Na última semana, o mundo do esporte foi pego de surpresa pelo anúncio da aposentadoria de Daniel Dias, marcada para após os Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020. São 16 anos de carreira e quase 100 medalhas conquistadas nas maiores competições do mundo. Mas para o craque de 32 anos, chegou o momento certo de “pendurar a touca”.
“Acho importante o atleta pensar sobre isso, porque um dia a gente vai ter de parar. Quando acabou a Rio-2016 e vinham as perguntas se eu seguiria para Tóquio, eu sempre falava que queria mais três ciclos. Mas sendo bem sincero, eu já estava pensando quando eu poderia parar e vim amadurecendo essa ideia desde então. São ciclos que vão se encerrando e outros que se iniciam. E vi que esse era o momento”, contou Daniel Dias ao Olimpíada Todo Dia.
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“Foi uma semana incrível! O carinho, as mensagem que eu recebi… Tem sido um momento muito especial. Coração está alegre, mas claro que não é uma decisão fácil, porque é uma vida dedicada a isso. Mas nada melhor do que encerrar em uma Paralimpíada, a principal competição do ciclo. Então estou muito certo dessa decisão e em paz com ela”.
Top 5: melhores momentos da carreira
São tantas conquistas na carreira que fica difícil escolher as melhores. Mas Daniel Dias elegeu cinco momentos que viveu nesses 16 anos dedicados à natação. E o primeiro deles não poderia deixar de ser a primeira medalha. “Foi em 2005 e ali eu posso dizer que foi a braçada inicial, quando eu percebi que realmente queria ser atleta”.
O segundo momento marcante aconteceu três anos depois, quando Daniel conquistou a primeira em Jogos Paralímpicos, em Pequim-2008. “Foi um momento excepcional, incrível você representar o seu país. Eu assisti Atenas-2004 e quatro anos depois eu estava lá ganhando medalha. Difícil descrever”.
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Em terceiro, mais duas Paralimpíadas. “Foram momentos que contribuíram para que em 2016 eu me tornasse o maior atleta paralímpico. E concretizar isso em casa… Foi um conjunto de coisas que deu muito certo”. Na sequência, o quarto momento é a conquista dos três Troféus Laureus, o “Oscar do esporte”, quando Daniel se tornou o primeiro brasileiro a ter três estatuetas, o que ele define como “espetacular”.
E por fim, e o mais importante de tudo, a família. “O nascimento dos meus filhos, que foram durante a minha carreira, foram momentos que marcaram a nossa vida e mudaram a gente, nos fortaleceu. Eu sei que o Asaph e o Daniel não vão lembrar muito da Rio-2016, eram muito pequenos, mas olhar para arquibancada e ver eles ali era muito especial. Valeu muito mais que as nove medalhas. As três que eu tenho aqui em casa são maiores do que qualquer outra”.
Vivendo cada momento
Nos próximos meses, o maior medalhista paralímpico da natação mundial vai vivenciar tudo pela última vez. E com isso, quer viver cada momento e espera bastante emoção.
“Vai ser muito especial e muito emocionante. Vou pensar: ‘puxa, é a última competição que eu venho aqui’… Até Tóquio-2020, a última prova, vão ser muitas emoções, mas eu quero viver cada momento e eternizá-los. Curtir cada treino, as dores… Vão ser as últimas vezes que eu vou estar quase desmaiando no treino [risos], coisas que só atletas passam e que vão deixar saudade, com certeza. Claro que é difícil, a gente vai chorar, espero que sim, mas que sejam momentos de muitos sorrisos também”.
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E para Tóquio-2020, a expectativa não poderia ser maior. Daniel Dias, como de costume, não promete medalhas, mas promete dar o seu melhor. Tudo para encerrar a carreira com chave – ou medalha – de ouro.
“Espero chegar em Tóquio na minha melhor versão. Quero sair de lá realizado com tudo que eu fiz, tudo que eu conquistei na minha carreira. E acho que vai ser uma emoção muito grande, quando eu subir no bloco a última vez e o árbitro apitar… Vai ser difícil, mas tem que curtir o momento. Eu não prometo medalha, como fiz durante toda minha carreira, mas sim uma dedicação muito grande em cada mergulho, entregando meu melhor”.