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Olimpíada

Vivência Olímpica tira pressão de promessas e já dá resultado

Projeto que leva jovens atletas para conhecer os Jogos antes de competir já rendeu seis medalhas, três só com Isaquias Queiroz

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Dono de três medalhas no Rio, Isaquias Queiroz participou do Vivência Olímpica (divulgação/COB)

Imagine a pressão de experimentar uma vivência olímpica ainda como um jovem atleta. Participar pela primeira vez de um evento que só acontece de quatro em quatro anos, conviver algumas semanas numa vila com a presença de mais de 10 mil competidores de 206 nações diferentes e enfrentar os maiores nomes da sua modalidade em busca de um lugar no pódio.

É pensando em minimizar esse impacto que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) seleciona, desde os Jogos Olímpicos de Londres em 2012, algumas promessas para conhecer e viver de perto a realidade de uma competição desta magnitude.

Inspirado numa iniciativa inglesa feita em 2008, o projeto intitulado Vivência Olímpica convida alguns esportistas entre 15 e 24 anos, apontados com um grande potencial, para terem a chance de conhecer os ambientes que fazem uma Olimpíada, como a Vila Olímpica e os locais de competição, além dos principais atletas do planeta.

+ Veja os atletas brasileiros já garantidos nos Jogos Olímpicos de Tóquio

O objetivo do projeto é de que com essa experiência adquirida, o jovem atleta não sofra um impacto tão grande, se vislumbre ou perca o foco no momento em que ele estiver entre os competidores de uma edição olímpica futura.

Resultados rápidos

Na primeira vez que o COB decidiu levar jovens atletas de maneira experimental para uma Olimpíada, em 2012, a delegação brasileira contou com 16 nomes.

Os escolhidos para viajar para Londres foram: Thiago Braz (atletismo), Bruno Matheus (triatlo), Lais Nunes (lutas), Jéssica Reis (atletismo), Arthur Mendes Júnior (natação), Bernardo Souza (tiro com arco), Alessandra Marchioro (natação), Felipe Wu (tiro), Flávia Gomes (judô), Hugo Calderano (tênis de mesa), Isaquias Queiroz (canoagem), Andressa Mendes (saltos ornamentais), Martine Grael (vela), Rebeca Andrade (ginástica artística), Thiago Monteiro (tênis) e Vitor Gonçalves (vôlei de praia).

O vivência olímpica rendeu frutos rapidamente e destes 16 atletas, oito conseguiram participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, quatro anos mais tarde. Mais do que participações, a iniciativa rendeu ainda seis medalhas ao país, já que Isaquias Queiroz conquistou duas pratas e um bronze, Martine Grael e Kahena Kunze ganharam o ouro, assim como Thiago Braz, no salto com vara, além da prata de Felipe Wu.

Thiago Braz Vivência Olímpica
Ouro no Rio, Thiago Braz participou do projeto em Londres (Wagner Carmo/CBAt)

Por conta dos bons resultados obtidos na primeira oportunidade, o COB promoveu um aumento no número de atletas beneficiados pelo projeto em sua segunda edição. Assim, 20 jovens competidores tiveram a oportunidade de viver o período olímpico do Rio de Janeiro visando adquirir experiência para estar em Tóquio em 2020.

A lista de 2016 do vivência olímpica foi formada por: Mikael de Jesus e Paulo André (atletismo), Beatriz Ferreira (boxe), Emily Rosa (levantamento de peso), Joílson Júnior (luta greco-romana), Maria Paula Heitmann (natação), Marcelo da Silva Costa Filho (tiro com arco), Gabriel Bastos Pereira (vela), Andrea Santos de Oliveira (canoagem velocidade), Anderson Filho (ciclismo BMX), Gabriela Paczko Bozko Cecchini (esgrima), Ângelo Assumpção e Thaís Fidélis (ginástica artística), Nathália Brigida e Rafael Macedo (judô), Felipe Ribeiro de Souza (natação), Edival Pontes (taekwondo), Manoel Messias (triatlo) e Duda e Ana Patrícia (vôlei de praia). 

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Destes, Paulo André já garantiu a sua vaga para Tóquio na disputa do 100 m e do revezamento 4×100 m, Edival Pontes, o Netinho, lutará por uma medalha no Taekwondo, Manoel Messias está garantido no triatlo e Duda Lisboa e Ana Patrícia brigarão por medalhas nas praias japonesas, ao lado de Ágatha e Rebecca, respectivamente.

Vale lembrar que por conta do adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio para 2021, várias definições de vagas ainda não aconteceram pois dependem de competições adiadas ou rankings ainda não fechados. Com isso, provavelmente mais atletas desta lista ainda carimbarão o passaporte para o Japão.

Experiência que vale a pena

Eleita duas vezes a melhor jogadora de vôlei de praia do planeta, Duda Lisboa teve a chance de fazer parte do projeto em 2016, quando ainda tinha 17 anos. Apesar de hoje ser uma atleta com várias conquistas internacionais, a jogadora fará a sua estreia em Jogos Olímpicos em Tóquio e acredita que a experiência vivida no Rio de Janeiro irá ajudar a quebrar o frio na barriga.

“Eu conheci toda a logística e estrutura de uma Olímpiada. Tive a chance de conhecer o hotel, assistir várias competições, dentre elas uma partida do vôlei de praia. Então foi uma experiência incrível pra gente realmente saber como é uma Olimpíada. E a maioria dos jovens que foram, irão agora para disputar a Olimpíada. É um projeto muito bom. Porque apesar de não jogar, nós não iremos mais ser impactados por várias coisas quando formos competir”, explicou a parceira da experiente Ágatha, prata em 2016.

Vivência Olímpica
Beatriz Ferreira é esperança brasileira de medalha para 2021 (Jonne Roriz/COB)

Mesmo ainda sem ter a sua vaga garantida para Tóquio, Beatriz Ferreira é hoje uma das principais esperanças de medalha no Japão. Com incríveis 27 medalhas em 28 competições disputadas desde 2017, a lutadora de boxe é mais uma a ressaltar a importância do Vivência Olímpica para a sequência de sua carreira.

“A experiência de participar do Vivência Olímpica foi essencial para minha trajetória como atleta. Nós conhecemos vários atletas, a Vila toda, pudemos acompanhar algumas competições, deu até para ver como é feito o trabalho do pessoal do COB para ver como eles trabalham para deixar o atleta só focado no esporte. Com tudo isso que nós pudemos conhecer e conviver ali dá pra dizer que temos a noção de como será quando formos competir”, garantiu em entrevista ao Olimpíada Todo Dia.

“O projeto me ajudou a ter uma projeção de como é ser uma participante de um Jogos Olímpicos. Essa sensação foi essencial para que tivesse ainda mais vontade de realizar esse sonho de ter a minha vez como atleta ali. Espero que este projeto continue para ajudar os jovens atletas e os ajude a prepará-los para quando for a vez deles”, completou a campeã mundial em 2019.

2021 segue uma incógnita

O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio vem dificultando o trabalho do COB em planejar o Vivência Olímpica para a competição de 2021. Em contato ao OTD, a entidade garante que pretende seguir com o projeto, porém por conta das indefinições do momento causadas pelo coronavírus, ainda não possui nenhum atleta confirmado para o projeto.

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