Um dos nadadores brasileiros mais versáteis da atualidade, Guilherme Costa se prepara para disputar mais uma edição de Campeonato Mundial, que acontecerá em Fukuoka, no Japão, entre 14 e 30 de julho. No ano passado, ele foi finalista em três provas na competição, com direito a uma medalha de bronze nos 400m livre. Para este ano, Cachorrão, como é conhecido, está focando na prova que lhe rendeu o pódio e, desta vez, quer conquistar o ouro.
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“Meu foco principal é os 400m. Eu peguei medalha no ano passado e quero muito ganhar desta vez”, disse Cachorrão em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia. “Esse ano eu treinei muito bem, melhor do que em 2022. A prova deve melhorar um pouquinho por ser ano pré-olímpico. Me preparei para que o pódio e a medalha de ouro sejam mais fortes do que no ano passado”, completou o carioca, de 24 anos.
Vale destacar que a prova em que Cachorrão foi medalhista, no ano passado, já havia sido forte, com os três primeiros colocados fazendo tempos melhores do que nos Jogos Olímpicos Tóquio-2020. O australiano Elijah Winnington levou o ouro, com 03min41s22, enquanto o alemão Lukas Martens conquistou a prata, com 03min42s85. O brasileiro foi bronze com 03min43s31, recorde sul-americano da distância.
As outras provas de Cachorrão
Cachorrão garantiu sua vaga em Fukuoka após vencer o Troféu Brasil, que serviu como seletiva, há pouco mais de um mês. Agora, ele realiza a reta final de treinos com uma preparação em altitude, na Itália, onde fica até o dia 8. As provas da natação no Mundial acontecerão a partir do dia 23 de julho. Além dos 400m, Cachorrão nadará os 800m e os 1.500m livres, provas em que ele foi finalista no ano passado (também com recordes sul-americanos), e o revezamento 4x200m livre.
“Vejo que estou bem nos 800m. A prova evoluiu muito nesse último ano e ficou muito forte, mas acredito que tenho mais chances. Todo mundo nadou muito bem nas seletivas. Será uma prova bem forte para entrar na final, mas quem estiver lá, vai ter chance de medalha. Os 1.500m é algo além, porque o trabalho que faço hoje é para os 400m. O 4x200m é uma prova nova, que eu não nadei no ano passado. O revezamento do Brasil é forte e vejo que é mais uma prova para eu nadar bem”, avaliou.
Ausência nas águas abertas
Com quatro provas no cronograma, Guilherme Costa ainda queria participar de uma outra: o revezamento 4×1,5km das águas abertas. Ele disputou a prova no ano passado, integrando a equipe que ficou em quinto lugar no Mundial de Budapeste, mas optou por ficar de fora desta vez por conta da proximidade de datas em relação às disputas da piscina. O revezamento acontecerá em 20 de julho, apenas três dias antes de sua estreia nos 400m.
“Queria muito nadar esse revezamento, competi no ano passado e fui bem, mas esse ano a prova é três dias antes dos 400m livre, então me atrapalharia um pouco. A Ana (Marcela Cunha) vai nadar, então seria um revezamento muito forte porque em 2022 ficamos em quinto lugar. Dessa vez, teríamos grandes chances de medalha. Mas é uma prova que eu penso em nadar no futuro”, disse Cachorrão, que esteve presente na Olimpíada de Tóquio-2020.
Tratando-se de novas provas em seu programa de competições, os 200m livre é uma que deve ser agregada em breve. Como seu foco maior está nos 400m, ele consegue se flexibilizar para disputar provas com distâncias próximas a esta. Cachorrão chegou a nadar na casa dos 1min46 segundos no ano passado. “É uma prova que eu vou evoluir um pouco mais e acho que pro ano que vem quero nadá-la melhor”, falou o nadador, que terá um parâmetro já no Mundial, com a disputa do revezamento 4x200m.
Seletiva
Um dos motivos de maior controvérsia na natação brasileira é a realização de seletiva única para definir as delegações para grandes eventos, como Jogos Olímpicos e Campeonato Mundial, critério que vem sendo utilizado há alguns anos no país. Para o Mundial de Fukuoka, foram válidos apenas os índices realizados na final do Troféu Brasil, que ocorreu em Recife, no Pernambuco, no final de maio. Realizado em piscina descoberta e com elevada temperatura da água, a competição gerou reclamações por parte dos atletas.
“O Troféu Brasil em Recife realmente não foi bom. O principal era a água, que estava muito quente. Principalmente as provas mais longas, afetava muito. Como era uma seletiva única, acabou atrapalhando muita gente”, disse Cachorrão. “Eu não soltei tudo porque sabia que tinha que chegar bem no Mundial. Não estava tão bem ainda e, mesmo assim, corri um risco de ficar de fora”, completou.
Cachorrão acredita que outros critérios poderiam ser adotados para os próximos anos, em especial já para a Olimpíada de Paris, em 2024. “Aqui no Brasil, não é comum que todo mundo faça o índice mais fácil igual do que em outros lugares. Tirando Estados Unidos e Austrália, a maioria dos países tem mais de uma seletiva, o que é importante”, falou, para finalizar:
“É muito mais fácil fazer a marca antes para ter mais tempo para se preparar para Paris. A maioria do pessoal tem que chegar muito bem na seletiva e acaba piorando suas marcas porque não tem tempo de fazer a preparação. Seria muito melhor, por exemplo, se você garantisse o índice no Mundial e passasse a treinar só para a Olimpíada”.