Independentemente do esporte que pratica, um atleta, de maneira geral, precisa focar na parte da musculação nos treinamentos. Especialista no assunto e melhor nome do Brasil do levantamento de peso, Fernando Reis contou em live com o OTD que tem o costume de ajudar diversos atletas olímpicos brasileiros de alto rendimento, como o nadador Bruno Fratus, e que isso lhe faz um atleta ainda melhor.
“Parece meio clichê falar, mas quando você ensina, você aprende muito. Porque você acaba vendo a modalidade de uma maneira diferente. Quanto mais eu ensino as pessoas, mais eu tenho um entendimento melhor do levantamento de peso e da parte técnica de uma maneira geral”, disse no bate papo deste sábado (8).
Ajudando campeões
Pode-se dizer que uma pequena parte das medalhas olímpicas e mundiais de muitos atletas brasileiros de alto rendimento tem um pouquinho de Fernando Reis. Isso porque sempre que pode, o levantador de peso compartilha a metodologia com outros e ao mesmo tempo aprende muito.
“A minha modalidade acaba servindo de formação para outras modalidades. Você acaba usando muito o levantamento de peso olímpico como preparação física. Diversos atletas usam, como o Baby (Rafael Silva), do judô, Tiago Camilo usou a vida inteira, Leandro Guilheiro… estive com todo esse pessoal sempre treinando junto, trocando experiência. Eles me ajudam e eu os ajudo,” contou Fernando Reis, que tentará uma inédita medalha olímpica no Japão daqui a um ano.
Um atleta olímpico com quem o levantador de peso brasileiro está sempre em contato é o seu vizinho da região de Miami, Bruno Fratus. Fernando Reis contou que sempre que pode, encontra o nadador que é uma das maiores esperanças de medalha do Brasil em Tóquio.
“O Bruno Fratus mora aqui pertinho. A gente se vê sempre quando dá. Ele usa bastante o levantamento de peso olímpico como preparação física. Ele treina bastante, tem uma técnica bem apurada. É um cara forte. Ele brinca dizendo que se não for pra Olimpíada de Tóquio na natação, ele vai pelo levantamento de peso [risos],” contou Fernando Reis.
Metodologia própria
Focado sempre em melhorar seu rendimento e aprendendo a cada viagem feita, Fernando Reis acabou desenvolvendo uma metodologia própria de treinamento. Com o tempo, viu que poderia ajudar a outros atletas e resolveu investir nessa área. É ela que o paulistano ensina aos outros atletas e ensina e divulga em seminários ao redor do Brasil.
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“Eu passei por várias escolas [do levantamento de peso] do mundo inteiro, a russa, polonesa, cubana… Aí acabei criando uma metodologia mais voltada pra realidade do brasileiro. Existem processos de treinamento caracterizados pela cultura local do país. Infelizmente, não temos no Brasil uma cultura tão forte. Então tentamos adaptar da melhor maneira possível e agora temos diversos professores que acabam repassando o conhecimento no crossfit e nas escolas,” contou.
Os quilos para a medalha
Os dois últimos anos do melhor levantador de peso das Américas foram anos que acabaram com sentimentos terminados em “ão”. Em 2018, viveu a frustração de se lesionar pela primeira vez na carreira. Já a temporada de 2019 marcou sua superação, uma vez que passou por uma delicada cirurgia, se recuperou e mesmo longe de sua melhor forma física, se sagrou tricampeão dos Jogos Pan-Americanos.
Esse ano de 2020 poderia ser o da consagração de sua vitoriosa carreia com a tão sonhada medalha olímpica, mas a pandemia adiou os planos para 2021. Melhor para o atleta de 30 anos, que chegará em Tóquio mais bem preparado fisicamente e com consciência de quantos quilos precisa levantar para subir ao pódio.
“As expectativas para Tóquio são as melhores possíveis, eu venho treinando duro e me sinto melhor a cada dia. Temos tempo hábil para trabalhar. Preciso melhorar um pouquinho pra buscar essa medalha na Olimpíada. [Vai precisar levantar] algo em torno de 200 a 205 kg de arranco e pelo menos 245 kg no arremesso. Então seriam três ou quatro quilos em cada prova a mais do que as marcas que eu atualmente tenho, que são 201 [no arranco] e 242 kg no arremesso,” finalizou o levantador.