Ninguém pode dizer que ficou surpreso. Ou mesmo que tenha sido uma grande zebra. O empate desta sexta-feira contra Montenegro por 23 a 23 resultou na já aguardada eliminação da Seleção Brasileira no Mundial feminino de handebol, na Alemanha.
Restará agora a melancólica disputa da Copa Presidente, nome pomposo para o velho e bom torneio consolação. Na melhor das hipóteses, o Brasil ficará na 17ª posição.
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Como temos o péssimo hábito de ficar mal acostumados por aqui, este resultado soa como uma grande decepção. Os mais exagerados diriam até que foi um vexame. Claro, como um time que foi campeão mundial em 2013 e que terminou em sexto lugar na Olimpíada Rio-2016 poderia não ter ao menos avançado para os mata-matas?
Só que as coisas não funcionam com esta lógica típica daqueles que gostam de apoiar apenas na hora das conquistas.
A eliminação no Mundial feminino, diante da campanha irregular que o Brasil cumpriu ao longo dos cinco jogos na fase de grupos, foi absolutamente dentro da lógica. Uma série de problemas dentro de quadra, agravados pela pobre produção ofensiva, acabaram tendo peso decisivo no resultado. Entre os 24 times que disputam o Mundial, a Seleção Brasileira só teve desempenho melhor do que cinco deles: Argentina, China, Camarões, Paraguai e Tunísia.
O Brasil não fez um único grande jogo no torneio. Alternou momentos terríveis na defesa, como na estreia diante do Japão, com outros onde o ataque foi quase inofensivo, diante da Rússia, por exemplo. Nada surpreendente para um time que precisou trocar 50% do elenco que participou da Rio-2016 e ainda não pôde contar com uma importante peça ofensiva, Alexandra Nascimento, eleita melhor do mundo em 2012 e que está voltando de lesão.
A responsabilidade da Confederação
Seria muito simples jogar a responsabilidade nas costas das atletas ou mesmo do novo treinador, o espanhol Jorge Dueñas. Só que a conta precisa ser dividida. O próprio espanhol demorou para ser confirmado no cargo pela CBHb (Confederação Brasileira de Handebol). E quando começou para valer a preparação visando o Mundial, praticamente faltavam duas semanas antes da competição começar.
A Confederação, bom que se diga, segue há 27 anos sob o comando do mesmo dirigente, Manoel Luiz Oliveira. A última eleição inclusive é contestada na Justiça pela oposição, graças a diversas denúncias a respeito de má gestão de verbas públicas.
O fato é que o handebol feminino do Brasil não soube trabalhar em cima dos excelentes resultados obtidos nos últimos cinco anos. Agora, resta ter a humildade de aprender com os erros e recomeçar o trabalho. De olho especialmente nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, pois o título da competição vale vaga em Tóquio-2020.
Um retrocesso a esta altura pode significar ao handebol feminino um caminho de volta à condição de mero coadjuvante no cenário internacional.
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