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Olimpíada

Em crise, CBDA aposta em voluntários para se reerguer

Com dívida superior a R$ 17 milhões, CBDA tem administração gerida por voluntários e briga na justiça para responsabilizar as gestões anteriores.

Cortes, processo judicial e voluntários para sanear a crise da CBDA
Satiro Sodré/SSPress

A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) tem oficialmente um novo presidente, o policial militar Luiz Fernando Coelho, eleito vice-presidente da confederação no início de 2017 e que assumiu a presidência no mês passado. A definição do novo presidente era só mais um dos problemas da entidade. Afundada em dívidas, a CBDA aposta em voluntarismo e na transparência para reagir e voltar a ser uma gigante do esporte.

Em coletiva realizada na Federação Aquática Paulista, nesta terça-feira (15), a CBDA anunciou uma divida total de de 17,25 milhões, que segue aumentando todo mês, já que são R$ 76 mil reais de déficit mensal. A nova direção da entidade busca fazer acordo com os devedores e aposta na justiça para não ter que pagar o que deve ao COB, alegando ingerência das antigas administrações.

A CBDA recebeu do COB cerca de 7.75 milhões de reais, gastou com a realização de eventos, mas não comprovou todos os gastos. 6 milhões foram do período de 2015 e e 2016 ( gestão de Coaracy) e 1.75 milhões em 2017 (gestão de Miguel). Coaracy já foi condenado e uma assembleia geral extraordinária destituiu Miguel Cagnoni.

Sem resolver essa pendência, a CBDA segue sem receber os recursos da Lei Agnelo Piva. Marcelo Jucá (Diretor Jurídico) revelou a estratégia da entidade na justiça. “A estratégia jurídica é delimitar o que é responsabilidade das gestões anteriores, cada um deles deve ser responsabilizado. Após isso, procurar administrativamente junto ao COB e, depois até no judiciário, demonstrar que os gestores foram responsabilizados, e que a nova gestão poça receber o investimento necessário”.

Renato Cordani (Diretor Geral), que é um dos 11 voluntários que estão na missão para reerguer a entidade, falou sobre os cortes que foram feitos e sobre os motivos que o levaram a ser um dos líderes desta administração.

“Tivemos que fazer um readequação do quadro de funcionários, quatro tiveram que sair. Fizemos e ainda estamos fazendo a revisão dos contratos, negociando as dívidas, entrando em contato com as empresas. Eu sou geofísico, e hoje eu dedico 95% do meu tempo para CBDA. Sou voluntário porque eu gosto tanto da coisa e não falo de outro assunto. Estou trabalhando para concertar, é um ritmo frenético. Faço por amor”.

Além de ser transparente nas ações e fazer o possível para não se afogar ainda mais, a nova administração precisa de investimentos e aposta eu seus principais nomes esportivos para voltar a ser grande.

Ana Marcela Cunha é a principal nadadora de águas abertas do mundo e o principal destaque. Bruno Fratus é o cara da natação brasileira. Só que para isso, o presidente Luiz Fernando Coelho precisa se afastar da gestão de Miguel Cagnoni, da qual fez parte.

“A gestão antiga era para poucos, a CBDA estava fechada, limitava opiniões. Contratos absurdos foram mantidos, a nossa vai ser e já está sendo diferente. Estamos completamente desvinculados da última gestão. Isso é inegável, as ações vão falar”, completou o novo chefe da entidade.

Muito longe de sair do mar de lama em que se meteu, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos tem muito a fazer e ainda está longe de uma solução. O tempo da justiça é outro, pode demorar muito por uma decisão e ela não, necessariamente, será favorável.

O ponto positivo da nova gestão é a transparência. Através dela, pode-se subir no ranking do COB e ganhar verbas extras. o Programa GET (Gestão, Ética e Transparência) é uma iniciativa da entidade para auxiliar no aprimoramento da gestão das confederações brasileiras de esportes olímpicos. Atualmente, a CBDA é a 31ª pior segundo o Comitê, que avalia as 32 confederações existentes. Ou seja, é difícil piorar.

E nem tem como comparar com o período que a entidade viveu no ciclo da Rio-2016, quando recebeu investimentos acima de 50 milhões de reais por ano. A realidade é totalmente outra e ainda não dá para saber qual será o impacto esportivo nos ciclos posteriores a Tóquio 2020.

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