Nesta quinta-feira (16), completam dez anos da conquista da primeira medalha de ouro olímpica da natação brasileira e César Cielo relembrou o feito em Pequim. Confira!
Tensão e ansiedade definiram aquela manhã pré-prova. César Cielo acordou no dia 16 de julho de 2008 sabendo que deveria nadar mais rápido que todos. Mas nem a grandiosidade da final dos 50m livre em Pequim 2008 mudou a rotina do nadador que, mesmo nervoso, acordou, tomou café, foi para a piscina, fez o aquecimento e vestiu o traje da prova normalmente antes de se tornar o primeiro brasileiro campeão olímpico na natação.
“Respeitar isso foi importante e eu consegui me deixar em uma situação que só pensava na execução da prova, não pensava que era uma final olímpica, que poderia ser o primeiro ouro do Brasil. Eu só pensava em fazer minha prova”, contou César Cielo.
No meio da prova, era difícil dizer quem liderava. O brasileiro competia com Amaury Leveaux, Alain Bernard, Ashley Callus, Ben Wildman-Tobriner, Eamon Sullivan, Roland Schoeman e Stefan Nystrand. Frações de segundos separaram o ouro do Brasil de outros competidores: César completou o percurso com 21s30, um recorde olímpico. O oitavo colocado, Nystrand, ficou apenas 42 centésimos atrás do brasileiro.
Dois dias antes, porém, César Cielo teve uma experiência que serviu como estímulo e que tem grande parcela de responsabilidade na conquista de 16 de agosto. A medalha de bronze nos 100m livre o motivou ainda mais para firmar seu nome entre os melhores do mundo.
“Eu vinha de resultados não tão bons até a final dos 100m livre de fato. Consegui um resultado que não imaginava que seria capaz de fazer e a medalha de bronze veio. Os 50m livre começaram ali, a partir daquele 47s67. Até ali, eu estava me colocando em um nível abaixo de muita gente, na questão de performance. Quando eu conquistei aquele bronze, a principal mudança que tive dentro de mim foi: ‘estou junto com os caras'”, relembrou.
Feito histórico
Mesmo sendo responsável pela primeira medalha de ouro olímpica da natação brasileira, César Cielo não encara o fato como algo isolado. Para o atleta, a importância da conquista está relacionada ao incentivo e exemplo passado para os novos representantes da modalidade, no sentido de enxergar a possibilidade de também protagonizar uma conquista em uma Olimpíada. Hoje em dia, Cielo sente os atletas mais preocupados com a performance.
“Até hoje eu vejo como um dos grandes momentos da minha carreira, o primeiro deles. Mas com toda a sequência das coisas, para mim, como eu passei pelos processos, vejo como algo natural. Fiz o que tinha que fazer e ganhei. É difícil, para mim, imaginar em uma magnitude maior”, afirmou. “Eu estava brincando de atravessar a piscina o mais rápido possível e consegui em uma Olimpíada”, acrescentou.
Aos 31 anos de idade, Cielo acumula participações e medalhas em duas Olimpíadas, Mundiais, Pan-Americanos e diversas competições. Para o nadador, a sensação é de missão cumprida. “Eu consegui dominar a alta performance por muito tempo, na prova mais acirrada da natação, com técnicos diferentes. Quando paro e pensar em todos esses anos e conquistas, fico em paz com minha carreira. Isso é importante para mim”, concluiu.
Atualmente, entretanto, o atleta não se vê participando dos próximos Jogos Olímpicos – Tóquio 2020 – e acredita que pode ajudar mais a nova geração estando fora das competições, colaborando com a gestão da modalidade no Brasil.