O calendário de competições dos Jogos Olímpicos Paris-2024 prevê que no dia 8 de agosto será realizada a prova feminina dos 10 km da maratona aquática. Nesta data (uma quinta-feira), a partir das 7h30 (horário de Brasília), toda a atenção da torcida brasileira estará em Ana Marcela Cunha, que buscará o bicampeonato olímpico, e Viviane Jungblt, as duas representantes do país na competição. Só não dá pra cravar é o local da prova! Parece inacreditável, mas ainda não é possível assegurar que ela acontecerá conforme a programação original, em um trecho do Rio Sena, a partir da histórica Ponte Alexandre III. E o motivo é a incerteza de que a água terá condições sanitárias para receber os atletas olímpicos.
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O ponto de interrogação sobre a utilização do Sena para as provas olímpicas em 2024 – o trecho de natação do triatlo também está programado para lá, nos dias 4 e 5 de agosto – existe desde 2023. O evento-teste que deveria ter ocorrido no ano passado foi adiado, exatamente pela qualidade da água imprópria para a prática de esportes. Na época, os organizadores culparam o excesso de chuvas dos dias anteriores pelo alto grau de contaminação.
Obviamente que esta situação bizarra, especialmente pela falta de opções, tem deixado muita gente inconformada. Uma destas pessoas é a própria Ana Marcela Cunha. Há cerca de duas semanas, a brasileira concedeu uma entrevista para a Agência France Press e cobrou uma solução. “Está uma grande preocupação. Já não houve o evento-teste no ano passado, mas [os organizadores] insistem em querer que os eventos aconteçam lá. Precisamos de um plano B para o caso de não ser possível nadar no Sena”, pede a atual campeã olímpica da maratona aquática.
E a saúde dos atletas?
Segundo Ana Marcela disse à AFP, com suas críticas ela não nega a importância do local histórico para a maratona aquática nesta Olimpíada. “Sabemos o que a ponte Alexandre III e a Torre Eiffel representam, mas acho que a saúde dos atletas precisa vir em primeiro lugar. O Sena não foi feito para nadar”, disse a brasileira.
A despoluição do Rio Sena é uma das principais bandeiras dos Jogos de Paris-2024. Foram gastos mais de US$ 1,5 bilhão (R$ 74,8 bilhões) na modernização das instalações de tratamento de esgoto e águas pluviais na região de Paris para melhorar a qualidade do Sena e de seu principal afluente, o Marne.
Com tantos investimentos, os organizadores estão obstinados a seguir os planos originais. “O comitê organizador sempre disse que não existe plano B quanto ao local destas provas”, disse no último dia 13 Marc Guillaume, chefe do comitê de administração de Paris. “Trabalhamos para que as provas aconteçam no Sena. Se os testes feitos na água mostrarem que temos problemas, vamos adiar as provas por um ou dois dias”, afirmou.
O mais curioso de toda essa confusão é lembrar da indignação seletiva de boa parte da imprensa europeia. Não custa lembrar que há oito anos, às vésperas dos Jogos Rio-2016, o Brasil passava por uma epidemia de zika vírus. Sem falar das dúvidas se a poluída Baia de Guanabara conseguiria receber as provas de vela. A quantidade de reportagens alarmantes sobre os temas das agências e jornais europeus era impressionante. Não tenho visto a mesma cobrança dos colegas europeus sobre o incrível caso do evento olímpico que ainda não tem sua sede confirmada por problemas de água contaminada. Dois pesos?
No final, Lima foi a escolha lógica
Sim, este blog arriscou um palpite para a escolha da nova sede dos Jogos Pan-Americanos de 2027, para o lugar de Barranquilla (COL). Mas o blog palpitou errado. Ao invés de Assunção, no Paraguai, a assembleia extraordinária da Panam Sports concedeu a Lima na última terça-feira (12) o direito de receber a próxima edição do principal evento esportivo das Américas. Há apenas oito anos, a capital do Peru realizou de forma muito competente o Pan de 2019.
Dos 52 votos possíveis, Lima recebeu 28, ou seja, foi uma decisão apertada. Ainda assim, a escolha teve um aspecto lógico. A sólida infraestrutura já construída, como a Vila Esportiva de Videña, que vem recebendo inúmeros eventos desde então, além da promessa de melhorar a já bem estruturada Vila dos Atletas, pesou na hora de definir o vencedor. Já Assunção teria que fazer um esforço gigantesco para atender todas as exigências do caderno de encargos em tão pouco tempo.
A data do Pan de Lima-2027 ainda não está definida. Os peruanos sugeriam o mês de setembro, mas estão abertos a outras datas, de acordo com a necessidade dos calendários internacionais das modalidades. Enquanto isso. Assunção corre com os preparativos para organizar a segunda edição dos Jogos Pan-Americanos Junior, em 2025.
Olímpicas
Ingressos para bebês
A promessa de uma Olimpíada inclusiva não deixa os organizadores dos Jogos Paris-2024 perderem o foco no lucro que o evento irá gerar. E no caso da venda de ingressos, todas as oportunidades são válidas. Inclusive cobrar entradas de pequenos bebês. A medida tem revoltado pais que descobriram que seus filhos só poderão acompanhá-los nas arenas francesas caso paguem pelo ingresso. O comitê organizador diz que os pais precisam ter consciência que o “ambiente de locais esportivos pode não ser adequado para o bem-estar de crianças pequenas”.
Rússia nega boicote
Os atletas russos que estivem autorizados a competir na condição de neutros nos Jogos Paris-2024 não irão boicotar a competição. A promessa foi feita pelo ministro de esportes da Rússia, Oleg Matytsinhas, no último dia 13. A informação foi confirmada pela agência de notícias TASS e se aplicará aos bielorrusos, igualmente punidos pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) pelas ações dos dois países na Guerra da Ucrânia. “Não deveríamos virar as costas e boicotar este evento. Devemos, na medida do possível, preservar a possibilidade de diálogo e participação em competições”, disse o ministro russo.
Lições para o handebol
A derrota no último domingo (17) para a Espanha por 28 a 26, pelo Pré-Olímpico de Granollers (ESP) sacramentou a eliminação da seleção brasileira masculina de handebol dos Jogos de Paris-2024. Mas a eliminação veio antes na verdade, com duas grandes chances desperdiçadas. A primeira delas foi a derrota para a Argentina na final do Pan-Americano de Santiago-2023. A segunda foi na última quinta-feira (14), quando o Brasil perdeu para a Eslovênia na estreia do Pré-Olímpico por 27 a 26, no último lance. O handebol masculino do Brasil perdeu a chance de emendar sua terceira participação olímpica seguida, após disputar os Jogos Rio-2016 e Tóquio-2020.
O Número
300.000
Preservativos estarão disponíveis na Vila Olímpica de Paris-2024. Na Olimpíada de Tóquio, em 2021, os organizadores recomendaram distância social entre os atletas, em razão da pandemia de Covid 19
A FRASE
“Temos experiência! Fizermos isso com excelência em 2019, nos Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos. Temos atletas talentosos, instalações esportivas e um país disposto. Em Lima, ganhamos todos”
Dina Boluarte, presidente do Peru