Em entrevista exclusiva ao Olimpíada Todo Dia, Cesar Cielo fala de seu retorno às piscinas, dos planos para o futuro e revela que mira bater mais um recorde mundial
Dono de três medalhas olímpicas e 13 em Campeonatos Mundiais, Cesar Cielo é o maior atleta da história da natação brasileira. Mas, em 2016, viveu o pior momento da carreira ao não conseguir se classificar para disputar a Olimpíada do Rio de Janeiro. Desmotivado, ficou longe das piscinas por quase um ano. A possibilidade de abandonar o esporte definitivamente esteve em seus planos, mas o nadador decidiu voltar. Em fevereiro de 2017, acertou com o Pinheiros e os resultados da temporada o deixaram animado. Ele não quer fazer planos a longo prazo, não fala ainda em Olimpíada, mas deixou claro que mira um novo recorde mundial: o do revezamento 4x100m livre, prova em que foi medalha de prata no Mundial de Budapeste, em julho, ao lado de Gabriel Silva, Marcelo Chierighini e Bruno Fratus.
“Hoje a gente tem o melhor revezamento da história do Brasil vindo desse Mundial de Budapeste. A fase do 100m livre é agora e a gente precisa usar para esse revezamento. Então, saímos do segundo e ano que vem a gente tem que mirar o primeiro (no Mundial de piscina curta). 2019, se der tudo certo, mirar o primeiro de novo em piscina longa para tentar pegar essa medalha na Olimpíada. Mas estou vislumbrando com os caras que a gente tem time para bater o recorde mundial. Hoje a gente tem um time para bater o recorde mundial. Então, pessoalmente para mim, o meu objetivo número 1 seria fazer parte deste revezamento recordista”, revela Cesar Cielo, que atualmente é dono das marcas mundiais dos 50m e dos 100m livre.
Os resultados obtidos no Mundial foram a motivação que Cesar Cielo precisava. Além da prata no revezamento, o nadador foi finalista dos 50m livre e terminou a prova em oitavo lugar. Tudo isso conquistado por quem tinha voltado a treinar há apenas cinco meses depois de dez longe das piscinas. “Acho que o Mundial foi bem o resultado que eu estava imaginando. Saí de lá com uma medalha e fiz a final dos 50m livre. Ia ser meio chato ficar fora da final dos 50m livre para mim. Então, ter entrado ali na final já tinha sido para mim um objetivo conquistado e a medalha foi para coroar uma temporada em que a gente conseguiu fazer bons tempos, coisa que eu estava imaginando mesmo, mas agora a gente tem que começar a vislumbrar coisa bem maior”.
Vislumbrar coisas bem maiores significa retomar os tempos feitos entre 2013 e 2014, anos em que obteve suas melhores marcas sem a utilização dos trajes tecnológicos, proibidos desde o começo de 2010. “Meu objetivo é chegar até o final do ano que vem perto ou melhor do que minhas melhores marcas de 2013 e 2014 e aí ver se vai valer a pena experimentar mais dois anos ou o que que a gente vai fazer. Eu já fiz antes e estou querendo fazer de novo. A partir daí vai dar um bom parâmetro do que vale a pena fazer porque meus tempos ainda são medalha no Mundial. Se não me engano, esse ano eu ficaria em segundo e terceiro nas duas provas. Se eu repetir de novo, eu estou no bolo”, acredita o nadador.
Para se ter uma ideia do quanto Cesar Cielo precisa evoluir para chegar onde deseja, o tempo com que ele ganhou a medalha de ouro dos 50m livre no Mundial de 2013, em Barcelona, foi de 21s32. Em 2017, a melhor marca do brasileiro na prova foi 21s77, obtida na semifinal do Mundial de Budapeste, competição em que o americano Caeleb Dressel venceu com 21s15, seguido por Bruno Fratus, que ficou com a prata com 21s27.
Para 2018, Cesar Cielo tem como principal prova no calendário o Mundial de piscina curta, que será disputado em dezembro. Só depois desta competição é que ele vai definir o que vai acontecer com sua carreira. “Hoje eu ainda estou sentindo que estou ajudando dentro da piscina. A hora que eu sentir que fora da piscina é mais interessante, não tenho problema nenhum em relação a isso. Com relação à minha carreira, já estou satisfeito com o que eu fiz. Eu tive meu momento. Foram seis anos sendo pódio em Mundial. Então, agora eu sinto que é uma outra etapa. Para mim, o mais importante é fazer parte de uma equipe, como fiz em Budapeste, que eu sinto que estou adicionando coisas, que eu estou melhorando a situação, que estou ajudando a equipe de alguma forma”, garante.
Mas o monstro competitivo e vencedor continua dentro de Cesar Cielo. Ele evita criar expectativas sobre a Olimpíada de Tóquio em 2020, quando terá 33 anos. Mas, se os resultados evoluírem como ele espera, certamente Cesão estará lá. E a inspiração vem do que aconteceu em 2016, quando o americano Anthony Earvin venceu os 50m livre nos Jogos do Rio aos 35 anos.
“O alto rendimento e a performance independe da idade. Acho que se a pessoa está motivada, se a pessoa está disposta a fazer os sacrifícios que tem que fazer, pagar o preço que tem que pagar, se você está disposto a fazer, de dar o seu melhor, o esporte de alto rendimento é muito justo, ele vai devolver para você o que você planejou, o que você executou. A gente não tem limite. Enquanto está disposto a treinar, disposto a pegar a molecada, treinar junto e ganhar dos caras, a possibilidade de ser campeão de novo está aí”, conclui.
As conquistas mais importantes da carreira de Cesar Cielo