8 5
Siga o OTD

Laguna Olímpico

Wada precisa ir além de relatórios na proteção dos jovens atletas

Relatório “Operação Refúgio” analisa os traumas causados pelos crescentes números de casos de doping em atletas pré-adolescentes. Mas será que eles recebem o apoio necessário?

Wada_relatório_doping_infantil
A Wada divulgou o relatório "Operação Refúgio", que traz dados alarmantes sobre casos de doping com atletas infanto-juvenis

Maior vilão do esporte há décadas, o doping já afeta até mesmo competições de atletas infanto-juvenis. Para tentar entender um pouco mais os dramas que estes jovens atletas vêm passando, a Wada (Agência Mundial Antidoping) divulgou no último dia 24 um relatório chamado “Operação Refúgio”. O estudo demonstra quais são os dramas enfrentados por meninas, meninos e suas famílias assim que um teste positivo aparece. Por fim, tenta apresentar uma série de conclusões e mostrar quais as áreas onde é preciso uma atenção maior.

Acompanhe o blog no TwitterFacebook e no Instagram.

“Os dados, conclusões e histórias que estão no relatório ‘Operação Refúgio’ deverão repercutir ruidosamente para todos nós no universo esportivo. Minha esperança é que as conclusões e os relatos inéditos destes jovens e suas redes de apoio criem dentro da comunidade antidopagem formas para proteger estes atletas”, afirmou Witold Banka, presidente da Wada.

O maior desafio da entidade, contudo, será transformar esta pesquisa em uma ação efetivamente prática. Afinal, o que a Wada fez até hoje para proteger a nova geração do esporte, a não ser aplicar punições, como já faz com os adultos? O único caminho é investir fortemente em programas educacionais antidoping em toda comunidade esportiva.

“A Wada acredita firmemente que a educação é a melhor forma de prevenir o doping no esporte. Isso é especialmente verdadeiro quanto mais jovem o atleta é. Nós iremos liderar e fornecer apoio nesta área”, prometeu Banka.

Witold Banka, presidente da Wada
Witold Banka, presidente da Wada, diz que a educação é a melhor forma de prevenir o doping no esporte

Crescimento de casos

Alguns dados do “Operação Refúgio” assustam. De 2021 para cá, cresceram os casos positivos em jovens atletas, incluindo pré-adolescentes. Diuréticos, estimulantes e esteroides anabolizantes lideram a lista de substâncias encontradas em mais de 1.500 testes realizados desde 2012. A criança mais nova testada tinha oito anos de idade e o mais jovem sancionado tinha 12, segundo o estudo da Wada. As modalidades com mais casos relatados são os esportes aquáticos e o atletismo, e a maioria dos depoimentos anônimos vieram  da Rússia e Índia.


Gancho pesado para Valieva

A punição já era esperada, mas exageram na dose, convenhamos. Nesta segunda-feira (29), a Corte Arbitral do Esporte (CAS) anunciou a suspensão por quatro anos da patinadora russa Kamila Valieva. O Tribunal julgou o recurso de apelação da Wada e da União Internacional de Patinagem (UIT), que não concordaram com a decisão da Agência Russa Antidopagem (Rusada) de absolver Valieva.

A patinadora testou positivo em uma competição em 2021, mas como tinha 15 anos na época, a questão foi mantida em sigilo. Contudo, na Olimpíada de Inverno de Pequim-2022, após uma atuação espetacular, quando ajudou a Rússia a ganhar o ouro na prova por equipes, o caso voltou à tona e foi anunciado o resultado positivo de seu exame por trimetazidina de 2021.

Destruída emocionalmente, Valieva falhou na final individual feminina e ficou em quarto lugar. Em virtude de ser menor de idade, ela deveria ter a garantia da confidencialidade, conforme as próprias regras da Agência Mundial Antidoping.

Não deixa de ser irônico que dias depois de a Wada publicar um relatório para falar dos traumas causados por testes positivos de doping em jovens atletas, a CAS aplique uma duríssima punição (após um recurso da Wada!) em uma atleta adolescente e que alega ter tomado por engano um remédio do avô para o coração. Ao voltarem o canhão para a Rússia e seus eternos problemas com o doping, a Wada e o CAS fizeram a corda arrebentar do lado mais fraco: de uma garota que mal completou 18 anos. O período de quatro anos de suspensão de Valieva começou a contar a partir de 25 de dezembro de 2021.


Olímpicas

Menos público na abertura

Caiu pela metade a projeção de público que estará presente na cerimônia de abertura das Olimpíada de Paris-2024, no próximo dia 26 de julho. De forma inédita, a festa acontecerá fora do estádio olímpico e ocorrerá no Rio Sena, com o desfile das delegações em barcos, por seis quilômetros. O ministro do Interior da França, Gérard Darmanin, anunciou nesta quarta (31) que estarão presentes 300 mil pessoas. A redução aconteceu por questões de segurança. Em maio de 2023, Darmanin dizia que 600 mil pessoas iriam acompanhar a festa.

Mundial milionário

Com início marcado para esta sexta-feira (2), o Campeonato Mundial de Esportes Aquáticos de Doha, no Qatar, a primeira grande competição deste ano olímpico, terá uma premiação bastante generosa. No total, serão pagos US$ 5,6 milhões (R$ 27,9 milhões) em todas as provas das seis modalidades previstas. A natação, por exemplo, com 42 eventos, pagará US$ 65 mil por prova entre os oito primeiros colocados. Está previsto um prêmio extra de US$ 30 mil para quem bater um recorde mundial.

Adeus de uma lenda olímpica

A Olimpíada de Paris marcará a despedida de um gigante do esporte. Aos 41 anos, o lutador cubano Mijaín Lopez, do wrestling, tentará uma marca inédita: tornar-se o maior vencedor da história olímpica. Hoje, seis atletas possuem quatro ouros individuais na mesma prova: Michael Phelps (EUA), na natação; Carl Lewis e Al Oerter (EUA), no atletismo; Paul Elvstrom (DIN), na vela; Icho Kaori (JAP), no judô, além de Lopez. “Estou muito motivado para ir a Paris, ganhar minha quinta medalha de ouro e então me aposentar”, disse o cubano ao site da Panam Sports.


A FRASE

Independentemente do nível da competição, o esporte deve continuar a ser um espaço seguro para as crianças”

Witold Banka, presidente da Wada


Mais em Laguna Olímpico