Na etapa de Setúbal, em Portugal, da Série Mundial de Maratona Aquática, o Brasil fez história. Ana Marcela Cunha, maior nome do país e um dos maiores do mundo na modalidade, venceu a prova e se tornou a maior campeã da história da competição com 22 títulos, ultrapassando o alemão Thomas Lurz, que é considerado uma lenda da modalidade.
Na prova deste sábado (08), cinco atletas abriram vantagem: Ana Marcela Cunha, as italianas Arianna Bridi e Rachel Bruni, da Itália, a equatoriana Samantha Arevalo Salinas e a portuguesa Angélica André. Elas montaram um pequeno pelotão que liderou a competição durante todo o tempo. A primeira volta no percurso foi mais lento, com as cinco nadadoras se alternando na liderança. Na última volta, a brasileira acelerou a velocidade das braçadas, mas chegou praticamente empatada com Rachel Bruni, vencendo na batida de mão, que foi ligeiramente antes do que a adversária.
Não era bem a tática que tinha pensado. Forcei o ritmo e senti que tinha apenas uma adversária comigo. Há muito que não vencia com um ‘sprint’ final e aina por cima à frente da Rachel Bruni que é muito rápida ao terminar, o que me permite pensar que estou mais forte”, comentou Ana Marcela Cunha.
“Foi uma prova para cardíaco. Foi uma prova boa, dura, mas ela soube se posicionar, puxou a prova um pouco em alguns momentos e teve um excelente sprint. Nadou bem de uma e conseguiu a vitória na última braçada”, comentou Fernando Possenti, técnico de Ana Marcela.
Apesar da dificuldade para conseguir a vitória, Ana Marcela Cunha vive um momento excelente. Campeã do circuito mundial e eleita a melhor do mundo em 2018, ela subiu ao pódio em todas as três etapas da Série Mundial de maratona aquática disputadas até agora. Ela foi campeã da primeira etapa, disputada em Doha em fevereiro, vice em Seycheles em maio e voltou a ganhar a medalha de ouro agora em Setúbal.
“Uma das coisas que eu mais gosto do meu trabalho, uma das coisas que eu mais publico nas redes sociais, é sobre ter regularidade, consistência e constância no trabalho. Não é um resultado esporádico. Que sigamos assim até o ano que vem”, afirmou Possenti, se referindo a 2020, ano em que Ana Marcela Cunha vai tentar conquistar a sonhada medalha de ouro olímpica.
Se a fase é boa e não há o que reclamar em relação aos resultados, o que tem tirado o sono do treinador de Ana Marcela são os trajes homologados pela Fina para a disputa da maratona aquática. “Esse traje limita mesmo os movimentos. Então a Ana não consegue imprimir a técnica dela com tanta facilidade. Uma pena que a Fina não tenha revisto ou repensado um pouco esses trajes. Ela está toda dolorida. Os trajes entre 16 e 18 graus, traje é obrigatório, entre 18 e 20 é opcional e acima de 20 é proibido. A água hoje tava 19, era opcional, só que todas nadam com traje porque aumenta a flutuação. Mas ele prejudica muito a mobilidade articular, machuca o pescoço. Ele é adaptado do triatlo e muito mal feito. Deveriam pensar em algo mais específico para a modalidade”, afirmou Fernando Possenti, que tenta junto com universidades fazer um estudo para enviar artigos à Fina sobre o assunto.