A noite dessa quinta-feira (22), foi espetacular para a natação brasileira. No dia do Descobrimento do Brasil, seis atletas garantiram vagas ao país nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Nos 1500m, Beatriz Dizotti foi a primeira a mulher a bater o índice na Seletiva até aqui e André Calvelo, Pedro Spajari, Breno Correia e Marcelo Chierighini carimbaram o passaporte ao Japão para as provas dos 100m livre e do revezamento 4x100m.
Esses cinco se juntaram aos nove nomes que já haviam conquistado a vaga na Seletiva Olímpica Brasileira de Natação.
Além deles, Betina Lorscheitter nadou hoje a prova dos 1500m abaixo do índice e herdou a vaga de Ana Marcela Cunha, atleta do Time Nissan e do Time Ajinomoto que fez história ao se tornar a primeira mulher brasileira a se garantir nos Jogos nas águas abertas e nas piscinas, mas que abdicou do direito de competir para focar na Maratona Aquática. Foi também a primeira vez que três mulheres do país batem um índice olímpico em uma mesma prova.
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Ao todo foram cinco provas nessa terça-feira: 1500m livre feminino, 100m livre masculino, 200m borboleta feminino, e 200m peito masculino e a tomada de tempo do revezamento 4x200m livre feminino, outro destaque da noite.
O Olimpíada Todo Dia preparou um resumo com o que de melhor aconteceu hoje no Parque Aquático Maria Lenk, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Você também pode conferir uma análise de um especialista sobre o que de melhor ocorreu nos dois primeiros dias da Seletiva. Confira!
Tirando a zica com estilo
A noite no Maria Lenk começou com as mulheres finalmente desencantando na Seletiva Olímpica brasileira. Na prova dos 1500m, Beatriz Dizotti e Ana Marcela Cunha aniquilaram o índice de 16min32s04 e foram as duas primeiras nadadoras a conseguir a vaga para nadar nas piscinas de Tóquio.
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Beatriz Dizotti foi a vencedora com 16min22s07 e Ana Marcela ficou em segundo com 16min30s91. As duas serão as primeiras brasileiras da história a nadar essa prova em Olimpíadas, uma vez que ela fará sua estreia no calendário de provas olímpicas da natação esse ano. Além de superar o índice em mais de 10 segundos, Bia Dizotti, de apenas 20 anos, ainda bateu o recorde brasileiro nos 1500m.
“Foi um trabalho muito bem pensado. O Minas me ajudou muito. Tive uma tendinite no meio da temporada. Fiz uma tomada de tempo muito boa então já estava imaginando realizar o sonho olímpico. Agora realizei,” avaliou Beatriz Dizotti.
Feito inédito
Ana Marcela Cunha fez história nessa quinta feira. A nadadora já havia conquistado o direito de brigar por uma medalha em Tóquio na Maratona Aquática, prova na qual é uma das favoritas. Por ter batido o índice dos 1500m hoje, se tornou a primeira mulher a ter o direito de nadar em águas abertas e nas piscinas no Japão. Como o foco é a Maratona Aquática, Ana Marcela abdicou da vaga.
Com isso Betina Lorscheitter, que terminou em terceiro com 16min27s73, também abaixo do índice, fica temporariamente com a classificação. Isso ocorre porque Vivane Jungblut, a recordista dos 1500m até aqui, ainda não nadou por ter contraído o coronavírus. Se daqui há três semanas a nadadora não superar os 16min27s73, Betina fica com a segunda vaga.
“Acho que meu objetivo não era o tempo ou fazer o índice, era fazer o que o meu treinador determinou. Acredito que ou a Betina ou a Bia representarão o Brasil melhor na prova dos 1500m. Mas o que fiz hoje, mostra que estou no caminho certo,” declarou Ana Marcela Cunha.
Melhor prova em cinco dias
Uma das mais populares – se não a mais popular – provas da natação brasileira empolgou o fã da natação nessa noite no Maria Lenk. Nos 100m livre masculino, André Calvelo, Pedro Spajari, Marcelo Chierighini e Breno Correia foram os quatro primeiros colocados na final e asseguraram a vaga Olímpica.
A prova já foi quente logo de manhã. Nas três baterias eliminatórias, seis nadadores dos que avançaram à final nadaram na casa dos 48 segundos, tempo considerado excelente para uma eliminatória. André Calvelo e Pedro Spajari inclusive superaram o índice de 48s57, fazendo respectivamente 48s09 e 48s55.
O nível foi tão forte que Gabriel Santos, medalhista de prata no Mundial da Hungria de 2017 com o revezamento 4x100m, ficou de fora da final por dois centésimos.
Na final, Pedro Spajari virou os 50m à frente, mas André Calvelo fechou melhor a prova e garantiu a vitória. Os índices foram atingidos por Calvelo (48s15) e Spajari (48s31). Eles representarão o Brasil nos 100m livre na prova individual.
“Quero agradecer aos meus pais, meus treinadores e todos aqueles que contribuíram para o processo. Venho trabalhando há muito tempo por esse momento. Foi uma prova duríssima e estou muito contente com meu desempenho. Agora é trabalhar ainda mais para chegar bem em Tóquio.”, disse André Calvelo.
“Eu acho que os 47s está dentro de nós. Para uma medalha olímpica, temos que nadar para isso. Vamos estar preparados para isso, tenho certeza,” disse Pedro Spajari.
Breno Correia e Marcelo Chierighini ficaram em 3º e 4º lugar e completam o time do revezamento, uma das esperanças de medalha da natação do Brasil em Tóquio. Os quatro são os mesmos que nadaram a prova no Mundial de 2019 e garantiram a vaga ao Brasil.
Sete segundos de melhora
Ao final da etapa, ocorreu a tomada de tempo do revezamento 4x200m feminino. Diferentemente dos revezamentos masculinos, que obtiveram a vaga aos Jogos Olímpicos no Mundial de Esportes Aquáticos de 2019 na Coreia do Sul, a equipe do Brasil ainda não possuíam a vaga direta. 12 das 16 vagas já estão definidas e as quatro restantes irão para os quatro melhores tempos do ranking mundial.
Antes da tomada de hoje, o Brasil tinha apenas o 7º melhor tempo com 8min07s77. Após fazer 8min00s99, Larissa Oliveira, Nathalia Almeida, Gabrielle Roncatto e Aline Rodrigues tomaram a segunda posição no ranking mundial da Grã-Bretanha.
A vaga ainda não está garantida, no entanto. Os países europeus ainda disputarão o campeonato continental em breve e podem ultrapassar o Brasil. Itália, Grã-Bretanha, Bélgica, Israel e Espanha estavam na frente do país antes de hoje e podem ultrapassar. Além deles, Singapura e África do Sul podem surpreender.
Outras provas
Caio Pumputis quase conseguiu o índice nos 200m peito. O atleta do Pinheiros terminou com 2min11s81 e ficou pouco acima dos 2min10s85 necessários para ir aos Jogos Olímpicos.
Nos 200m borboleta feminino, Giovanna Diamante fechou em 1º com 2min15s93, longe do índice de 2min08s43