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Tóquio 2020

Da exclusão ao holofote: os feitos das atletas olímpicas do Brasil

No Dia Internacional da Mulher, confira uma linha do tempo com os maiores feitos das mulheres brasileiras no esporte olímpico

Dia Internacional da Mulher - Mulher Olímpico

O ano de 2020 é um daqueles especiais para o esporte olímpico mundial. Em menos de cinco meses, as atenções do mundo estarão voltadas para os principais atletas competindo no mais alto nível nos Jogos Olímpicos de Tóquio. E, pela primeira vez, os holofotes estarão divididos quase que igualmente entre homens e mulheres, já que as atletas terão número recorde de participação em uma Olimpíada: cerca de 48,8% do total de competidores. 

No entanto, nem sempre foi assim. E neste domingo (8), dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, nada melhor do que relembrar um pouco da história delas, que lutaram por tanto tempo pelo seu espaço no mundo esportivo e só agora, depois de mais um século, estão começando a conseguir conquistá-lo. 

Por isso, o Olimpíada Todo Dia preparou uma linha do tempo contando os principais feitos das mulheres brasileiras no esporte olímpico até hoje. Confira!

Arte - da exclusão ao holofote - Dia da Mulher
Arte: Fernanda Zalcman/Olimpíada Todo Dia

A primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna aconteceu em 1896, em Atenas, capital da Grécia. O responsável pela realização dos Jogos foi Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, que queria resgatar a tradição grega de reunir homens a cada quatro anos para jogos e lutas e levou os costumes ao pé da letra. Assim como na Grécia antiga, as mulheres não puderam participar da Olimpíada de 1896, sob alegação de que o corpo feminino era condicionado à maternidade e não à competições esportivas.

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Como forma de protesto, a corredora grega Stamati Revithi realizou o percurso da Maratona (42km)  fora do estádio no dia seguinte à realização da prova masculina e completou a prova em menos de duas horas atrás do vencedor, com tempo melhor que alguns dos atletas masculinos.

Quatro anos depois, seriam realizados os Jogos Olímpicos de Paris, na França. E as reivindicações femininas por participação no evento foram atendidas, mesmo que minimamente e de maneira extra-oficial. Em 1900, as mulheres puderam participar das provas de golfe e tênis, já que eram considerados esportes belos e que não exigiam contato físico. No entanto, elas não ganharam o tradicional prêmio de coroas de oliveira e recebiam apenas um certificado. 

Charlotte Cooper: primeira mulher campeã olímpica

Nas edições seguintes, os passos, mesmo que lentos, foram dados. Aos poucos, o Comitê Olímpico Internacional (COI) foi incluindo mais modalidades femininas nos programas dos Jogos Olímpicos e o número de atletas mulheres crescia a cada evento, num processo que andava lado a lado com a ascensão delas na vida econômica, social e política.

A história feminina do Brasil no esporte olímpico, porém, começou mais tarde. Em 1932, Maria Lenk, aos 17 anos, foi a primeira atleta brasileira e a única sul-americana a participar de uma edição de Jogos Olímpicos, na ocasião no de Los Angeles. A nadadora era a única mulher em uma delegação de 45 homens. Quatro anos mais tarde, nas Olimpíadas de 1936, em Berlim, Alemanha, ela, já acompanhada de mais três brasileiras, foi pioneira em mais um quesito. Naquele ano, ela foi a primeira mulher a competir no estilo borboleta. 

Maria Lenk, porém, nadava contra a maré. Enquanto ela fazia história pelo mundo, no Brasil, Getúlio Vargas, em 1941, editava o artigo 54 do Decreto-Lei 3.199, que dizia: “às mulheres não será permitida a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. Tal decreto só foi revogado em 1979, o que freou o avanço das mulheres brasileiras no esporte olímpico.

Freou, mas não completamente. Em 1959, a lendária Maria Esther Bueno escrevia seu nome na história do tênis mundial ao conquistar o primeiro de três títulos em Wimbledon. Cinco anos mais tarde, nas Olimpíadas de Tóquio 1964, mais uma brasileira fazia história: Aída dos Santos foi a única atleta do país a participar da competição e conquistou um quarto lugar no salto em altura, o melhor resultado feminino do Brasil por 32 anos.

Aída dos Santos em ação

E foi justamente em 1996, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, nos Estados Unidos, que as brasileiras tiveram um desempenho memorável e trouxeram para casa uma medalha de cada cor. Na estreia do vôlei de praia no programa olímpico, quatro brasileiras chegaram à final e Sandra Pires e Jaqueline Silva conquistaram a inédita medalha de ouro feminina do Brasil ao bater Adriana Samuel e Mônica Rodrigues.

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A segunda medalha de prata veio com seleção feminina de basquete, que contava com duas das maiores jogadoras da história: “Magic” Paula e Hortência. E para fechar a conta, a seleção feminina de vôlei faturou o bronze.

Sete anos depois, em 2003, Daiane dos Santos voltava a colocar o nome do Brasil nos holofotes. Foi ela a primeira ginasta brasileira a conquistar uma medalha de ouro em uma edição do Mundial de Ginástica Artística. Foi nesta ocasião, em Ananheim, nos Estados Unidos, que ela executou pela primeira vez o duplo twist carpado. Este movimento hoje leva o nome de “Dos Santos”.

Nos Jogos Olímpicos, após 12 anos desde 1996, as brasileiras voltaram a fazer história. E na Olimpíada de Pequim 2008, elas brilharam. Além do inédito ouro do vôlei feminino, o Brasil subiu ao pódio olímpico em esportes individuais pela primeira vez. O feito foi com, com o bronze de Ketleyn Quadros no judô. Anda na China, Maurren Maggi se tornou a primeira mulher do Brasil e da América do Sul a ser campeã olímpica em uma prova individual, com o ouro no salto em distância.

Conquistando a igualdade

Olhando para o mundo de maneira geral, depois de 116 anos e 27 edições dos Jogos Olímpicos desde a sua primeira na Era Moderna em 1896, as mulheres conquistaram um feito que, mesmo tardio, foi para lá de significativo. Em Londres 2012, pela primeira vez na história dos Jogos, as mulheres competiram em todas as modalidades esportivas, e todos os países tiveram representantes femininas. 

Agora, oito anos mais tarde, Tóquio 2020 tem tudo para ser os Jogos Olímpicos delas. Além do recorde de participação, as mulheres chegam embaladas por cada vez mais conquistas e patamares mais altos alcançados. Quem sabe, pela primeira vez, não teremos uma Rainha ao invés de um Rei olímpico.

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