A resposta finalmente veio. Após conquistar a medalha de bronze na prova dos 50m livre nos Jogos Olímpicos de Tóquio, o nadador Bruno Fratus não havia confirmado nem negado que tentaria repetir o pódio daqui há três anos nos Jogos Olímpicos de Paris. Hoje, no entanto, ele deixou os fãs da natação e do esporte olímpico felizes com sua escolha.
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O nadador participava de uma live com a XP Investimentos, nova patrocinadora do Comitê Olímpico do Brasil, juntamente com Fernando Scherer, o Xuxa, também medalhista olímpico na natação, e com Guilherme Benchimol, fundador da XP. Ao ser questionado sobre Paris por Benchimol, o nadador pôs fim ao mistério.
“Já me fizeram algumas vezes essa pergunta… Ah, mas quer saber? Eu ia deixar para fazer um anúncio meu, mas vamos aproveitar e largar que eu vou pra Paris sim. Eu só preciso dar um tempinho de tranquilidade e descanso, mas vai ter Paris sim,” revelou Fratus.
O nadador mostrou ambição e revelou que em nos Jogos Olímpicos da capital francesa, tentará mudar a cor da medalha que conquistou no Japão.
“Conversando com algumas pessoas da diretoria do COB após a prova, eu dizia que foi um resultado muito bom, foi um bronze olímpico, mas foi, entre aspas, só um bronze né? A gente consegue ganhar essa prova e melhorar esse resultado. É praí que a gente vai,” completou.
Se conseguir o índice para a disputa, Bruno Fratus participará de sua quarta edição de Jogos Olímpicos nos 50m livre, algo que só o medalhista de prata em Tóquio nos 50m e campeão olímpico em 2012 Florent Manaudou conseguiu executar. Fratus terá 33 anos na Olimpíada de Paris 2024.
O caminho até a glória
Em sua estreia olímpica, aos 22 anos, Bruno Fratus ficou muito perto de ter uma medalha olímpica. Entretanto, nos Jogos de Londres-2012, o carioca nadou os 50 m livre e não subiu ao pódio por apenas dois centésimos de segundo. Fratus ficou em quarto com 21s61, atrás de Cesar Cielo, campeão olímpico da prova à época e que ficou com o bronze nas piscinas da capital inglesa.
O sentimento após a prova não foi de frustração. o resultado abriu os olhos de Bruno Fratus e lhe trouxe a certeza de que tinha um tinha imenso potencial para ser medalhista olímpico.
Empenhado em realizar o objetivo que escapou por pouco, o nadador se mudou para os Estados Unidos, para treinar com o australiano Brett Hawke, mentor de Cesar Cielo.
Nadando nas piscinas da Universidade de Auburn, no Alabama, sob o comando de um dos melhores do mundo e com muito esforço e dedicação, logo começou a colher bons resultados.
De 2013 a 2015, Fratus nadou 19 vezes abaixo dos 22 segundos, feito incrível para um velocista. Além disso, foi campeão do Pan-Pacífico, marcou o 3º melhor tempo do ano em 2014 (21s41).
No ano seguinte, levou a medalha de bronze no Mundial de Kazan–2015 e fez a segunda melhor marca um ano antes da Olimpíada Rio-2016 (21s37).
Lesão, frustração e depressão
Tudo indicava que nada o pararia nos 50m livre no Rio de Janeiro. No entanto, uma lesão na região lombar apareceu em fevereiro do ano olímpico e o prejudicou muito. Com dores nas costas durante toda a reta final do ciclo, Bruno Fratus nadou no sacrifício e não repetiu as performances que obteve no final de 2015, ficando “apenas” com 6ª colocação.
O resultado na Rio-2016 fez Bruno Fratus começar o atual ciclo olímpico completamente desmotivado, a ponto de fazê-lo flertar com a depressão. Para piorar, o nadador foi dispensado do Pinheiros após muito anos com o clube e chegou até a passar por dificuldades financeiras.
O amor prevaleceu
A mudança do Alabama para a Flórida, o contato com a psicóloga do COB Carla di Pierro, e o fato de começar a ter os treinos enviados por Brett Hawke a distância aplicados diretamente pela sua esposa, a ex-nadadora e medalhista pan-americana Michelle Lenhardt, ajudaram a revigorar as energias de Bruno Fratus rumo à Tóquio.
Sob a orientação da mulher que ama, os resultados melhoraram mais ainda. As 19 performances abaixo dos 22 segundos se transformaram em 42, tornando Fratus o velocista que mais vezes realizou o feito na história da natação. Sua coleção de medalhas em campeonatos mundiais cresceu de uma para quatro – sendo duas de prata nos 50m livre, em Budapeste-2017 e Gwangju-2019, e uma com o revezamento 4x100m livre na Hungria.
O histórico se transformou em resultado em Tóquio. Foi na raia de número três e na prova dos 50 m livre que ele conquistou o bronze e tirou um peso que carregava.
“Foram cinco anos desde o Rio lidando com essa inquietude, com essa ansiedade… Dois meses depois da Rio-2016, eu estava na pior depressão da minha vida, considerando sumir completamente da face da terra, se é que vocês entendem”. A decepção foi enorme, pensou em desistir e entrou em um quadro de depressão.
“Foi o amor, diálogo, compreensão. Tenho que agradecer a Michelle, meus pais, meu técnico. Eu sou o atleta mais sortudo da terra. Tenho pais que me incentivaram desde o começo e sou treinado pela minha esposa e meu melhor amigo Brett Hawke,” comentou Bruno Fratus após a medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio.