Chiaki Ishii entrou oficialmente para o Hall da Fama do esporte brasileiro neste sábado (20), em cerimônia realizada no bairro da Liberdade, em São Paulo (SP). Ele foi o primeiro medalhista olímpico do judô nacional com um bronze conquistado nos Jogos Olímpicos de Munique, Alemanha, em 1972, na categoria meio-pesado.
“Estou muito honrado em receber essa homenagem. Me formei no judô para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio (1964) e não consegui vencer as seletivas pelo Japão. Então, decidi começar minha vida do zero e migrei para o Brasil. Trabalhei na agricultura para sobreviver e treinei muito até ser reconhecido. Me naturalizei brasileiro, treinei bstante e consegui ganhar uma medalha olímpica” destacou o ex-judoca de 77 anos, nascido Ashikaga, Japão.
Um ano antes da conquista olímpica, também veio da Alemanha a medalha ganha em um Mundial. Ishii foi bronze no campeonato realizado em Ludwigshafen, em 1971. Ele ainda foi campeão pan-americano e sul-americano e voltou a competir em 2016, quando venceu o Campeonato Mundial de Veteranos, quando tinha 75 anos.
Segundo o diretor geral do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Rogério Sampaio, a homenagem concedida a Ishii é mais do que um reconhecimento, mas um agradecimento aos serviços prestados ao esporte nacional. “Ele deixou um legado de que conquistar uma medalha olímpica era possível, mas ela só viria se houvesse muito esforço, dedicação e humildade. Eu não tenho dúvidas de que sem a história dele no judô, provavelmente nós não teríamos atingido as 22 medalhas que a modalidade conseguiu em jogos olímpicos”, destacou.
Campeão olímpico em Barcelona 1992, Rogério lembrou emocionado dos tempos em que treinou com Ishii. “Em cinco minutos ele me deu a dica que resolveu todos os problemas da minha carreira. Foi ele quem me ajudou a aperfeiçoar meu O-soto-gari (golpe de judô) que me trouxe inúmeras conquistas” apontou Rogério, que enfatizou ainda o estilo rígido de Ishii.
O mesmo fez o campeão olímpico dos jogos de Seul, em 1988, Aurélio Miguel. “Ele era muito duro. A sorte é que a gente tinha o sensei (mestre) Onodera, que ajudava a segurar um pouco o sensei Ishii”, brincou o ex-judoca que ainda foi medalhista de bronze em Atlanta 1996.
Mas a influência de Chiaki Ishii não foi intensa somente na geração de três décadas atrás. O sensei também é visto como ídolo por destaques recentes do judô brasileiro. “Ele rompeu o paradigma de que o Brasil não teria importância no cenário mundial. Também era sempre presente em eventos de judô e tenho lembranças dele até quando eu era júnior. São memórias que eu guardo com muito carinho”, salientou Leandro Guilheiro, dono de dois bronzes (Atenas 2004 e Pequim 2008).
Já Tiago Camilo, prata em Sydney 2000 e bronze em Pequim 2008, acredita que prêmios como o concedido para Ishii ajudam a despertar o interesse de crianças e adolescentes. “O judô é uma modalidade que traz benefícios psicossociais e também de interação, então a gente tem que pensar em difundir cada vez mais a modalidade. Premiações assim só ajudam a colocar o judô em mais evidência e assim ele pode acolher mais pessoas”, completou.