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Vôlei

Treinadores comentam cenários distintos entre vôlei e rúgbi

Luizomar de Moura, técnico de vôlei do Osasco, e Fernando Portugal, treinador da seleção brasileira masculina de rúgbi, participaram de uma live

Luizomar de Moura, do vôlei, e Fernando Portugal, do rúgbi, trocaram conhecimento
(Fotos: Abelardo Mendes Jr/rededoesporte.gov.br e Divulgação/Osasco)

De um lado o vôlei, esporte que o Brasil é consolidado como uma potência mundial e já foi campeão olímpico cinco vezes. Do outro o rúgbi, modalidade que está em ascensão no país, mas ainda longe de brigar para estar entre os melhores do mundo. Luizomar de Moura, técnico de vôlei do Osasco e ex-comandante da seleção peruana, e Fernando Portugal, treinador da seleção brasileira masculina de rúgbi, comentaram os cenários distintos vividos pelos esportes. Os técnicos participaram de uma live conjunta entre o Osasco e o Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu).

Formação dos treinadores

Para Fernando Portugal, o exemplo da diferença entre as modalidades é a capacitação dos treinadores. Enquanto a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) disponibiliza cursos de especialização obrigatórios para os treinadores das principais competições, a CBRu apenas segue a determinação da legislação brasileira e pede que eles sejam formados em Educação Física. Mas a entidade vem trabalhando para mudar o cenário e está criando módulos de cursos e até workshops.

“A transformação da modalidade passa pelo treinador, na qualidade e na forma de passar a filosofia para o jogador. Como somos um esporte de estrutura amadora, a gente não tem grandes clubes profissionais e sofremos um pouco na capacitação desses treinadores. A gente está engatinhando e começando um processo de capacitação”, disse o ex-atleta.

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Luizomar de Moura, por sua vez, se formou em Educação Física pela Faculdade de Educação e Cultura do ABC (FEC) em meados da década de 80, quando teve aulas com treinadores de alto rendimento da natação, do atletismo e do vôlei. Após cuidar da prática esportiva de crianças, ele ganhou a primeira chance profissional em uma função da modalidade no Uniban/São Caetano, onde foi assistente técnico em 1995.

“Ali (na faculdade) eu comecei a entender que para seguir algo além do lado atleta era necessário correr atrás. Eu sempre fui um cara concentrado nisso e tentei sugar ao máximo o conhecimento dos professores. Mas até virar treinador eu passei por todas as fases de educação física, dei aulas de natação e para crianças até o Ensino Médio. Trabalhei na monitoria de atividades físicas em hotéis”, disse.

Cursos

Os treinadores locais buscam conhecimento pela World Rugby, instituição responsável por organizar o rúgbi mundialmente. Mas, de acordo com Fernando Portugal, as aulas da entidade preveem um conhecimento mais técnico da modalidade e os treinadores também precisam de mais conteúdo sobre o jogo em si, além da metodologia de aplicação. Pra auxiliar nisso, a CBRu vem desenvolvendo estes cursos junto com o Alto Rendimento e Desenvolvimento, de forma a acrescentar conhecimento prático..

“A linha de raciocínio da World Rugby não é tão adequada para a realidade do nosso esporte. Eles têm uma linha mais de método de ensino e menos de conteúdo. Então, a verdade é que os nossos treinadores têm muito método, mas pouco conteúdo pela falta de informação que acontece no rúgbi”, disse.

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Em contrapartida, Luizomar de Moura tem ministrado um curso junto da comissão técnica do Osasco para a capacitação de novos profissionais e até mesmo para o conhecimento de fãs que buscam vivenciar o dia a dia do vôlei.  

“Eu vejo que tem um pessoal que quer colocar o voleibol dentro de um livro ou plataforma. Tenho feito isso em Osasco, porque é um time que tem muita paixão envolvida e as pessoas me pedem para conhecer um pouco. E eu vi uma possibilidade de aproximar estudantes de educação física e profissionais que trabalham com vôlei. Isso é um sonho que eu consegui colocar em prática e tem sido bem legal”, afirmou.

Categorias de base

Luizomar de Moura comandou as seleções de base do Brasil durante 13 anos, de 2003 a 2016. O treinador ressaltou a estrutura que o vôlei tem no Centro de Treinamento de Saquarema e a necessidade de resultados, mas exaltou a participação dos treinadores de equipes menores. A CBV trabalha para aumentar cada vez mais a estatura da seleção e dos campeonatos nacionais, uma tendência no vôlei internacional.

“De alguma maneira a gente começou a premiar esses profissionais que mesmo sem ganhar os campeonatos, se dedicavam nessa linha que seleção brasileira precisava. É um trabalho longo, a gente sempre teve o apoio da Confederação Brasileira de Voleibol. O mesmo Centro de Treinamento que o times principais usam é o que a base usa. O voleibol tinha uma estrutura e a gente precisava entregar resultados”, disse.

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Por outro lado, o rúgbi tem um trabalho maior para difundir o esporte, o que foi facilitado com a inclusão do rúgbi sevens no programa olímpico a partir da Rio 2016. Mesmo assim, vem conseguindo resultados expressivos, como a classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio no feminino. O masculino busca a vaga pelo Pré-Olímpico Mundial, adiado por conta do coronavírus.

 “A gente está alguns anos atrás. Estamos buscando uma geração, pensando no rúgbi masculino e feminino, que te dê uma perspectiva do que o Brasil pode ser. Acredito que seja essa que estamos vivendo hoje. Muitas das conquistas que tivemos nos últimos não passavam pela minha cabeça. A gente está vivendo o cenário de grandes conquistas esportivas e o que isso pode proporcionar à modalidade.

Troca de experiências

Para finalizar a conversa, Luizomar de Moura sugeriu que Fernando Portugal fosse conversar com a equipe de vôlei do Osasco após a pandemia do coronavírus. O treinador da seleção brasileira aceitou o convite e pediu o mesmo para o companheiro de profissão.

“Eu estou convidando e quero ser convidado. Gostaria que você viesse conversar com minha equipe e falar um pouco da sua modalidade. Essa troca vai ser muito importante”, disse Luizomar.

“Quando a gente puder estar junto fisicamente, eu quero que você converse com minha equipe. A gente está no processo de se qualificar para a Copa do Mundo e uma experiência como a sua vai ajudar muito”, afirmou Fernando.

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