Alguns minutos após colocar no peito a maior conquista da carreira, a medalha de ouro olímpica em Tóquio-2020, Ana Marcela Cunha já deixava claro o próximo desafio: o título de campeã mundial nos 10 quilômetros da maratona aquática. “Ser campeã aqui é muito importante e ainda não fui campeã mundial dos 10km, que também é muito importante. Saio daqui querendo mais para o ano que vem”, disse a brasileira na capital japonesa. Passado o ano, o ouro não veio, ela foi bronze no Mundial de Budapeste no final de junho. O que parece uma decepção, segue sendo o principal objetivo, porém não essencial para ela se sentir realizada como nadadora e como pessoa.
“Falar logo após uma Olimpíada que quer ser campeã mundial é algo que está dentro da gente. Algo que está no atleta de alto rendimento e que tira da zona de conforto. Eu poderia falar: ‘cara, não quero mais nada, vou parar de nadar, conquistei a medalha de ouro olímpica’. Mas, não. Está dentro de mim, é uma vontade, quero muito. Toda minha equipe quer isso, inclusive quem treina comigo sabe o quanto a gente se dedica, o quanto é importante para eles”, disse no início da semana, em entrevista coletiva organizada pela Unisanta, equipe que ela integra. “Vou lutar até o fim, e se mesmo assim não conquistar, me sinto já muito realizada pelo que eu já conquistei, pela minha carreira, minha vida. Além de ser atleta profissional e ter conquistado o que conquistei, sou uma pessoa que tem uma formação. Como atleta e como pessoa já tenho tudo.”
Conforto? Não mesmo!
O bronze nos 10 quilômetros do Mundial de Budapeste foi nada menos do que a 14ª medalha de Ana Marcela Cunha em Mundiais na maratona aquática. Sharon Van Rouwendaal, holandesa campeã olímpica na Rio-2016 e prata em Tóquio, venceu, seguida pela alemã Leonie Beck. “Esse mundial é o maior da minha vida, melhor do que a gente esperava”, avaliou a brasileira. “A gente está mudando algumas coisas na forma de nadar, como vou me colocar na prova, e está dando para testar algumas coisas. Eu saí de lá com um gostinho de quero mais, continuo perseguindo meu maior sonho hoje, depois do ouro olímpico, que é ser campeã mundial nos 10 mil (metros). Eu sei que posso e é o que eu vou fazer. A gente não entra na zona de conforto. Foi uma medalha muito bem vinda.”
Paris via Fukuoka
A próxima tentativa de fazer ser de ouro a 15ª medalha em Mundiais será na terra da maior conquista de Ana Marcela Cunha, o Japão, em Fukuoka. E a competição terá uma motivação a mais, já que as três primeiras colocadas terão vaga garantida nos Jogos de Paris. “O objetivo, como a gente falou aqui desde o começo, é ser campeã mundial. Se eu for no próximo, estou com a vaga garantida”, diz. “Então é se preparar, ser pódio, que é o mais importante, e ter um ano para se preparar para a Olimpíada. E se tudo der errado, a gente vai para Doha buscar uma vaga. Esse é o critério, não tem o que fazer.”
Doha será a sede do Mundial de 2024 na maratona aquática, ano dos Jogos de Paris, e lá as 13 melhores colocadas conquistam vaga para a capital da França. “A diferença é que e em Doha as treze primeiras classificam o país, então não tem, de fato, a vaga garantida. É algo novo. Não sou 100% a favor, mas a gente já vive isso no Campeonato Pan-Americano, no qual a gente classifica o país e as vezes tem seletiva nacional.”
Continue a nadar
Os objetivos estão claros e traçados. A maneira de chegar neles também está planejada. “A gente pensa lá na frente, mas é muito passo a passo. Prova a prova. Temos etapas de Copa do Mundo esse ano. É uma prova de maior duração, os treinos não são tão intensos, de força. A gente treina duas, duas horas e meia por treino. Ano que vem teremos de dar uma enxugada pra ter melhores resultados nas competições alvos. Tem Campeonato Mundial, Jogos Pan-Americanos, Mundial Militar e os Jogos Mundiais de Praia e algumas etapas de Copa do Mundo. É um calendário que se estende por um ano, um ano e meio, dependendo do que vai acontecer. Pensando em Paris-2024.”
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