A gaúcha Viviane Jungblut estava terminando a preparação para a seletiva olímpica do Troféu Brasil – Maria Lenk quando a pandemia do coronavírus interrompeu os treinos e trouxe indecisão antes dos Jogos de Tóquio serem oficialmente adiados para 2021.
“No começo foi uma aflição, ficamos bem ansioso para saber qual seria a decisão. Estávamos na reta final para a seletiva, então foi bem preocupante no primeiro momento, não sabíamos como ia ser. Depois que saiu a decisão, ficamos mais aliviados”, comentou a nadadora em uma live no instagram da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA).
Mesmo com o adiamento dos Jogos, os nadadores continuam sem saber o que vai acontecer no futuro. Com a pandemia ainda ameaçando o mundo, o planejamento para a sonhada vaga em Tóquio continua difícil.
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“É um pouco complicado ainda porque não sabemos quando isso vai acabar, quando poderemos retomar os treinos. Agora tem que se manter ativo para não perder tanto na volta aos treinos. A tendência é a que a seletiva seja em abril do ano que vem, então tem que programar a cabeça para isso. Tem que olhar para o lado positivo, agora tenho mais tempo pra treinar”, projetou Viviane.
Vaga olímpica
Especializada na maratona aquática, mas também competidora das provas de piscina, Viviane Jungblut não conseguiu a vaga olímpica nas águas abertas, mas ainda pode ir para os Jogos de Tóquio pela natação.
A vaga na maratona escapou no Mundial de Esportes Aquáticos da Coreia do Sul em julho de 2019. A prova dos 10 km classificaria as dez primeiras colocadas, mas Viviane terminou na 12ª colocação.
“No começo eu estava focada, preparada para tudo que iria vir, e eu fiz uma estratégia e cumpri”, contou. “Foi minha melhor prova, estava bem preparada. No final chegou todo mundo junto, tudo embolado, ninguém sabia o que tinha acontecido. E quando vi que tinha ficado em 12º deu aquela raiva, pensei o que poderia ter feito, mas depois eu parei e aceitei ‘foi minha melhor prova, fiz o que pude, fiz o meu melhor e faltou pouco'”, completou a brasileira, que conseguiu também o feito histórico de ser a primeira nadadora a competir no mundial tanto em águas abertas, quanto nas piscinas.
Redenção no Pan
Se Viviane não conseguiu a vaga olímpica no Mundial na Coreia do Sul, pôde se redimir nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, conquistando medalhas tanto na natação, quanto na maratona.
Na prova de 10 km da maratona conseguiu um bronze e fez dobradinha brasileira no pódio com Ana Marcela Cunha, que conquistou a medalha de ouro.
Na piscina, Viviane chegou em 6º lugar na prova dos 400 m livre, mas, depois, conseguiu um bronze na prova dos 800 m livre.
“Em 2015 (em Toronto) eu fiquei de fora do Pan, era uma coisa que eu queria muito. Então, em 2019, quando me classifiquei pensei ‘vou aproveitar muito essa oportunidade’. E acho que foi o que me ajudou. Eu tinha acabado de vir de uma frustração e fui com outro ar para lá. Isso me renovou, mudei minhas energias. Falei ‘já foi, agora é página nova’”, lembrou.
Piscina x águas abertas
Atleta do Grêmio Náutico União, Viviane Jungblut começou na natação aos 7 anos, querendo imitar os irmãos que já praticavam o esporte. Seguindo a tradição do clube gaúcho, a nadadora de 23 anos passou a competir também nas águas abertas.
Em 2012, chegou à seleção brasileira de base através da maratona aquática e, em 2017, conseguiu passar na seletiva e entrar na seleção adulta.
Entre 2017 e 2018, a gaúcha foi quatro vezes ao pódio em etapas do Fina Marathon Swim World Series. Após a aposentadoria de Poliana Okimoto, Viviane se consolidou como a segunda melhor da modalidade no país, atrás de Ana Marcela Cunha.
“Eu estava sempre na dúvida entre piscina e maratona, mas depois que entrei pra seleção, eu falei ‘Quero ir pra maratona e deixar a piscina um pouco em segundo plano'”. Opção possível apenas para uma versátil nadadora.