagens do esporte, sejam pessoas, como José Neto, técnico da seleção brasileira de basquete feminino, e o tenista Felipe Meligeni; ou instituições, como a Confederação Brasileira de Futebol e a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, foram aderindo.
E não dava pinta de que pararia por aí, até porque até o final da manhã do Brasil já eram quase 10 milhões de publicações com a hashtag #blackouttuesday somente no Instagram, e outras tantas no Twitter.
Além do Blackout Tuesday
Os atletas não estão se limitando a postar uma foto preta com uma hastag e parar por aí. Muitos têm se posicionado enfaticamente na luta contra o racismo.
A jogadora da seleção brasileira de futebol e do Atlético de Madrid, Ludmila, por exemplo, fez um paralelo com o racismo no Brasil, apontando dados da violência policial contra a população negra.
Outros atletas brasileiros como Fabiana Claudino, Rayan Castro, Rebeca Andrade, Igor Julião, dentre outros, também se manifestaram. Arthur Nory postou dicas para aderir a causa antirracista. Já Flávia Saraiva mostrou que é importante ir além das redes sociais para ajudar na causa.
No futebol, houve manifestação de praticamente todos os grandes clubes brasileiros, bem como do atacante vascaíno Talles Magno. “Não adianta não ser racista, temos de ser antirracistas”, escreveu em sua conta no twitter, recebendo apoio de diversas outras personalidades do esporte.
Em entrevista ao Olimpíada Todo Dia, o armador Scott Machado lamentou o racismo no mundo e pediu compaixão.
“Uma coisa que, sendo negro, é difícil de se falar. Ainda em 2020 tem esse negócio acontecendo. As pessoas que pensam assim ainda precisam se olhar no espelho. É uma coisa que até hoje a gente luta porque não acontece só aqui nos Estados Unidos, acontece em vários lugares. Eu oro para essas pessoas, para eles verem do outro lado, com os olhos dos outros, como a vida é. Para terem compaixão.”
Entidades
Diversas entidades, clubes e profissionais do esporte em geral também estão se manifestando desde que os protestos antirracistas começaram nos Estados Unidos. O IPC (Comitê Paralímpico Internacional), pediu “basta” contra a descriminação e o racismo.
“Atos de racismo não podem continuar. Uma mudança precisa acontecer.”
At the IPC we are committed to make for an inclusive world.
— Paralympic Games (@Paralympics) May 31, 2020
A world with zero discrimination. A world where we are all united and the rights of all people are respected and not violated.
Acts of racism cannot go on. Change must happen. pic.twitter.com/D7hYGXMRu0
A Confederação Brasileira de Basketball (CBB) foi uma das primeiras a aderir o Black Tuesday. A Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA) não se calou perante o racismo.
Somos cinco esportes olímpicos. No Olimpismo, assim como na vida, não há espaço para racismo. Não podemos nos calar. ✊🏿#vidasnegrasimportam pic.twitter.com/g7a1n0P0lt
— CBDA (de 🏠) (@CBDAoficial) June 1, 2020
A World Athletics (Federação Internacional de Atletismo) usou a imagem icônica do gesto Black Power feito por Tommie Smith e John Carlos no pódio dos 200m na Olimpíada da Cidade do México-1968 para dar seu recado contra o racismo.
“Por quase 50 anos, nossos atletas e nosso esporte deu suporte aos direitos para uma sociedade justa e igualitária, uma sociedade onde todas as vidas são iguais. É inaceitável que essa não seja a realidade. Nós estamos do lado dos nossos atletas e de todos que clamam por mudanças.”
A NWSL (Liga americana de futebol feminino) também deixou o seu posicionamento contra a morte de George Floyd e destacou que “os Estados Unidos simplesmente precisam melhorar.”
Outras reações no esporte
Diversos atletas americanos participaram dos protestos antirracistas nas ruas desde a morte de George Floyd, principalmente da NBA. Nomes como o aposentado Stephen Jackson, campeão da liga e amigo de George Floyd, Karl Anthony Towns, do Minesotta Timberwolves, Marcus Smart e Jaylen Brown, ambos dos Boston Celtics, dentre muitos outros.
LeBron James também deixou seu protesto via redes sociais contra o racismo. Em sua postagem, o astro da NBA se referiu a Colin Kaepernick, ex-quarterback da NFL (liga de futebol americano dos Estados Unidos), que ficou ajoelhado durante a execução do hino nacional americano para protestar contra a injustiça racial.
Micheal Jordan foi outro que se posicionou. “Estou profundamente triste, machucado e nervoso. Eu vejo e sinto a frustração e ira de todos. Eu fico do lado daqueles que se opõem ao racismo e violência contra pessoas de cor no nosso país. Basta”.
A lista de atletas é gigante. Também houve manifestação do golfista Tiger Woods e do hexacampeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton. “Ninguém move um dedo na minha indústria, que é um esporte dominado por brancos. Sou uma das poucas pessoas de cor, ainda estou sozinho”, afirmou o piloto britânico de 35 anos.
Ex-campeão mundial de boxe Mayweather afirmou que vai pagar funeral de George Floyd.
No futebol, o atacante Marcus Thuram fez dois gols na vitória de 4 a 1 do Borussia Mönchengladbach sobre o Union Berlin, no domingo (31), pelo Campeonao Alemão. O francês não comemorou o primeiro gol, ele se ajoelhou e baixou a cabeça.
Um dia depois, o Liverpool também protestou em seu Instagram. O clube republicou uma foto do perfil do meio-campista Jordan Henderson com todos os jogadores dos Reds ajoelhados ao redor do círculo central do gramado do estádio de Anfield Road com a legenda: a união faz a força. O goleiro brasileiro Alisson Becker utilizou a mesma foto em seu perfil oficial na rede social. O Chelsea, do brasileiro William, fez protesto semelhante.
Enough is enough. We are all HUMANS. Together we are stronger. #BlackLivesMatter ✊✊🏻✊🏼✊🏽✊🏾✊🏿 pic.twitter.com/m9kxDvNM4y
— Willian (@willianborges88) June 2, 2020