Aos 31 anos, a nadadora Joanna Maranhão se despede das competições aquáticas, mas deixa recado: “Destruam todos os recordes que ainda existam em meu nome”
A nadadora pernambucana de Joanna Maranhão anunciou nesta sexta-feira (27) a sua aposentadoria definitiva das competições. Recentemente, a atleta descobriu que estava esperando o primeiro filho, fruto do relacionamento com o ex-judoca Luciano Corrêa, com quem é casada.
Mas Joanna acabou sofrendo um aborto espontâneo e, ainda muito abalada, resolveu se aposentar. Antes desse trauma, ela estava negociando com alguns clubes para para voltar à natação competitiva e tentar classificação para Tóquio-2020, o que seria sua quinta participação olímpica. Apenas poucos atletas brasileiros conseguiram este feito, como Fofão (vôlei), Juliana Veloso (saltos ornamentais) e Rogério Romero (natação).
“E é chegada a hora de encerrar um ciclo de tantos anos. Por 17 primaveras defendi as cores do Brasil nos mais diversos campeonatos internacionais. A menina que caiu na água aos 3 e encontrou ali sua essência, sua plenitude, seus maiores pesadelos e também seus maiores sonhos, nem nos mais belos prognósticos se imaginaria tendo a honra de representar o Brasil em 4 Jogos Olimpicos,” escreveu Joanna Maranhão em sua rede social.
Aos 17 anos, ela terminou em quinto lugar na prova dos 400m medley dos Jogos Olímpicos de Atenas e findou um jejum que perdurava havia 68 anos. Piedade Coutinho, em Berlim-1936, ficou na quinta colocação nos 400m livre. Joanna e Piedade ainda são, até hoje, as nadadoras brasileiras com melhor posição em uma final olímpica.
Recentemente, a ex-atleta deu uma entrevista ao OTD e pediu mais ambição à natação feminina. E, como não poderia ser diferente, em sua despedida ela reforçou esse pedido.
“À natação feminina eu faço um pedido: destruam todos os recordes que ainda existam em meu nome. Façam com que o quinto lugar de Atenas seja uma feliz lembrança em minha memória, e que eu (e Piedade Coutinho onde quer que esteja) possamos nos emocionar com o melhor resultado da natação feminina do Brasil em jogos olímpicos no pódio!”
Sua trajetória na modalidade teve início quando a atleta tinha apenas três anos de idade, treinando nas piscinas do Clube Português, no Recife. Aposentada, a ex-nadadora vai seguir ajudado atletas e pessoas do meio esportivo que foram alvo de assédio, além de auxiliar em diversos projetos sociais.
Joanna se manterá à frente de sua ONG, a Infância Livre, que roda o país dando palestras a jovens sobre abuso sexual e garante que não entrará para a política.