Maior vilão do esporte há décadas, o doping já afeta até mesmo competições de atletas infanto-juvenis. Para tentar entender um pouco mais os dramas que estes jovens atletas vêm passando, a Wada (Agência Mundial Antidoping) divulgou no último dia 24 um relatório chamado “Operação Refúgio”. O estudo demonstra quais são os dramas enfrentados por meninas, meninos e suas famílias assim que um teste positivo aparece. Por fim, tenta apresentar uma série de conclusões e mostrar quais as áreas onde é preciso uma atenção maior.
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“Os dados, conclusões e histórias que estão no relatório ‘Operação Refúgio’ deverão repercutir ruidosamente para todos nós no universo esportivo. Minha esperança é que as conclusões e os relatos inéditos destes jovens e suas redes de apoio criem dentro da comunidade antidopagem formas para proteger estes atletas”, afirmou Witold Banka, presidente da Wada.
O maior desafio da entidade, contudo, será transformar esta pesquisa em uma ação efetivamente prática. Afinal, o que a Wada fez até hoje para proteger a nova geração do esporte, a não ser aplicar punições, como já faz com os adultos? O único caminho é investir fortemente em programas educacionais antidoping em toda comunidade esportiva.
“A Wada acredita firmemente que a educação é a melhor forma de prevenir o doping no esporte. Isso é especialmente verdadeiro quanto mais jovem o atleta é. Nós iremos liderar e fornecer apoio nesta área”, prometeu Banka.
Crescimento de casos
Alguns dados do “Operação Refúgio” assustam. De 2021 para cá, cresceram os casos positivos em jovens atletas, incluindo pré-adolescentes. Diuréticos, estimulantes e esteroides anabolizantes lideram a lista de substâncias encontradas em mais de 1.500 testes realizados desde 2012. A criança mais nova testada tinha oito anos de idade e o mais jovem sancionado tinha 12, segundo o estudo da Wada. As modalidades com mais casos relatados são os esportes aquáticos e o atletismo, e a maioria dos depoimentos anônimos vieram da Rússia e Índia.
Gancho pesado para Valieva
A punição já era esperada, mas exageram na dose, convenhamos. Nesta segunda-feira (29), a Corte Arbitral do Esporte (CAS) anunciou a suspensão por quatro anos da patinadora russa Kamila Valieva. O Tribunal julgou o recurso de apelação da Wada e da União Internacional de Patinagem (UIT), que não concordaram com a decisão da Agência Russa Antidopagem (Rusada) de absolver Valieva.
A patinadora testou positivo em uma competição em 2021, mas como tinha 15 anos na época, a questão foi mantida em sigilo. Contudo, na Olimpíada de Inverno de Pequim-2022, após uma atuação espetacular, quando ajudou a Rússia a ganhar o ouro na prova por equipes, o caso voltou à tona e foi anunciado o resultado positivo de seu exame por trimetazidina de 2021.
Destruída emocionalmente, Valieva falhou na final individual feminina e ficou em quarto lugar. Em virtude de ser menor de idade, ela deveria ter a garantia da confidencialidade, conforme as próprias regras da Agência Mundial Antidoping.
Não deixa de ser irônico que dias depois de a Wada publicar um relatório para falar dos traumas causados por testes positivos de doping em jovens atletas, a CAS aplique uma duríssima punição (após um recurso da Wada!) em uma atleta adolescente e que alega ter tomado por engano um remédio do avô para o coração. Ao voltarem o canhão para a Rússia e seus eternos problemas com o doping, a Wada e o CAS fizeram a corda arrebentar do lado mais fraco: de uma garota que mal completou 18 anos. O período de quatro anos de suspensão de Valieva começou a contar a partir de 25 de dezembro de 2021.
Olímpicas
Menos público na abertura
Caiu pela metade a projeção de público que estará presente na cerimônia de abertura das Olimpíada de Paris-2024, no próximo dia 26 de julho. De forma inédita, a festa acontecerá fora do estádio olímpico e ocorrerá no Rio Sena, com o desfile das delegações em barcos, por seis quilômetros. O ministro do Interior da França, Gérard Darmanin, anunciou nesta quarta (31) que estarão presentes 300 mil pessoas. A redução aconteceu por questões de segurança. Em maio de 2023, Darmanin dizia que 600 mil pessoas iriam acompanhar a festa.
Mundial milionário
Com início marcado para esta sexta-feira (2), o Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de Doha, no Qatar, a primeira grande competição deste ano olímpico, terá uma premiação bastante generosa. No total, serão pagos US$ 5,6 milhões (R$ 27,9 milhões) em todas as provas das seis modalidades previstas. A natação, por exemplo, com 42 eventos, pagará US$ 65 mil por prova entre os oito primeiros colocados. Está previsto um prêmio extra de US$ 30 mil para quem bater um recorde mundial.
Adeus de uma lenda olímpica
A Olimpíada de Paris marcará a despedida de um gigante do esporte. Aos 41 anos, o lutador cubano Mijaín Lopez, do wrestling, tentará uma marca inédita: tornar-se o maior vencedor da história olímpica. Hoje, seis atletas possuem quatro ouros individuais na mesma prova: Michael Phelps (EUA), na natação; Carl Lewis e Al Oerter (EUA), no atletismo; Paul Elvstrom (DIN), na vela; Icho Kaori (JAP), no judô, além de Lopez. “Estou muito motivado para ir a Paris, ganhar minha quinta medalha de ouro e então me aposentar”, disse o cubano ao site da Panam Sports.
A FRASE
“Independentemente do nível da competição, o esporte deve continuar a ser um espaço seguro para as crianças”
Witold Banka, presidente da Wada