A Ucrânia terminou a semana firme com a ameaça de liderar um boicote à Olimpíada de Paris-2024, caso atletas da Rússia e Belarus sejam autorizados a participar pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Mesmo com a justificativa de que serão impostas rigorosas regras para a presença deles, que participariam na condição de atletas neutros. Os ucranianos estão irredutíveis. Assim, enquanto as tropas russas não encerrarem os combates e deixarem seu território, após quase um ano de guerra, seguirão buscando outros aliados para esvaziar a festa francesa, daqui a um ano e meio.
Mesmo se levar esta estratégia ao extremo, o que não acredito, lamento informar que os ucranianos terão feito um esforço absolutamente inútil. Em 26 de julho de 2024, uma delegação com atletas neutros da Rússia e Belarus estará participando da inédita cerimônia de abertura que será realizada ao longo do Rio Sena.
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A pressão que o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy vem tentando exercer sobre o COI e o governo da França para vetar qualquer chance de russos e bielorrusso participarem dos Jogos de 2024 tornou-se na prática uma nova arma de guerra.
O clima esquentou na semana passada, após o COI divulgar um comunicado abrindo a possibilidade para que um grupo de atletas da Rússia e de Belarus, nações banidas das principais competições internacionais, possam ir à Paris. O tom subiu a ponto de um conselheiro de Zelenskyy acusar, pelo Twitter, o COI de promover a guerra e assistir com prazer a Rússia destruir a Ucrânia. Finalizou dizendo que o dinheiro russo compra a hipocrisia olímpica.
Simples bravata
Até agora, apenas Letônia, Lituânia e Polônia fizeram declarações públicas sinalizando um apoio a esta ideia esdrúxula.
Sim, esdrúxula porque se tem suporte de grandes potências para se defender dos russos, o mesmo não ocorre quando o assunto é Olimpíada. Contratos milionários com patrocinadores e direitos de transmissão vendidos a preços exorbitantes são alguns dos motivos que podem explicar a falta de clima para um boicote. Algo como já vimos nos Jogos de Moscou-1980, liderados pelos Estados Unidos, ou em Los Angeles-1984, quando a então União Soviética esvaziou a festa americana.
A ameaça de boicote ucraniano, por enquanto, não passa de bravata. E dificilmente passará disso.
Punição exemplar
Parece que finalmente estamos vivendo ares mais respiráveis neste país, em todas as esferas. Afinal, a exemplar suspensão imposta ao campeão olímpico de vôlei masculino Wallace – por enquanto provisória – do Sada Cruzeiro, demonstra que as coisas estão mesmo mudando.
O conselho de ética do COB (Comitê Olímpico do Brasil) entendeu que Wallace infringiu o artigo 34 do Código de Ética da entidade, em razão de uma postagem no Instagram na semana passada. O post incitava violência contra o presidente Luiz Ignácio Lula da Silva. A suspensão de Wallace valerá até a decisão final do conselho de ética.
E pensar que não faz muito tempo, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) levou a julgamento Carol Solberg, do vôlei de praia. Tudo por causa de um simples “Fora, Bolsonaro”, ficando ameaçada até de suspensão. Sim, vivemos novos tempos.
OLÍMPICAS
Instalação militar no Pan
O comitê organizador dos Jogos Pan-Americanos de Santiago-2023 assinou um acordo com o exército do Chile para usar suas instalações durante os Jogos. A Escola Militar de Las Condes receberá as provas do pentatlo moderno. No Polígono de Pudahuel, acontecerão as disputas do tiro esportivo e tiro paralímpico. Já os esportes equestres serão realizados na Escola de Equitação do Regimento de Granadeiros de Quillota.
Propina em Tóquio-2020
Mais de um ano e meio após o encerramento da Olimpíada de Tóquio-2020, ainda surgem histórias de corrupção na organização dos Jogos. A agência Kyodo News publicou uma reportagem mostrando que nove empresas foram favorecidas em 26 licitações fraudulentas nos eventos-testes e competições dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Os valores dos contratos supostamente envolvidos em corrupção chegam a US$ 307 milhões.
Alison e Rebeca no topo
Realizada na última quinta-feira (2), a edição do Prêmio Brasil Olímpico premiou os melhores de cada modalidade no esporte brasileiro em 2022. Destaque para a eleição de Alison dos Santos, do atletismo, melhor atleta do masculino, e Rebeca Andrade, da ginástica artística, a melhor do ano no feminino. Ambos encantaram a torcida em 2022, sendo campeões mundiais nos 400 m (Alison) e no individual geral (Rebeca), em títulos inéditos para o esporte brasileiro. Escolhas merecidas!
A FRASE
“Como é bom poder estar aqui representando o esporte feminino, a mulher, a mulher preta. Espero que esse meu lugar hoje seja inspiração para muitas mulheres ainda”
Daiane dos Santos, primeira brasileira campeã mundial de ginástica artística, em 2001, ao receber o troféu Adhemar Ferreira da Silva durante o último Prêmio Brasil Olímpico, em reconhecimento pela sua carreira