Os gritos de “vamos, vamos Chape” não se limitam mais ao futebol masculino. Desde 2016, por iniciativa do então presidente Sandro Pallaoro, uma das 71 vítimas que perderam a vida no acidente aéreo com a delegação da equipe, a Chapecoense é uma referência também entre as mulheres. Ao firmar parceria com a Escola Lourdes Lago (SC), o clube passou a se destacar no futsal e no futebol de campo feminino.
“Iniciamos esse trabalho com o futsal em 2002 e começamos a nos destacar em 2008. Nosso primeiro título dos Jogos Escolares da Juventude veio em 2010 e, depois, migramos para o campo. Já temos uma história em Chapecó e representamos o município em todas as competições, desde os oito anos até o adulto”, explica Amauri Giordan, coordenador do projeto.
O êxito da Escola Lourdes Lago pode ser mensurado por suas conquistas, como o título do Campeonato Mundial Escolar em Israel (2018), e pelas convocações de atletas para a seleção brasileira. Neste momento, cinco jogadoras estão disputando o Mundial Sub-17 de futebol feminino, no Uruguai: as defensoras Bruna, Gisseli, Isabela e Yasmin e a atacante Emily. Apesar dos desfalques, a equipe está na decisão dos Jogos Escolares da Juventude, em Natal (RN), na categoria 15-17 anos, após derrotar a Escola Professor Nelson de Sena (MG) por 4 a 2.
“Entramos meio desligadas e saímos perdendo, mas depois buscamos o resultado. Nosso time já tem uma história e não queríamos perder”, disse Emanuela Balbinot, 16, que atuava na equipe de Concórdia (SC) até o fim de 2017, quando se mudou para Chapecó.
Graças ao apoio financeiro da Chapecoense, várias meninas seguem o exemplo de Emanuela e trocam de cidade para manterem vivo o sonho de construírem carreira no futebol. No projeto da Escola Lourdes Lago, elas têm direito a alojamento, alimentação e ajuda de custo. Os treinamentos ocorrem em dois períodos: futsal pela manhã e futebol de campo à tarde. Ao criarem raízes em Chapecó, elas passam a ter a responsabilidade de representar também uma das equipes mais queridas do país.
“É motivo de orgulho vestir essa camisa quando paramos em algum lugar, todos querem tirar fotos conosco. As pessoas têm um carinho enorme pela Chapecoense, e isso faz com que sejamos uma referência. Não tem como não se comover quando a equipe entra em quadra. Por isso, temos que ser gratos e retribuir o que as pessoas fizeram por nós”, finaliza Giordan.
Nesta terça-feira, dia 20, a Escola Lourdes Lago enfrenta o colégio Atílio Fontana, do Paraná, na final do torneio de 15 a 17 anos.