É de conhecimento geral que o futebol é a modalidade e o assunto com maior disseminação no Brasil. Essa realidade deixa o esporte olímpico escondido do público. São raros os eventos transmitidos em televisão aberta e nem todos possuem espaço nas fechadas. Isso atrapalha todos os envolvidos com essas atividades e a solução foi encontrada por meio de tecnologia e informação, beneficiando atletas e grupos de interesse.
Sem esse espaço nas mídias tradicionais, investimento em recursos tecnológicos foi a saída encontrada pelas entidades esportivas de algumas dessas modalidades para darem visibilidade aos atletas e profissionais e fornecerem informações aos seus demais “stakeholders”. Além da divulgação da prática do esporte em sí, essas ferramentas possibilitam também a otimização da realização de demandas administrativas.
Quais as soluções?
A aplicação dessas soluções ocorre por intermédio de programas que contemplam as necessidades das instituições que fazem o esporte olímpico brasileiro acontecer, como a gestão nacional de atletas, entidades e competições, súmulas digitais, atualização de resultados de competições em tempo real, transmissões por streaming, ferramentas de gestão, gestão de controles antidoping, manutenção de rankings de atletas, entre outras.
“Além de cobertura em tempo real, temos softwares que fornecem informações para a transmissão no dia do evento, como o que chamamos de geração de caracteres. Isso tudo está integrado à nossa plataforma”, destacou Daniel Alves de Carvalho, sócio fundador da BigMidia, empresa de Tecnologia da Informação, com atuação no desenvolvimento de software, que trabalha com algumas confederações brasileiras.
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“A televisão aberta está cada vez mais ausente das competições nacionais e a tendência é que não transmita quase mais nada. A disputa já era desleal com futebol e está ficando cada vez mais. Então, temos uma área imensa para informar e trabalhar com esse público por meio dos sites das instituições, aplicativos e a própria transmissão, que tem sido cada vez mais constante via streaming”, acrescentou o empresário.
Resultados positivos
Daniel Carvalho tem a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) como cliente e citou um exemplo da modalidade para validar seu ponto de vista. “A natação fez um evento com a transmissão da TV NSports e cedemos o nosso software que gera as estatísticas e as parciais. E essa competição teve 70 mil visitas no mundo inteiro. É um canal que as Confederações entenderam que temos que começar a explorar”, disse.
“Penso que quanto mais informações pudermos fornecer ao público, melhor e maior será o engajamento que teremos na internet, em sites e redes sociais. Isso já é uma realidade e um canal que temos para usar no trabalho de divulgação das modalidades que são nossas parceiras”, completou Daniel Carvalho, que enfatizou a importância que sua empresa dá ao tema Fan Experience, ou seja, a experiência do fã.
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Além da CBDA, a BigMidia presta serviços para CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem), CBTKD (Confederação Brasileira de Taekwondo), CBHb (Confederação Brasileira de Handebol) e Saltos Brasil (Confederação Brasileira de Saltos Ornamentais). E a ferramenta da empresa que tem transformado o contexto da gestão é o SGE (Sistema de Gestão Esportiva).
O sistema online possibilita que qualquer pessoa com computador ou celular tenha acesso à informação, em qualquer lugar do mundo, e consiga saber os placares das competições. “Essa é a cereja do bolo do sistema e se aplica a todas as Confederações que atendemos. Há algum tempo as comunidades esportivas sonhavam com a possibilidade de acompanhar as disputas em tempo real e transformamos esse desejo em realidade”, disse Daniel Carvalho.
Contribuição indireta
Além da gestão, a ferramenta auxilia na otimização dos processos gerenciais. Por meio desse serviço, os procedimentos burocráticos passaram a ser digitalizados, o que agiliza o trabalho e o torna transparente. “A CBTKD, que está há três anos conosco, trabalhava só com atletas faixas pretas nos eventos. Todas as competições e cobranças de taxas eram apenas para esse grupo que contava com cerca de três mil atletas”, contou.
