Como vão acontecer os Jogos Olímpicos de Tóquio? A única coisa que se sabe hoje é a data. Entre 23 de julho e 8 de agosto do próximo ano, o maior evento esportivo da terra está marcado para o Japão. Contudo, em live organizada pelo Fórum 360, Bruno Resente, Alison Cerutti, Daniel Dias, Daiane dos Santos e o jornalista Carlos Eduardo Eboli tentaram comentar expectativas e perspectivas para a Olimpíada.
“A Olimpíada vai servir como celebração da humanidade.” A frase é de Carlos Eduardo Eboli. Durante a conversa com os atletas olímpicos e paralímpicos, vários pontos foram levantados, sempre com a “nova” situação do mundo evidenciada.
Além de toda a questão esportiva, uma edição dos Jogos Olímpicos é uma marca muito maior. O maior símbolo de uma Olimpíada são seus anéis entrelaçados, representando os povos e toda a unidade entre eles.
Contudo, por conta do coronavírus, essa ligação está diferente. A saída é que todos sigam em seus isolamentos e usem a internet para se unirem. Com isso, a ideia de se ter na edição dos Jogos Olímpicos de Tóquio a não presença de público é uma alternativa para 2021, mas não é vista com bons olhos pelos atletas.
“A Olimpíada é a união dos povos. Existe a união do mundo todo hoje e você não pode ter público na Olimpíada? O mundo se uniu para combater esse adversário e não vai estar lá? Eu sinceramente nem penso nessa alternativa, vou pra lá e o público vai estar”. comentou Alison.
Como será o amanhã?
Hoje, grande parte do mundo está em casa. Para os atletas, apesar de tentar manter tudo dentro de uma normalidade, todos sabem que não é a mesma coisa.
Se planejar para os próximos passos durante os meses, a temporada, o ano e a carreira é o que todos os atletas fazem. Sempre buscando a melhor maneira para seguir o que foi pensado à risca. Contudo, a pandemia mudou tudo.
Não se sabe como será o próximo o amanhã. Pensar em planejar a semana seguinte ou o mês seguinte muito menos. Manter os treinos em casa sem a perspectiva de quando se irá voltar a normalidade e competir é o desafio. Para Daniel Dias, o grande problema para os atletas é um.
“Realizar os Jogos esse ano não existiria possibilidade alguma. Adiar foi bom, ganhamos um ano mas desse ano já perdemos dois meses. Precisamos replanejar tudo e começar a pensar em tudo, mas a única pergunta é quando podemos começar? Eu não sei quando vou ter competição, então não sei quando vou voltar a treinar normalmente. A incerteza é o que nos deixa preocupados”.
Copo meio cheio
Apesar dessa sensação, Alison tenta usar o que pode. Sem conseguir treinar nas academias, praias e com o parceiro Álvaro Filho, o campeão olímpico no Rio de Janeiro tenta colocar em prática a ideia de fazer o que consegue.
“Temos que aceitar o momento que estamos vivendo e pensar em perder o menos possível. Estou trabalhando muito a parte psicológica e penso sempre no que eu posso fazer nesta situação. Tem que se manter motivado e positivo, se não a cabeça entra em parafuso”.
Anunciado como reforço do Taubaté para a próxima temporada, Bruninho sofreu com o novo coronavírus em alguns aspectos. O levantador perdeu 30% do valor de seu contrato com o Civitanova, clube que defendeu na Itália, por conta do encerramento antecipado da atual temporada.
Além disso, sua decisão de retornar ao país foi antecipada. Bruninho pensava em retornar ao Brasil depois dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Porém, com o adiamento, o atleta voltará a atuar em solo brasileiro.
Dentro de quadra a vida de Bruno não é diferente dos demais atletas. Sem poder treinar nas quadras e com bola, o levantador da seleção brasileira assume que teve que parar e pensar para achar um caminho neste momento.
“Foi a oportunidade de enxergar outras coisas, de buscar o crescimento e a evolução. Assim que começou, eu procurei fazer alguma coisa para melhorar. Fui atrás de um nutrólogo, procurei um personal e estou tentando fazer algo para não perder tanto. Tentar ver tudo pelo copo meio cheio”.
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Adaptar para seguir
Hoje o mundo está adaptado. Pessoas trabalhando de casa, fazendo tudo que conseguem de suas moradias e saindo para a rua somente em casos extremos. Contudo, isso não é novidade para os atletas.
Para Alison Cerutti, isso é uma vantagem para quem compete ao redor do mundo. Acostumados a ter que adaptar e se superar nas mais diversas situações, seja ela boa ou ruim.
“O poder da superação e da adaptação de nós atletas é uma vantagem. Temos esse poder, de jogar com dores, problemas de todas as esferas e nós seguimos. Foi um ciclo olímpico diferente, consegui com a minha dupla a classificação em quatro meses e agora precisamos usar esse tempo da maneira que é possível, de forma adaptada. Estamos trabalhando muito o lado psicológico, preparando o Álvaro para esse momento das maneiras que conseguimos hoje”.
Não é só o adiamento
A vida de um atleta olímpico é feita com base no ciclo olímpico de quatro anos. Tudo é pensado visando esse intervalo. Porém, Tóquio 2020 mudou isso. Mesmo sabendo que o adiamento foi a melhor saída para a situação, a alteração vai muito além da pandemia.
Colocando Tóquio para 2021, o intervalo de um edição dos Jogos Olímpicos para outro coloca um período de cinco anos e, o seguinte, será de três anos. Para Daiane dos Santos, que concorda com a mudança, temos que ver a situação de maneira mais completa.
“Existiam vagas em aberto para algumas modalidades, temos que ver isso por toda a preparação que é envolvida durante os jogos. São os quatro anos, neste caso cinco, acaba tirando um pouco a estrutura e a organização para que o atleta chegasse no ápice em 2020 e agora precisará chegar ao auge absoluto em 2021, mexendo com todo o planejamento”.
Tóquio 2020 já está na história. É a primeira edição olímpica que foi adiada. Mesmo sabendo que foi a melhor decisão, dentro da situação mundial, ela traz muitas questões e dúvidas. Apesar de pensarmos sempre com antecedência e visando sempre o que pode acontecer, a certeza é que tudo ainda é incerto e é preciso aguardar.