Pouco chamou a atenção a quarta colocação nos 400m livre da classe S8. No entanto, o choro de Rayssa Guimarães ao deixar a piscina do CT Paralímpico, em São Paulo, neste sábado, 20, emocionada por melhorar sua marca pessoal, dá a dimensão do que a jovem de apenas 13 anos ainda pode realizar.
Fruto da Paralimpíada Escolar e do Camping Escolar Paralímpico, programas do Comitê Paralímpico Brasileiro que buscam a detecção de novos talentos e a formação esportiva da pessoa com deficiência desde a infância, ela é a atleta mais nova do Campeonato Brasileiro de natação, que se estenderá até domingo, 21.
O evento no CT Paralímpico tem inscritos 259 atletas de 72 clubes. As instituições, técnicos e nadadores disputam ainda premiações que somam R$ 65 mil. Organizada pelo CPB, a primeira edição do Campeonato Brasileiro de Natação conta com os oito melhores atletas no ranking nacional em cada prova. Além da sessão da manhã deste sábado, haverá ainda disputas no período da tarde, a partir de 17h (confira a programação completa abaixo).
A aptidão precoce de Rayssa, que representa a ADI APIN, de Indaiatuba (SP), chamou a atenção de Leonardo Tomasello. O técnico-chefe da natação paralímpica no CPB vê potencial evolutivo na atleta, que concluiu a prova deste sábado em 6min42s96, atrás de nomes como Camille Rodrigues e Cecília Araújo, medalhistas parapan-americanas. Rayssa tem limitações nos movimentos dos membros inferiores e superiores em decorrência de uma paralisia cerebral, sofrida por complicações durante a gravidez.
“A Rayssa é a mais jovem do Campeonato Brasileiro e apareceu na Paralimpíada Escolar do ano passado. Veio ao Camping Escolar e pudemos observá-la nos estaduais, já que ela não pode nadar o Circuito Nacional, por causa da idade. É importante investir nestes atletas jovens, com as ações que temos desenvolvido, para termos reformulação. Ela é uma boa mostra de que isso é possível”, disse Tomasello.
“Comecei a nadar como forma de fisioterapia, quando tinha seis anos. A minha professora na época me viu, me indicou um treinador e então pude começar no esporte. Hoje a natação representa para mim algo que eu posso me dedicar, em que posso chegar a um pódio”, disse a jovem, nascida em São Paulo, que ainda nadará os 100m borboleta na tarde deste sábado.
O dia também marcou o retorno de Matheus Rheine. Medalhista paralímpico no Rio 2016, o catarinense foi o vencedor justamente da prova que lhe rendeu o bronze há dois anos. O atleta da classe S11 (cego total) completou os 400m livre com o tempo de 4min55s39 e ficou com a medalha de ouro. O nadador de 25 anos ficou um longo período afastado das piscinas, em decorrência de lesões nos ombros. Esta é apenas a sua segunda competição desde sua liberação clínica.
O Campeonato Brasileiro encerra o calendário nacional da modalidade em 2018. Anteriormente, foram disputadas quatro fases regionais e duas nacionais do Circuito de natação paralímpica. O torneio ainda servirá como preparação para a próxima temporada. Em 2019, dois são os maiores desafios internacionais da modalidade: o Campeonato Mundial, em Kuching, na Malásia, de 29 de julho a 4 de agosto, e os Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru, de 23 de agosto a 1º de setembro.