“Esse era o universo que a entidade tinha para gerir o esporte. A partir da implantação da ferramenta, entregamos uma solução de plataforma de gestão e de competição e, em menos de um ano, a CBTKD saiu de 3 mil atletas federados para 30 mil. A plataforma mudou a condição, os planos e forma de entidade gerir o esporte. Agora, o evento de final do ano conta com os faixas pretas e coloridas também”, acrescentou Daniel Carvalho.
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De acordo com o empresário, a tecnologia acaba contribuindo de forma complementar com a formação de atletas. “Antes eram 300 atletas participando do Campeonato Brasileiro de Taekwondo e, no final do ano passado, a competição foi realizada com mais de 1 mil. Desta forma, de uma maneira indireta, ajudamos o esporte de base”, destacou.
Daniel Carvalho apontou o diferencial do sistema desenvolvido pela BigMidia. “A plataforma oferece um conjunto de ferramentas de gestão para entidades. O maior diferencial é a forma que trabalhamos e entendemos o desporto nacional, suas regras, hierarquias e funcionamentos. Nós trazemos uma série de mecanismos para que as Confederações consigam fazer uma gestão a nível nacional do esporte”.
Trabalho com os esportes aquáticos
A CBDA é parceira mais antiga da BigMidia, já que trabalham em conjunto desde 2009. A entidade possui uma fonte de informações bem abrangente. Um exemplo disso é a base de dados de 24 páginas com resultados do campeão olímpico Cesar Cielo, desde os 21s30 que lhe deram o ouro nos 50m livre em 2008 até os 1min58s85 que ele fez nos 200m livre em um Campeonato Internacional Infanto-Juvenil que disputou em 2003.
A CBDA conta com uma plataforma que armazena mais de seis milhões de resultados. Simplificar e agilizar processos, antes realizados quase de forma, artesanal é outra especialidade. “O trabalho estatístico com a CBDA é interessante. Na natação temos um software que fica na beirada da piscina e se integra aos outros equipamentos eletrônicos em que o atleta, na hora que encosta na placa, já sai a parcial no site”, contou Daniel Carvalho.
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“Nos saltos ornamentais, que trabalha com notas, temos um software no qual os juízes podem lançá-las no dia do evento e homologamos e atualizamos o histórico do atleta no site. E tem também a gestão financeira, que também oferece um ganho. A entidade tem a cobrança dela de taxas e a plataforma permite que ela cobre de forma digital. Esse serviço diminuiu bastante as inadimplências com as confederações”, acrescentou.
Elogios à tecnologia
Alexandre Pussieldi, o Coach, foi treinador de natação, com passagem pela seleção dos Estados Unidos, e é jornalista formado, função que exerceu como comentarista do Grupo Globo em três edições dos Jogos Olímpicos. “O Brasil sempre foi muito fraco em estatísticas. Com a chegada da Bigmidia, a CBDA passou a ter a possibilidade de trabalhar com inteligência de dados, o que é fundamental na natação”, disse o especialista.
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O medalhista olímpico Ricardo Prado, prata nos 400 m medley em Los Angeles-1984, é diretor de desenvolvimento da CBDA e também comentou sobre a tecnologia. “A Bigmidia torna possível que acompanhemos os tempos de nadadores de todas as categorias, facilitando a identificação de talentos. Além disso, entrega uma série de ferramentas que facilitam a administração do dia a dia da Confederação”, apontou o ex-atleta.
“Nas competições, os árbitros registram as notas dos saltos em tablets. O sistema calcula e os resultados são disponibilizados online, em tempo real. Eles são inseridos também no banco de dados. O processo é realizado em competições nacionais e regionais. Dessa forma, os treinadores das seleções podem acompanhar o surgimento de jovens talentos em qualquer estado”, contou Ricardo Moreira, presidente da Saltos Brasil.
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“A BigMidia disponibiliza, em tempo real, os resultados das provas, assim que o atleta bate a mão na placa. Esse know how, que só quem trabalha há muitos anos no mundo do esporte pode ter, é algo muito importante para nós”, afirmou Sergio Silva, diretor de Maratonas Aquáticas da CBDA, elogiando o trabalho de tecnologia e informação da plataforma.