Bruno Fratus voltou a treinar há uma semana depois de ficar um tempo longe da natação devido à pandemia de coronavírus. O nadador finalista olímpico nos 50 m livre mora no estado da Flórida (EUA), junto com sua esposa e treinadora Michelle Lenhardt. A região já iniciou a retomada de algumas atividades devido ao controle da doença. Porém, o trabalho ainda é restritivo, já que tem direito a ficar somente por uma hora na piscina.
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“As limitações por aqui iniciaram duas semanas antes em relação ao Brasil. Nessa última semana começamos a retomar a vida normal, mas não são todos os negócios que estão abertos. Passamos por um alarme falso quando foi dito que abririam a piscina, mas não abriu. Tivemos que esperar mais uns três dias. Não é toda estrutura do clube que posso usar e tem também a limitação de no máximo uma pessoa por raia”, contou.
“Além disso, só estou podendo usar a piscina por uma hora. Tem sido um desafio para minha equipe técnica. Eles se juntam e debatem formas de fazer o treino encaixar nesse tempo. Já é difícil treinar para o alto rendimento, mas agora está ainda mais tendo que fazer a mesma coisa em menos tempo. É um desafio a mais, mas vamos conseguir passar por isso”, acrescentou Bruno Fratus, que treina no Centro Aquático Coral Springs.
Treinadora busca otimizar os treinos
Bruno Fratus revelou detalhes de seu retorno aos treinos na piscina durante live em evento solidário denominado Natação em Prol da Saúde, que visa arrecadar dinheiro para ajudar o Hospital São Paulo no combate ao coronavírus. Michelle Lenhardt é uma das integrantes do grupo de trabalho do nadador e comentou sobre a volta aos treinos de seu atleta.
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“A retomada tem que ser gradual para preservação da saúde. Não temos um grande objetivo para esse ano, portanto, o foco nesse ano é cuidar da saúde e fazer o que é possível. Temos que fazer com que essa uma hora seja mais do que o suficiente para que ele não se lesione quando as coisas voltarem como era antes”, comentou Michelle Lenhardt, técnica de natação.
No período de isolamento social, Bruno Fratus ficou de cinco a seis semanas longe das piscinas. O nadador finalista olímpico e dono de quatro medalhas em Mundiais, sendo três de prata e uma de bronze, chegou a treinar em uma piscina de 10 metros na casa de uns amigos antes de retornar em uma em dimensões oficiais. “Lá foi só um retorno ao meio aquático e tomamos os cuidados necessários”, acrescentou a treinadora.
As adversidades da quarentena
Durante a entrevista, Bruno Fratus comentou que já sofreu com depressão no passado e que precisou da ajuda de uma psicóloga para controlar isso. Um dos aspectos mais desafiadores do período de quarentena é a questão mental, já que sobram incertezas e faltam situações concretas. Sem saber quando poderá voltar a competir, o nadador está se adaptando a fazer planejamentos diferentes dos habituais.
“Voltamos a treinar, mas no resto do ano não teremos nada. A próxima competição marcada é daqui a uns 14 meses. Geralmente nos programamos para 15 semanas e agora precisamos planejar para 15 meses. Esse período de quarentena é bom para descansar a cabeça, mas, ao mesmo tempo, tem um desafio envolvido”, disse.
“Qualquer atleta de alto rendimento tem muita necessidade de performance no dia a dia ou na competição. E essa busca por desempenho tem que ser diminuída um pouco em um período como esse. É importante dar uma acalmada nessa busca, mas o atleta sente falta disso. Uma das partes mais difíceis de ficar longe da água é a carência de competição”, completou Bruno Fratus.
Transferir o perfeccionismo para outra atividade
Bruno Fratus se considera um atleta perfeccionista. O nadador revelou que hoje em dia só trabalha com ele profissionais que já estão com ele há bastante tempo ou quem em algum momento na carreira já esteve na equipe dele. Segundo o finalista olímpico, essa especificidade contribui para um programa de trabalho de natação feito sob medida.
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“Para você ter desempenho precisa estar feliz. O segredo está em você achar felicidade no equilíbrio. Diante dessas várias restrições você tem que encaixar alguma coisa que gosta. A combinação pão, queijo e molho de tomate é uma das coisas me deixa mais feliz”, contou.
“Estou assando pão com frequência e o perfeccionismo que tenho na natação estou canalizando para esse hobby, buscando me aprimorar para assar da melhor forma”, concluiu Bruno Fratus que, além das medalhas em Mundiais e da final olímpica, Bruno Fratus tem sete pódios em Jogos Pan-Americanos, sendo cinco no lugar mais alto e dois segundos lugares.
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No Pan de Guadalajara-2011, o nadador foi ouro nos 4 x 100 m livre e nos 4 x 100 m medley e prata nos 50 m livre. Em Toronto-2015, o atleta foi campeão nos 4 x 100 m livre e prata nos 50 m livre. Por fim, em Lima-2019, ficou em primeiro no 4 x 100 m livre e nos 50 m livre.