A natação do Brasil voltou a dar show nos Jogos Parapan-Americanos de Lima. Foram 15 medalhas conquistadas (5 ouros, 7 pratas e 3 bronzes), mas a mais emocionante foi ganha por Joana Jaciara. A nadadora potiguar de 32 anos subiu ao lugar mais alto do pódio e fez uma homenagem ao pai dela, falecido há 11 meses. Segundo a atleta, foi graças à natação que ela conseguiu se livrar da depressão causada pela perda do parente. A recompensa veio em forma de medalha de ouro.
“É como seu eu tivesse ganho uma medalha numa paralimpíada. Eu tenho vindo de uma fase não muito fácil. Essa medalha foi para o meu pai. Eu perdi ele há 11 meses e isso é bem difícil. Eu não consegui viver o luto que eu tinha que viver porque eu tive que encarar de frente. Eu comecei a ter uma depressão e o esporte está me resgatando, não está me deixando afundar. Graças ao esporte e à minha força de vontade que eu estou conseguindo voltar a ser a Joana de antes”, disse a atleta, bastante emocionada, ao final dos 50m livre S5.
Joana Jaciara fez dobradinha com a compatriota Patrícia dos Santos, que ficou com a medalha de bronze na prova. Para vencer, a atleta do Rio Grande do Norte quebrou o recorde dos Jogos Parapan-americanos ao marcar 38s05. “Antes de eu subir no bloco, eu levantei a minha mão para o céu e falei: ‘pai, essa é para o senhor’. Foi o que me deu força”, conta a nadadora, que Joana tem acondroplasia, nanismo desproporcional, causado por mutações genéticas, e começou a praticar natação aos 10 anos por recomendação médica.
Joana Jaciara não foi a única a fazer uma homenagem à família nesta segunda-feira. Ruiter Gonçalves, que liderou o pódio dos 50m S9, que contou também com João Drumond (prata) e Vanílton Nascimento (bronze), nadou com um cavanhaque por causa do avô, falecido há quatro meses. “Eu perdi meu avô em abril e eu falei que ia nadar de cavanhaque em homenagem a ele e a primeira medalha de ouro que eu ganhasse ia ser para ele”, contou o nadador, que tem má-formação congênita na mão esquerda.
Laços de família também impulsionaram Mateus Rheine à medalha de ouro. O atleta de Brusque (SC), que tem deficiência visual por causa de uma doença chamada retinopatia da prematuridade, revelou que, durante os 400m livre S11, ele ouvia os gritos de incentivo da esposa Andreia, que estava na arquibancada. O apoio fez a diferença para que ele terminasse apenas 29 centésimos a frente do compatriota Wendell Belarmino, que terminou em segundo.
“Nos últimos 50m, eu já vivenciei outras vezes na vida, que é sentir alguém nadando lado a lado e a água batendo e espirrando. Só que ali com a torcida incrível, impressionante… Tenho certeza que minha esposa está já há alguns dias sem dormir de tanta ansiedade também… Eu ouvi ela gritando um monte de coisa e falei: ‘agora eu tenho que fazer todo o mecanismo funcionar, tenho que mover a montanha, tenho que fazer alguma coisa a mais para dar certo e graças a Deus o resultado foi muito positivo”, comemorou.
A festa de vitórias brasileiras no centro aquático de Videna nesta segunda teve também a 29ª. medalha de ouro da carreira de Daniel Dias em Jogos Parapan-americanos, a segunda dele em Lima. Desta vez, a vitória foi nos 50m livre S5.
Das cinco medalhas de ouro conquistadas pelo Brasil nesta segunda-feira, quatro foram de noite, a única que foi ganha na sessão da manhã foi nos 200m medley SM10, prova vencida por Phelipe Rodrigues.
Confira todas as medalhas do Brasil nesta segunda-feira na natação!
Ouro
Daniel Dias – 50m livre S5
Phelipe Rodrigues – 200m medley SM10
Ruiter Gonçalves – 50m livre S9
Joana Jaciara – 50m livre S5
Matheus Rheine – 400m livre S11
Prata
Gabriel dos Santos – 200m livre masculino S2
João Drumond – 50m livre S9
Felipe Caltran – 200m livre masculino S14
Ana Karolina Soares de Oliveira – 200m livre feminino S14
Wendell Belarmino – 400m livre S11
Guilherme Batista Silva – 100m peito SB13
Patrícia Santos – 50m livre S5
Bronze
Bruno Becker – 200m livre masculino S2
Vanílton Nascimento – 50m livre S9
Beatriz Carneiro – 200m livre feminino S14