No final de 2019, a técnica do nado artístico do Fluminense Twila Cremona aceitou um convite da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e iniciou o maior desafio de sua carreira profissional: assumir a seleção principal do dueto feminino brasileiro com o objetivo de conquistar a vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2020.
Com o torneio classificatório para os Jogos marcado inicialmente para ocorrer entre os dias 30 de abril e 3 de maio desse ano, Twila estava correndo contra o tempo junto com as atletas Laura Micucci e Luisa Borges. E quando já estava na reta final de preparação, apareceu a pandemia do novo coronavírus atrapalhando todos os planos.
“Nosso treinamento já estava quase no fim. E aí veio essa coisa toda. Para anossa cabeça, foi um pouco chato, tanto pra mim quanto para as meninas. Estávamos quase pontas e veio esse balde de água fria,” comentou a técnica em uma live no instagram da CBDA.
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Mesmo frustrada por não ter conseguido o objetivo traçado no final de 2019, Twila consegue enxergar um lado positivo no adiamento dos Jogos Olímpicos para 2021: o tempo extra para treinar.
“Vamos treinar mais, vamos acertar todos os detalhes, fazer mudanças na coreografia, estudar vídeos… Tem muita coisa pra fazer,” disse a treinadora.
Treinos na quarentena
Se engana quem pensa que por não poderem utilizar a piscina e por não poderem estar juntas, as atletas do nado artístico estejam paradas ou com ritmo de treinamentos reduzidos. Twila Cremona diz que teve que se virar com a comissão técnica do dueto para achar uma solução durante o isolamento social.
“A gente teve que se reinventar. O nado artístico fora d’água e com o dueto separado é muito complicado. Mas demos um jeito. Estamos fazendo a Zala (mistura de movimentos e um tipo de treinamento específico que trabalha musculatura, flexibilidade e postura), a marcação da música fora d’água, estudamos a coreografia, vemos vídeos de adversárias… Enfim, estamos com a rotina bastante preenchida,” analisou a treinadora.
Intercâmbio latino-americano
Twila Cremona apontou uma oportunidade única de aprendizado trazida pela quarentena que não existia antes do distanciamento social.
“Todos os países das Américas se juntaram em um grupo e trocam, a cada sexta-feira, experiências. Cada um ensina um pouco sobre o seu país. Está sendo muito legal.”
Em situações normais, o aprendizado ocorre na observação dos duetos de outros países durante a competição. Pelo fato de que os treinadores têm de pensar também nos seus atletas, essa “troca” acaba não tendo a mesma intensidade. Com tempo de sobra, Twila Cremona diz que está anotando muita coisa nova para usar no futuro.
“Tem muita coisa bacana sendo enviada. Tanto pelos países que estão no nosso nível ou um pouco a frente, quanto pelos que estão atrás da gente. Vai dar pra usar bastante coisa. Anotei bastante coisa nessa quarentena já”, concluiu.