Paris – “Cuidado, a Tayana vai te pegar!”. A campeã do levantamento de peso neste domingo (8) sonhou que iria subir ao pódio e cantar no lugar mais alto. Ela não soltou a voz, mas encarou a rival pelo título pouco antes de bater o recorde paralímpico e vencer a disputa na categoria até 86 kg.
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“A gente andou na prancha, foi pelas beiradas, e deu o bote no final”, brincou a atleta que desbancou a chinesa Feifei Zheng. A adversária detinha o recorde paralímpico, e era considerada favorita para a prova. Ficou na frente da disputa nas duas primeiras séries, mas falhou na terceira, quando elevou o sarrafo para 160 kg.
“Faz três competições que ela faz a mesma pedida, que é 160 kg, e ela não sobe, ela não consegue”, explicou a Tayana Medeiro. A brasileira aproveitou a oportunidade e solicitou o Power Lift, a quarta tentativa, que só pode ser acionada caso o halterofilista tenha a intenção de bater um recorde. Ela levantou 156 kg, venceu a prova, e bateu o recorde paralímpico, que pertencia à chinesa.
“Quando eu fiz a terceira (tentativa), eu desci encarando ela. Eu vi que ela estava fora do foco porque ela não é de olhar. E ela olhou bem na minha direção. Foi na hora que eu olhei para a cara dela, ela não entende, mas eu falei assim: eu vou te pegar”, revelou Tayane.
A carioca de 31 anos disse que estava engasgada desde o Mundial de Tbilisi, na Geórgia, quando falhou nas tentativas e ficou em oitavo lugar. Segundo Tayana, a adversária chinesa não esperava que poderia ser superada, uma vez que a brasileira não tinha levantado mais de 147 kg.
A atleta que também foi campeã dos Jogos Parapan-Americanos de Santiago-2023 acredita que sua evolução ocorreu muito por conta da mudança para o Praia Clube. A atleta disse que é muito grata à estrutura que tinha no Rio de Janeiro, mas a mudança para Uberlândia foi benéfica em relação à rotina de treinamentos, uma vez que ela tem por perto colegas e treinadores da seleção.
Se para o ciclo de Paris Tayana teve uma melhora na preparação, na Paralimpíada anterior a realidade era outra. Por conta das restrições da pandemia de Covid-19, a atleta teve que treinar em casa. “Na época, meu pai ficou desempregado e ele pegou o pagamento dele todinho da rescisão e comprou um banco para mim e botou no terraço de casa. Eu tive uns problemas emocionais naquele período, onde eu engordei 10 quilos, então estava muito acima da minha categoria”, detalhou.
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O Complexo da Penha virou Paris
A halterofilista se mudou sozinha para Minas Gerais, mas a família não deixa de acompanhá-la. “A comunidade onde eu morava está tendo festa. Ontem meus primos me ligaram, eles estavam em uma festa, todos com camisetas com minha foto. As meninas até me falaram: Paris vai virar baile. Eu falei: não, gente, o Complexo da Penha virou Paris”, exaltou.
“Em dezembro tem Brasileiro, ano que vem tem Mundial. Eu não vou baixar a guarda. Eu vou para cima, o próximo passo é medalha no Mundial. E agora vou para cima porque quero quebrar o recorde dela”, projetou Tayana sobre a marca de 159 kg de Feifei Zheng.
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