No último final de semana, o polo aquático masculino do Brasil comemorou a conquista da Copa Uana. A competição, realizada em Port of Spain (Trinidad e Tobago), deu vagas para equipes das Américas ao Mundial da modalidade, que será em Budapeste, no mês de julho. Na decisão, a Seleção Brasileira bateu o Canadá, então favorito, por 6 a 5. A vaga, porém, estava assegurada desde sexta-feira (10), quando os brasileiros bateram a Argentina (11 a 5).
Assim, o time masculino se juntará à Seleção feminina, também com presença assegurada na Hungria, a partir de 16 de julho, data de abertura do Mundial. No caso das meninas, a classificação veio de forma bem mais tranquila – apenas Brasil e Canadá se inscreveram para a qualificatória continental e se classificaram automaticamente.
Isso significa motivo de comemoração para o polo aquático, que pela sétima vez terá as equipes dos dois gêneros em um Mundial da modalidade? Sim, mas com moderação.
No caso do time masculino, a conquista teve uma importância enorme. Ainda mais em um momento de reconstrução da Seleção Brasileira. Sem ter mais o comando do técnico croata Radko Rudic, que deixou a equipe ao final de seu contrato com a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), além de vários outros atletas, o Brasil conseguiu manter-se como a principal equipe das Américas, repetindo o que havia feito na Olimpíada Rio-2016, quando terminou em oitavo lugar.
Mas não se pode esquecer a crise sem fim pela qual passa a CBDA, investigada pelo Ministério Público de São Paulo, sob acusação de mau uso de recursos públicos. Sua diretoria, incluindo o interminável Coaracy Nunes, chegou a ser afastada pela Justiça, mas conseguiu retomar o poder, via liminar. Até o final deste mês a entidade deverá promover sua eleição e há um enorme ponto de interrogação: qual o futuro dos esportes aquáticos do Brasil neste ciclo olímpico para Tóquio-2020?
Caixa vazio
Do ponto de vista financeiro, as notícias são péssimas. Há duas semanas a CBDA anunciou a renovação de contrato de patrocínio com os Correios, parceiros da entidade desde 1988. Porém, em em condições muito mais modestas. Para os próximos dois anos, serão pagos R$ 11,4 milhões. Repito, com direito a grifo: dois anos. Isso para ser dividido em cinco modalidades: natação, polo aquático, nado sincronizado, saltos ornamentais e maratona aquática.
Não custa lembrar que no no final de 2016, a própria direção da CBDA divulgou os critérios de convocação para as seleções de natação nos eventos internacionais de 2017. Destaque para o aviso de que exceção do Sul-Americano, todos os outros eventos teria uma delegação composta por apenas oito atletas na natação. Nada foi dito em relação aos demais esportes aquáticos.
Como estes critérios foram anunciados antes da renovação do contrato com os Correios, pode ser que alguma coisa mude até julho, data do Mundial de polo aquático. Até porque os recursos da Lei Agnelo/Piva para a CBDA tiveram redução para 2017, de acordo com critérios estabelecidos pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil). Mas, de acordo com projetos apresentados para competições ao longo do ano, o valor poderá ser aumentado.
Resumo da ópera: o polo aquático pode comemorar a vaga para o Mundial de Budapeste, mas com moderação.
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