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Heróis Olímpicos

Dawn Fraser: do pioneirismo e superação à controvérsia

Fraser foi a primeira mulher nadadora a conquistar três ouros olímpicos consecutivos em uma mesma prova, superou um acidente de carro e acabou a carreira suspensa

Dawn Fraser - Primeira nadadora mulher a conquistar três ouros olímpicos consecutivos
Dawn Fraser foi a primeira mulher nadadora a conquistar três ouros olímpicos consecutivos (Divulgação)

Dawn Fraser é considerada até hoje a maior nadadora de velocidade de todos os tempos. Nascida em 1937, na Austrália, ela fez história, conquistando oito medalhas olímpicas, sendo quatro de ouro e quatro de prata nas Olimpíadas de 1956, 1960 e 1964. Mais do que isso, no entanto, ela foi a primeira mulher nadaora a conquistar três ouros em uma mesma prova em Jogos Olímpicos consecutivos, no seu caso, nos 100 m. 

Até hoje, apenas dois outros atletas repetiram o feito: Krisztina Egerszegi e Michael Phelps. E se Dawn Fraser chamava atenção dentro das piscinas, fora não era diferente. Uma das maiores atletas da história passou pelo pioneirismo, pela superação e por controvérsias também. 

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O pioneirismo

Fraser nasceu em Sydney, em 1937, em uma família de classe baixa e era a caçula de oito filhos. Aos 14 anos, ela foi descoberta pelo treinador Harry Gallagher, nadando nos mares locais. E ali, sua vida mudou. 

Seis anos depois do encontro entre Fraser e o treinador, eles estavam na Olimpíada de Melbourne-1956. Em casa, ela derrotou a compatriota Lorraine Crapp e conquistou seu primeiro ouro nos 100 m estilo livre. Ainda conquistou mais uma prata no 4×100 m livre, e a partir daí, se estabeleceu como a melhor nadadora do mundo.

Dawn Fraser - primeira nadadora mulher a conquistar três ouros olímícos consecutivos em uma mesma prova
Dawn Fraser já favorita em Roma-1960 (Divulgação/COI)

Entre 1956 e 1960, nos Jogos de Roma, Dawn Fraser estabeleceu vários recordes mundiais nos 100 e 200 livres e chegou à Olimpíada como a favorita para defender o título. E assim foi. Ela dominou a prova e terminou com mais de um segundo à frente da segunda colocada para faturar seu segundo ouro. Além disso, a australiana ainda conquistou mais duas pratas nos revezamento. 

E ela não parou por aí. Em 1962, Fraser se tornou a primeira mulher a quebrar a barreira de um minuto no 100 m estilo livre, fazendo mais história. Mas ela queria mais. E conseguiu. Mas para isso, precisou superar uma das maiores perdas da sua vida. 

A superação

Tóquio-1964 foi a consagração de Dawn Fraser. Mas sete meses antes, Saindo de um evento de arrecadação de fundos, ela estava dirigindo o carro, que levava também sua mãe, irmã e uma amiga. Durante a viagem para casa na madrugada de 9 de março, no entanto, Fraser foi forçada a desviar do caminho para não bater em um caminhão e capotou o carro. Enquanto ela, sua irmã e amiga ficaram feridas, a mãe, no entanto, acabou falecendo. 

Com o acidente tão perto da Olimpíada de Tóquio, surgiram dúvidas sobre a capacidade de Fraser de participar e ganhar sua terceira medalha de ouro. Além do peso da morte da mãe, o acidente também a deixou com uma lesão na vértebra, que a forçou a usar um colar cervical por nove semanas. E os médicos ainda aconselharam a não mergulhar dos blocos de partida devido ao risco de agravar a lesão no pescoço. 

Mas a veia de campeã falou mais alto. Dawn Fraser foi a Tóquio, bateu o recorde olímpico nos 100 m e se tornou a primeira mulher da natação a conquistar três ouros consecutivos na mesma prova. No ano seguinte, ela entrou para o Hall da Fama da Natação Internacional. 

Dawn Fraser - 100 m
Dawn Fraser ocupando o posto mais alto do pódio pela terceira vez seguida (Divulgação/COI)

A controvérsia

Além da medalha de ouro, Fraser quis levar mais uma recordação da Olimpíada de Tóquio-1964. Após a conquista, ela fez um passeio noturno com Howard Toyne, médico da equipe olímpica australiana, e Des Piper, um jogador da seleção de hóquei também da Austrália. Eles planejavam pegar algumas bandeiras olímpicas que ficavam hasteadas na rua que levava ao Palácio Imperial, residência do Imperador do Japão. 

Depois de pegarem as bandeiras, no entanto, a polícia foi alertada e os três foram levados à delegacia e ameaçados de prisão. Ao descobrirem que uma das pessoas era Fraser, eles foram liberados e a deixaram ficar com uma das bandeiras roubadas. 

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A polícia deixou passar, mas a Confederação Australiana de Natação não. Até porque não era a primeira vez que Fraser aprontava. Antes da bandeira, ela foi contra as ordens da equipe de descansar e caminhou na Cerimônia de Abertura de Tóquio. Além disso, ela também optou por vestir um traje mais confortável e não aquela escolhido pela delegação australiana para a cerimônia. 

Por tudo isso, a Confederação de Natação da Austrália aplicou uma suspensão de 10 anos à Dawn Fraser. A punição até teria terminado à época dos Jogos Olímpicos da Cidade do México-1968. Mas ela achou que não teria tempo suficiente para se preparar e acabou optando por se aposentar.

O pós-carreira

Dawn Fraser
Fraser participou do revezamento da tocha olímpica em Sydney-2000 (Divulgação/COI)

Depois da aposentadoria, Dawn Fraser não deixou totalmente a natação, tendo sido treinadora por algum tempo. Para além das piscinas, ela passou a se envolver na política australiana. Em 1979, um filme chamado Dawn! foi feito sobre a vida e carreira dela. Em 1998, ela foi eleita a maior atleta feminina da história da Austrália e no ano seguinte, o Comitê Olímpico Internacional a nomeou a maior campeã de esportes aquáticos femininos vivos do mundo. 

Hoje, ela tem 82 anos e, recentemente, se envolveu em uma polêmica racista. Ainda em 1997, Fraser recebeu críticas negativas quando disse que estava “farta dos imigrantes que estão vindo para o meu país”. E agora, em 2015, ela disse aos tenistas australianos Nick Kyrgios e Bernard Tomic para “irem de volta ao lugar de onde seus pais ou pais vieram”. Ela posteriormente se desculpou.

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