Em 2019, uma competição mudou um pouco o cenário da natação mundial. Diferente do que acontecia nas competições internacionais, onde cada atleta representa seu país, a ISL (International Swimming League) criou uma disputa internacional por times. Um dos nomes brasileiros na competição, Nicholas Santos tenta ser direto na explicação da competição. “A ideia é reunir os melhores, fazer uma NBA da natação”.
Idealizada pelo bilionário ucraniano Konstantin Grigorishin, a ISL é disputada em piscina curta, de 25 m, e conta com regras e uma dinâmica única. Ao invés de medalhas, os atletas somam pontos para sua equipe durante as etapas. Para Nicholas Santos, a competição é a uma possibilidade para o futuro.
“Aqui estão os melhores. Então, as disputas e os treinos são fortes. Conversando com o Konstantin, ele comentou que consegue manter a competição por muitos anos no formato que está, sem contar com investimento externo. A ideia é fazer com que as pessoas queiram assistir, se espelhem nos atletas, como foi feito na NBA”, disse o brasileiro, em entrevista ao Olimpíada Todo Dia.
Um pouco diferente do usual
Por não ter pódio a cada etapa, a ISL acabou criando um novo sistema para classificar os atletas e as equipes. Além da pontuação por colocação, a competição possui gatilhos específicos para que os atletas busquem a melhor performance sempre.
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“É uma competição que dura duas horas, ela é direto ao ponto. Você tem que nadar. Não tem medalha porque é por pontuação, e existe uma premiação em dinheiro. Cada prova tem o que eles chamam de ‘Jakpote’ próprio. Nos 50 m borboleta, que é a minha prova, ele é 0.8s. Se você nada a prova e termina com uma diferença acima dessa marca, você ‘rouba’ todos os pontos e a premiação de quem ficou acima dessa diferença. Na última disputa que eu estava dos 50 m borboleta, ao invés de marcar nove pontos, eu fiz 30, porque do terceiro ao oitavo ficaram acima dessa diferença”.
‘Encaixei as provas do jeito que deu’
Nas últimas semanas, Nicholas Santos vem tendo não só os melhores resultados da temporada como os da carreira nas etapas da ISL, disputada em Budapeste, na Hungria. Atualmente um dos maiores nomes dos 50 m borboleta, que não é uma prova olímpica, o brasileiro também melhorou a marca nos 100 m no mesmo estilo.
Apesar do ano ser atípico para todos, por conta da pandemia do coronavírus, Nicholas Santos buscou perder o menos possível e a saída na ISL foi buscar crescer durante a competição.
“Na ISL eu fui encaixando de acordo com o que eu tinha. A primeira prova foi bem ruim, principalmente a saída, com erros primários, mas estava sem competir desde janeiro e fui crescendo com o torneio. E esse tipo de competição é a minha preferida. E os resultados passaram a vir naturalmente”.
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A busca pelo mais completo
O que acontece normalmente nas competições de natação é de ter nadadores especialistas em uma ou duas provas específicas. Na ISL isso não é o que mais acontece.
“Todas as equipes precisam ter dois atletas nas provas. As vezes, em outras competições, alguns atletas disputam provas só pra soltar um pouco, que também é necessário. Aqui se isso acontece. O nadador que não consegue fazer o índice mínimo da prova faz a equipe perder um ponto. É um formato legal para a TV e deixa a disputa mais imprevisível”.
“O time escala os atletas nas provas e eles têm que nadar. Não tem muito o que guardar. Não tem como você nadar uma prova só. Por conta do formato da ISL, não existe como um nadador participar de apenas uma prova. Além de cada um buscar a maior pontuação possível, é preciso ser versátil”.
A ‘bolha’ da ISL
A grande preocupação da maior parte das pessoas no mundo é o combate a Covid-19 e no esporte não é diferente. Disputando etapas da ISL na Hungria, Nicholas Santos não esconde em momento nenhum que pensa na pandemia onde está.
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“Estou na Europa e tenho visto as notícias da segunda onda aqui. Claro que existe uma preocupação. Só para você ter uma ideia, só de investimento de teste de Covid-19 está sendo gasto 2.5 milhões de dólares. Na bolha da NBA os atletas testavam todos os dias para o coronavírus. Aqui,estamos sendo testados de 5 em 5 dias. Se der positivo, o atleta tem que ficar no quarto 14 dias, sem contato com ninguém. A segurança é muito boa. Aqui existe essa preocupação e, por exemplo, os nadadores não podem sair da ilha, se sair acaba sendo expulso da ISL, está no contrato”.
Até o momento, a ISL não confirmou nenhum caso de Covid-19 entre os atletas que participam da temporada de 2020.