Faltam exatamente 500 dias para os Jogos Olímpicos de Inverno Milão-Cortina 2026. Puxada por uma geração de novos atletas, a delegação brasileira tende a ter um número recorde de atletas. A Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) espera levar entre sete e oito atletas nas modalidades de neve, incluindo provas de esqui e snowboard. O destaque é para o esqui alpino, onde a chegada de Lucas Pinheiro Braathen, que tem chances reais de ganhar a primeira medalha brasileira no evento.
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O craque do slalom
Lucas Pinheiro Braathen tem dupla cidadania, com pai norueguês e mãe brasileira. Ele iniciou sua carreira esportiva competindo pela Noruega, onde conquistou o título geral da Copa do Mundo de esqui alpino na temporada 2022/2023 no slalom. Após o feito, Lucas anunciou sua aposentadoria. Mas ele quis voltar para o esporte e agora representando o Brasil. “A gente está muito animado com a entrada do Lucas Pinheiro que agora vai representar o Brasil. É nossa oportunidade para aparecer mais nas manchetes da modalidade. E ele sozinho, no melhor dos mundos, conseguiria abrir três vagas para o Brasil”, explica Gustavo Haidar, gerente de Esportes da CBDN.
E apesar de ter passado a maior parte da vida na Noruega, Lucas tem laços firmes com o Brasil. Ele fala português, viaja ao país todos os anos e gosta de futebol, torcendo para o São Paulo. “O Lucas vem todo ano para o Brasil visitar a família. Ele tem esse sangue brasileiro bem forte. Depois do período sabático ele queria voltar para o esporte. Daí viu a oportunidade de estar junto do Brasil”, completou Haidar.
No esqui alpino, o Brasil já tem ao menos uma vaga assegurada, depois que Valentino Caputi se tornou o primeiro atleta do país neste ciclo olímpico a garantir o índice mínimo para disputar a modalidade em Milão-Cortina. Mas o número pode aumentar, de acordo com o desempenho de Lucas Pinheiro Braathen nos próximas temporadas da Copa do Mundo.
Garotada do snowboard e freeski
O melhor resultado da história do Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno é o nono lugar de Isabel Clark no snowboard cross em Turim 2006. Voltando à Itália, o Brasil pode ter representantes na versão masculina da prova de Isabel em Milão-Cortina. Os irmãos Noah e Zion Bethonico tentarão a classificação olímpica. Zion conseguiu um grande resultado neste ano nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude em Gangwon, na Coreia do Sul. Ele ganhou uma inédita medalha de bronze na prova. Os dois irmãos competem no circuito internacional há alguns anos. Apesar do bom resultado de Zion nos Jogos da Juventude, a chance maior de classificação é com Noah, que já é mais experientes e tem melhores resultados na categoria adulta.
Outro nome que se destacou em Gangwon foi Luca Mérimée-Mantovani, com um quarto lugar no big air e um 13º lugar no slopestyle. Luca é outro atleta com dupla cidadania que optou por competir pelo Brasil, após ter representado a França nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude. “Luca tem uma grande chance de classificação. Ele é bastante jovem, acabou de fazer 18 anos. E no fundo é a mesma coisa do Lucas, de querer dar um sangue novo na carreira, de ter novas possibilidades. Ele esteve no Brasil um mês atrás e tivemos algumas reuniões com ele e o pai dele. E o Luca está super orgulho de representar o Brasil”, disse Gustavo Haidar ao OTD.
O Brasil ainda tem chances de classificação no snowboard halfpipe. No masculino com Augustinho Teixeira e no feminino com Priscila Cid, que tem apenas 14 anos e recentemente ficou em quarto lugar em sua primeira prova internacional competindo pelo Brasil. Já no esqui estilo livre, os irmãos Sebastian e Dominic Bowler tentarão a classificação.
Temporada importante para o cross-country
O Brasil deve seguir representado no esqui cross-country em Milão-Cortina 2026. A CBDN espera levar pelo menos um atleta no masculino e uma no feminino. Mas existe a possibilidade de conseguir mais vagas. Para isso, os resultados dos atletas brasileiros nesta temporada será fundamental para garantir pontos em um ranking de nações que dá vaga extras na modalidade nos Jogos Olímpicos. Em Pequim 2022, por exemplo, o Brasil conseguiu ficar no top-30 do ranking feminino, levando duas atletas para a Olimpíada.
“A gente tem trabalhado com uma vaga em cada naipe, com a expectativa de abrir uma segunda. A primeira vaga é por uma cota básica que cada país tem direito e nós já temos atletas que estão dentro da zona de pontuação necessária. E tem uma lista de Mundial e Copa do Mundo que vai contando pontos até perto dos Jogos. E quanto mais provas a gente conseguir participar no Mundial e Copa do Mundo, por exemplo, nós somamos mais pontos”, explicou Haidar. Assim, o Brasil irá com quatro atletas no masculino e no feminino no Mundial de esqui nórdico de 2025 na Noruega, para tentar aumentar sua pontuação na lista.