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Seleção Brasileira

Nem ciclo olímpico milionário consegue fazer atletismo do Brasil evoluir

O Mundial de atletismo que está sendo realizado em Pequim chegará nesta terça-feira ao seu quarto dia de disputas. Mas para o Brasil, é como se nem tivesse começado, na realidade. Exceção feita à Fabiana Murer, que avançou à final do salto com vara sem sustos, a equipe brasileira vem sendo um fiasco na China, com uma coleção de fracos resultados e eliminações impiedosas.  Isso tudo apesar de ter tido um investimento milionário neste ciclo olímpico que antecede as Olimpíadas do Rio 2016. Apenas nas temporadas de 2013 e 2014, a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) recebeu, entre receitas de patrocínio, repasses, convênios, Lei Agnelo/Piva etc, nada menos do que R$ 74,3 milhões, segundo informações dos balanços da entidade.

Talvez esse seja exatamente parte do problema. De que adianta ter milhões para investir se boa parte dos atletas que recebem estes polpudos recursos não possuem condições técnicas de ao menos competir em igualdade de condições com as principais forças do mundo?

Keila Costa chegou à final do salto triplo, mas ficou apenas em 12º lugar. Crédito: Getty Images

Keila Costa chegou à final do salto triplo, mas ficou apenas em 12º lugar. Crédito: Getty Images

O erro talvez seja investir apenas no alto rendimento, em parte pela pressão de atingir a tal meta de buscar um lugar no top 10 do quadro de medalhas do Rio 2016. Pouco de evolução pode-se ver nos últimos anos. Nenhum atleta brasileiro ocupa um lugar entre os três primeiros do ranking mundial de nenhuma prova, seja masculino ou feminino. É justamente Fabiana Murer quem mais se aproxima do topo, em quarto lugar no salto com vara feminino. No masculino, Thiago Braz também ocupa a mesma posição, mas assim como nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, voltou a decepcionar em Pequim, sendo eliminado.

Na prova considerada nobre no atletismo, os 100 m, o Brasil não tinha nenhum velocista classificado. Houve até um episódio lastimável na prova do salto em distância, onde Alexsandro de Melo terminou na última posição, sem acertar um único salto. Foi para China fazer o quê?

>>> Veja ainda: Sebastian Coe precisa tirar os esqueletos do armário do atletismo mundial

Como se pode esperar evolução no atletismo brasileiro se em pleno Rio de Janeiro, sede das próximas Olimpíadas, a pista que servia para treinos e competições virou estacionamento e palco de festas, o Célio de Barros? De modo geral, dá para contar nos dedos as pistas espalhadas pelo Brasil em condições de revelar novos talentos. Justamente esse trabalho de base que deveria ser a prioridade da CBAt para os próximos anos.

O desempenho do atletismo brasileiro neste Mundial – e justiça seja feita, semelhante com o torneio anterior, em Moscou 2013 – tem muito a ver com a estagnação que a modalidade viveu ao ficar 25 anos sob o comando de Roberto Gesta de Mello. Que os próximos 25 anos tragam a tão sonhada evolução para o Brasil, nesta que á a modalidade-base para todos os esportes.

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