No último domingo (25) encerrou-se a Seletiva Olímpica brasileira de natação e a delegação brasileira ficou, por hora, com 18 nomes garantidos nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Dentre todos esses atletas, apenas uma mulher conseguiu carimbar 100% o passaporte para o Japão: Bia Dizotti, atleta vencedora da prova dos 1500m livre com um tempo abaixo do índice olímpico.
+CBDA vai pedir à FINA que valide índice olímpico de Etiene Medeiros de 2019
A jovem de 21 anos fez história nas piscinas do Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro, ao vencer a primeira prova onde três mulheres brasileiras nadaram abaixo do índice olímpico. De quebra, terminou à frente da maior nadadora brasileira de longas distâncias, a campeã mundial da Maratona Aquática Ana Marcela Cunha.
+ SIGA O OTD NO YOUTUBE, NO INSTAGRAM, NO FACEBOOK E NO TIKTOK
O incrível feito da jovem paulistana foi fruto de um árduo trabalho durante os difíceis tempos proporcionados pela pandemia do coronavírus. Com a pausa das atividades e o fechamento do Minas Tênis Clube, local onde treina em Belo Horizonte, a atleta não podia treinar e teve que buscar alternativas para não ficar parada.
Mais do que uma xícara de açúcar
Foi aí que ela contou com uma ajuda fundamental: os vizinhos do prédio de seus pais em São Paulo.
“Quando fechou tudo no começou a pandemia, eu fiquei treinando a parte física fora d’água porque não tinha conseguido piscina. Depois de um mês e meio eu fiz um abaixo assinado no prédio dos meus pai pra usar a piscina de lá. Já tinha tentado, mas não tinham liberado. Aí meus vizinhos foram super legais e liberaram a piscina pra mim,” contou Bia Dizotti em live no Instagram com o OTD.
Graças a atitude dos vizinhos, que segundo Bia foram convencendo uns aos outros no prédio a assinar a petição através do boca a boca, a atleta não deixou de cair na água de abril do ano passado até julho, mês em que conseguiu voltar de fato aos treinamentos no Minas Tênis Clube. A fundista revelou que o prédio todo celebrou o resultado obtido na última quinta-feira.
“Minha mãe mandou mensagem no grupo de Whatsapp do prédio e mostrou que todos os vizinhos ficaram super felizes. Eu amei ver a torcida deles! Eles fizeram super parte do meu sonho. Se não fosse por eles, eu não teria conseguido me manter em forma todos os dias,” comentou Bia Dizotti.
Batendo na frente da ídola
Ao ser questionada sobre suas grandes inspirações na natação, Bia Dizotti citou feras das piscinas como Kate Ledecky, Federica Pellegrini e Ana Marcela Cunha, com quem teve o prazer de bater o índice olímpico na piscina do Maria Lenk.
“Ana Marcela é uma inspiração pra natação brasileira feminina. Tem uma história longa, principalmente nas provas de fundo. É uma honra nadar ao lado dela. E ela ainda me ajudou na coletiva após a Seletiva, quando eu estava totalmente perdida,” avaliou Bia Dizotti.
Na prova dos 1500m, as duas aniquilaram o índice de 16min32s04 e foram as duas primeiras nadadoras a conseguir a vaga para nadar nas piscinas de Tóquio. Bia Dizotti foi a vencedora com 16min22s07 e Ana Marcela ficou em segundo com 16min30s91. Além de superar o índice em mais de 10 segundos, Bia ainda bateu o recorde brasileiro nos 1500m.
No entanto, as duas não nadarão juntas no Japão. Como o foco de Ana Marcela é a Maratona Aquática, Ana Marcela abdicou da vaga.
Vaga em aberto
Com isso Betina Lorscheitter, que terminou em terceiro com 16min27s73, também abaixo do índice, ficou temporariamente com a classificação. Isso ocorre porque Vivane Jungblut, a recordista dos 1500m até a quebra do recorde por Bia, ainda não nadou por ter contraído o coronavírus. Se daqui há três semanas a nadadora não superar os 16min27s73, Betina fica com a segunda vaga.
Ao ser questionada sobre quem acha será sua companheira em Tóquio, Bia não quis arriscar um palpite.
“Essa pergunta é bem difícil. Estou torcendo para as duas meninas, gosto muito delas. Ficarei feliz com qualquer uma das duas ao meu lado. As duas tem excelente natação, nadam muito,” finalizou a paulistana.
Vale lembrar que Bia e Betina/Viviane serão as primeiras mulheres brasileiras a nadar os 1500m em Jogos Olímpicos, uma vez que a prova fará sua estreia no calendário olímpico em Tóquio.