Foi em 1981, em uma gincana escolar, que tudo começou. Há exatos 40 anos, quando tinha apenas oito de idade, Gustavo Borges caiu na piscina sem pretensões, mas conquistou sua primeira medalha e subiu ao pódio pela primeira vez, algo que ele viria a se acostumar – e colecionar. Foi a largada do que viria a ser uma das histórias de maior sucesso do esporte brasileiro.
“Aprendi a nadar com cinco anos, mas aquela gincana foi algo meio aleatório, mais uma diversão do que qualquer outra coisa. Mas ali foi o ‘start’ de tudo. Foi muito legal, uma época muito boa de descoberta. E aquela competição teve um impacto muito grande em relação a ter uma medalha, um simbolismo. Então foi um marco importante”, relembrou o ex-atleta e atual embaixador da marca Poker, em entrevista ao Olimpíada Todo Dia.
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Apesar da importância do momento, Gustavo Borges ainda era muito novo para tomar qualquer decisão em relação à sua carreira. E esse momento aconteceu seis anos depois, quando tinha 14 e decidiu que a natação seria o seu futuro.
“Minha mãe sempre me incentivou à prática esportiva. Então fiz um monte de esporte ao mesmo tempo e, com 14 anos, deixei meu último de lado, que foi o vôlei. Foi quando percebi que o negócio [a natação] era legal, era sério, e eu estava indo bem”.
Havana-1991: abrindo portas
O ano de 2021 não marca apenas as quatro décadas desde a primeira medalha de Gustavo Borges. Marca também os 30 anos das cinco medalhas do brasileiro nos Jogos Pan-Americanos de Havana-1991.
Gustavo foi ouro nos 100m livre, com direito a recorde da competição, no revezamento 4x100m e no 4x200m. Ainda foi prata nos 200m livre e bronze nos 50m livre, todos com recorde sul-americano.
Foram, portanto, suas primeiras conquistas internacionais mais expressivas e que abriram portas para a construção do que seria uma década dourada, começando pela prata olímpica, em Barcelona-1992.
“O Pan foi um marco para mim do início da minha fase mais profissional. Confiança foi o mais importante naquele momento, porque eu estava chegando ali com 18 anos. E o fato de ter conquistado os títulos abriu margem para a medalha olímpica de 1992. Foi uma escalada de resultados e eu colhi muitos frutos disso na década de 1990. Então teve uma construção a partir do Pan, abriu muitas portas e teve uma importância gigantesca”.
Gratidão
Em 2004, após os Jogos Olímpicos de Atenas, Gustavo Borges anunciou sua aposentadoria. Aos 31 anos e depois de 23 anos daquele primeiro pódio, ele se despediu das piscinas como o nadador brasileiro com maior número de medalhas nas principais competições mundiais. Ao todo, são 35, quatro delas em Jogos Olímpicos. E hoje, olhando para o seu legado, o sentimento que fica é o de gratidão.
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“Muita gratidão, porque os resultados que aconteceram ao longo da minha carreira… Lógico que quando você tem 18, 20 anos, tem um olhar. Hoje eu olho para trás, assisto uma Olimpíada e penso: ‘caramba, eu estava aqui! Subi nesse pódio’. Então vem um pouco de saudosismo da idade, mas muita gratidão ao que o esporte me proporcionou. Tanto em relação aos aprendizados dentro da piscina, como fora dela”, concluiu.